25 de Novembro 1975

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Luso

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25 de Novembro 1975
« em: Novembro 22, 2006, 11:05:23 pm »
http://www.oinsurgente.org/

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Excerto do post “Faleceu Vadim Zagladin” de José Milhazes.

Com um ar bonacheirão, um sorriso permanente nos lábios, Vadim Zaglandin recebeu-me no edifício da Fundação Gorbatchov, em Moscovo,e até aceitou partilhar comigo alguns pormenores da sua viagem ao nosso país em Setembro de 1975.
Conteu-me ele que foi a Portugal travar os comunistas, entre os quais havia “cabeças mais quentes” que estavam dispostos a repetir, no nosso país, uma das mais importantes teses do marxismo-leninismo: “a transformação da revolução democrático-burguesa (neste caso, o 25 de Abril de 1974) em revolução socialista”

Vadim Zagladin recordou que, numa das numerosas reuniões que teve em Lisboa, encontrou um capitão de Abril, cujo nome não quis revelar, que lhe fez a seguinte proposta: “A Armada Soviética do Mar Mediterâneo bloqueia a foz do Tejo, para que os navios da NATO não possam chegar a Lisboa, e nós tomamos o poder no país”.

O dirigente soviético olhou para o oficial e perguntou-lhe: “Mas acha que a União Soviética vai dar início à terceira guerra mundial com os Estados Unidos por causa de Portugal? O vosso país é membro da NATO”.


Dava um dedinho para saber quem era esse "capitão de abril".
Juro pela saúde do JLRC! :mrgreen:
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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JLRC

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« Responder #1 em: Novembro 23, 2006, 12:02:03 am »
Nem te respondo...
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #2 em: Novembro 23, 2006, 10:21:32 am »
Pois, isso era no tempo em que os Portugueses tinham a mania de serem de extrema-esquerda...era moda! Eu por vezes falo com o meu pai acerca desses tempos e eu consigo ver que nesse tempo as pessoas estavam muito exaltadas, queriam mudar um Portugal que esteve décadas sobre um regime conservador ruralista, para algo que (segundo eles) era uma sociedade melhor, um tal de socialismo. O problema é que ninguém sabia muito bem o que era e por isso abria caminho a todo o tipo de extremistas que numa situação normal seriam rotulados de imbecis. Acho que essa pequena história colocada pelo Luso, é um bom exemplo da imbecilidade de algumas pessoas, que no seu caminho para o "socialismo", não se importavam de transformarem Portugal num campo de conflito entre os dois blocos.  :?
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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ricardonunes

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« Responder #3 em: Dezembro 05, 2006, 11:04:32 am »
Ainda o 25 de Novembro e o PCP

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Recordo, como se fosse hoje - para além do anotado no meu caderno de apontamentos -, o rosto do marechal Costa Gomes, quando, 20 anos depois do 25 de Abril, o entrevistei para uma série de crónicas históricas publicadas no DN. E recordo esse pormenor porquê? Porque, habitualmente, Costa Gomes controlava o seu discurso e as suas reacções, fossem quais fossem as perguntas. Naquele dia (na terceira de uma série de conversas que com ele tive), o ex-presidente da República reagiu com estranha irritação quando - após me ter dito que o 25 de Novembro fora "obra da extrema-esquerda, o PCP não teve nada a ver com isso" - eu lhe perguntei porque ele se não dirigira aos líderes desses partidos, para controlar as gentes que se haviam juntado frente às unidades militares importantes de Lisboa a pedir armas e a solicitar aos militares que se juntassem aos "revolucionários" (isto é, aos militares sublevados contra o poder legal).

É que, na sequência do pedido que eu lhe fizera, para que me revelasse os passos dados, desde que tivera conhecimento da sublevação dos pára-quedistas da Base de Tancos, da ocupação do comando operacional da Força Aérea, em Monsanto, Lisboa, da tomada de posição do Ralis, junto ao aeroporto de Lisboa e à via Norte e da RTP pela EPAM (unidade do Exército junto ao Lumiar), ele me respondera ter tomado a iniciativa de ligar para o secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, e para os dirigentes da Intersindical, a central sindical dos comunistas. Costa Gomes sentiu-se em contradição e respondeu- -me com mal disfarçada irritação, ilibando de novo o PCP.

Se outras dúvidas eu não tivesse - e não as tinha já, face aos depoimentos conhecidos de personalidades diversas - esta "confissão" de um homem tão inteligente e hábil como Costa Gomes era, para mim, um reconhecimento claro da realidade. Parece óbvio que, se o PCP nada tivesse a ver com os acontecimentos, a sindical central que ele dominava e as estruturas locais do partido não se teriam arriscado, mesmo tomando em conta o ambiente efervescente da época, não teriam avançado para as unidades militares - para incentivar ou para impedir a saída de militares, conforme a tendência conhecida de cada uma delas.

Ninguém, entre a classe política da época e os historiadores da conjuntura, conseguiu identificar (para além de Otelo, que nada fez ao lado dos revoltosos, e das gentes da Polícia Militar, esquerdistas aliados do PCP) que organizações esquerdistas estariam por detrás das movimentações militares e civis. Mas alguns "investigadores" insistem na tese do mistério, o que constitui um verdadeiro mistério dentro do mistério.

Vamos por partes. O presidente da República contacta Cunhal e a Intersindical; as cúpulas das unidades que se sublevam eram dominadas pelo PCP (os pára-quedistas de Tancos através do comandante fantoche que lá ficara, depois que 123 oficiais moderados a haviam abandonado, e do verdadeiro grupo-líder, os sargentos e a EPAM, que ocupa a RTP); o SDCI ( embrião dos novos serviços secretos militares), onde estavam sedeados dirigentes da Esquerda Militar, coordena movimentações. E nada desta gente tem a ver com o PCP?

Mais. Cunhal e o PCP classificarão sempre os moderados como "contra-revolucionários", nunca condenarão a sublevação, protege os militares detidos no rescaldo do golpe (enviando ao Palácio de Belém, para apelar a Costa Gomes, uma comissão dirigida por um comunista conhecido, professor Ruy Luís Gomes, ex-tutor político de Costa Gomes, quando jovem estudante de Matemáticas no Porto). Os militares fugidos à prisão (Duran Clemente, Costa Martins, Varela Gomes) serão protegidos pelas estruturas do PCP, enviados em fuga para uma residência de um conhecido militante comunista de Coimbra, professor de Direito Constitucional, na Beira Interior, passados a salto para Espanha, refugiados na embaixada cubana em Madrid, circulados depois por Moscovo e por Havana e, depois do regresso a Portugal, protegidos pelas câmaras comunistas da Grande Lisboa, e nada disto tem a ver com o PCP?

Se não tem, porque não abandonou à sua sorte o PCP essa extrema-esquerda aventureirista? Na verdade, apesar da confusão do momento e da época, uma parte dessa "extrema-esquerda" estava ligada ao PCP e muitos dos seus elementos eram apenas agentes infiltrados nela.

Muita gente que, hoje, ainda fala de mistério, sabe que esse mistério não existe. Apenas o alimenta por razões políticas de diversa ordem. É certo que o PCP não quis, também, uma guerra civil. É certo que lhe falhou o apoio, por muitos esperado, de Otelo, como chefe militar. É certo que Costa Gomes alinhou pelo lado da geopolítica da URSS - libertando África e largando a Península Ibérica. Mas o certo é também que foi com o PCP que Costa Gomes e o Grupo dos Nove negociaram nos dias 25 e 26 de Novembro de 1975. Na tese do "mistério" isso parece um movimento louco: negociar com quem não teria nada a ver com o assunto.

José Manuel Barroso
Jornalista


http://dn.sapo.pt/2006/12/05/opiniao/ai ... o_pcp.html
Potius mori quam foedari
 

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Rui Elias

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« Responder #4 em: Dezembro 28, 2006, 04:10:27 pm »
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Dava um dedinho para saber quem era esse "capitão de abril".


Durão Clemente
 

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PereiraMarques

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« Responder #5 em: Dezembro 28, 2006, 10:29:19 pm »
Citação de: "Rui Elias"
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Dava um dedinho para saber quem era esse "capitão de abril".

Durão Clemente


Não é Durão, é Duran Clemente...era aquele tipo com ar de Cristo e/ou Che Guevara dos paraquedistas :lol:
 

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JLRC

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« Responder #6 em: Dezembro 28, 2006, 11:10:19 pm »
Citação de: "PereiraMarques"
 
Não é Durão, é Duran Clemente...era aquele tipo com ar de Cristo e/ou Che Guevara dos paraquedistas :oops:

Duran Clemente era de administração militar ou algo parecido.
 

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PereiraMarques

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« Responder #7 em: Dezembro 28, 2006, 11:18:13 pm »
Tem razão, sim senhor era da Administração Militar, peço desculpa pelo equívoco...

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O episódio simbólico da mudança na correlação de forças, nesse período que durou de 24 a 28 de Novembro, é quase anedótico. No dia 25, o (então) capitão Duran Clemente - segundo-comandante da Escola Prática de Administração Militar, que tinha ocupado a RTP - falava em directo na televisão, explicando as teses da facção mais esquerdista. De súbito, começa a dizer que lhe estão a fazer sinais, pois parece que há problemas técnicos, anunciando que voltará ao ar quando tudo estiver resolvido. Entretanto, a imagem do oficial fardado é substituída pela de Danny Kaye, no filme O Bobo da Corte.

Fonte: http://dn.sapo.pt/2006/11/25/nacional/o ... olvid.html
 

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ricardonunes

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« Responder #8 em: Janeiro 01, 2007, 09:20:59 pm »
Potius mori quam foedari
 

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Luso

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« Responder #9 em: Julho 06, 2007, 06:59:09 pm »
A entrevista da Zita Seabra, vista pelo Cachimbo de Magritte
http://cachimbodemagritte.blogspot.com/ ... vezes.html

A mulher que viveu duas vezes
 
Outros observadores atentos também se aperceberam: ontem à noite, a RTP-1 transmitiu uma extraordinária entrevista com Zita Seabra. Para além do conteúdo factual, há a assombrosa atitude, o modo frio e objectivo como descreve o passado: o afastamento da família, a vida na clandestinidade, a formação ideológica, a tentativa abortada de revolução socialista em 1975. Deixo algumas transcrições (destaques meus):

Sobre a adesão ao partido comunista aos 16 anos:
“Entrei com a ideia romântica de fazer justiça no país e no mundo. Não se entra para o partido a pensar nos crimes de Estaline (...). Entrávamos em nome dos trabalhadores e do proletariado, que não conhecíamos —nunca tínhamos visto um operário ao pé.”
Sobre a disciplina “militar” do comunismo:
“Vivi (...) como uma verdadeira bolchevique. (...) Por isso é que quando depois vim a sair o choque foi brutal, foi o questionar de toda a minha vida e do sacrifício que tinha feito. (...) Eu era uma revolucionária profissional.”
Sobre Carlos Brito:
“Tinha tudo o que eu imaginava que era o homem novo do comunismo: dedicado, entregue à luta, não olhando a meios para atingir os fins.”
Sobre Cunhal e o PREC como preparação da revolução bolchevique:
“Ele considera-se o Lenine português. (...) Em 1968 o partido comunista toma uma decisão importantíssima: os militantes comunistas vão infiltrar as Forças Armadas. (...) Ele teorizou rigorosamente o que se ia passar [o golpe militar de 25-04-1974] e no dia em que acontece, não acredita. (...) A partir daí todo o PCP está virado para a revolução socialista, para chegarmos ao ‘nosso Outubro’.”
Sobre o período entre 11 de Março e 25 de Novembro de 1975:
“[No “Verão quente” de 75] Pusemos o país a ferro e fogo. A 11 de Março tudo acelera e fizemos tudo para evitar as eleições: foi na altura que o COPCON prendeu “meio mundo”, mas as eleições realizaram-se. (...) O 25 de Novembro foi o momento dramático na vida do partido: estávamos a preparar a revolução, ele [Cunhal] tinha os estudantes em casa espalhadas por Lisboa para naquela noite do 25 de Novembro receberem armas e passarmos à revolução socialista. Era o ‘nosso Outubro’ (...) Cunhal manda-me à URSS, (...) depois de eu ter questionado por que é que a URSS não veio naquela noite em nosso auxílio, por que é que tivemos de recuar. Claro que já tínhamos tido uma grande vitória: Angola, Guiné e Moçambique já estavam independentes e estavam sob os movimentos de libertação marxistas-leninistas que nós queríamos. Mas faltávamos nós! Naquela noite arriscámos tudo. Cunhal dizia, citando Lenine: nós vamos conseguir a revolução socialista quando tivermos metade dos militares mais um. E não tivemos porque os pára-quedistas mudaram de campo a meio da noite. Sem homens suficientes nas Forças Armadas para tomar o poder, fomos para casa.”
Nos blogues há uma espécie de tendência neo-pragmática para a relativização da verdade: desde o psicopata até ao investigador especializado, todos sabem “coisas diferentes” e vão construindo "verdades" alternativas por referência às comunidades imaginadas. Para evitar contribuir para essa tendência, não vou fazer a exegese destas declarações, muito menos do comunismo. Por cá, Pacheco Pereira tem um longo percurso de investigação do comunismo em Portugal. Sobre o marxismo, creio que isto continua a ser insuperável.


Não assisti à totalidade da entrevista.
Assim que a ouvi lembrar-se do 25 de Novembro, a perguntar-se "porque é que o exécito soviético não os vinha ajudar", mudei de canal.
Pensei apenas que gostaria de ter tido a oportunidade de lhe pôr um pedaço de metal na cabeça.
A ela e à seita toda.
Para de seguida ir dormir descansado.

A maior traição da História moderna contada sem pudor.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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papatango

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« Responder #10 em: Julho 06, 2007, 10:45:10 pm »
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Não assisti à totalidade da entrevista.
Assim que a ouvi lembrar-se do 25 de Novembro, a perguntar-se "porque é que o exécito soviético não os vinha ajudar", mudei de canal.
Pensei apenas que gostaria de ter tido a oportunidade de lhe pôr um pedaço de metal na cabeça.

Luso ->
O resultado era criar uma heroína soviética, morta às mãos dos opressores fascistas.
E a heroína soviética não podia nunca explicar que o sistema soviético estava podre.

Se a Catarina Eufémia não tivesse sido assassinada pela GNR seria uma mais uma camponesa anónima que provavelmente teria migrado para o Barreiro.

= = = =

Eu vi a entrevista da Zita Seabra, e devo confessar que achei impressionante e amanhã se me lembrar lá vou ajuda-la a tornar-se uma capitalista raivosa... :mrgreen: comprando o livro.

Na verdade, ela fez na entrevista um relato desapaixonado daquilo que em grande medida era o PCP e falou sobre um ambiente que existia dentro do Partido Comunista, que muita gente de esquerda e que foi eleitor do PCP nem tinha ideia de existir.

Para mim, a grande mentira do PCP, não é apenas a grande mentira da revolucionarite  do Verão quente. A grande mentira do PCP e das classes dirigentes do PCP é a mentira do partido às suas bases.
A mentira pegada que eles "venderam" em nome da democracia e da revolução.

A Zita Seabra veio apenas dizer mais uma vez o que já se sabia.
A menção que ela fez relativamente à União Soviética é sintomática.

A URSS ajudou o Partido Comunista em 1975, porque sabia que só com a completa dissolução do poder em Lisboa, só destruindo o que existia de organização do estado em Lisboa seria possível entregar Angola aos movimentos pagos por Moscovo.

E Zita Seabra, como muitos outros jovens comunistas, acreditaram nas boas intenções da URSS e acreditavam que os russos viriam em seu auxílio.

Por isso Zita Seabra diz que ficou desiludida e não entendeu porque é que a URSS e o Exército Vermelho não veio em ajuda e apoio do PCP em Portugal.

Estas palavras vêm de alguém que esteve no gabinete ao lado ou em frente ao de Cunhal e falou com alguns dos principais teóricos do comunismo soviético.
E haverá comunistas mais recalcitrantes que vão odiar Zita Seabra para sempre por causa de ela ter ousado dizer como era por dentro "o Partido".

Ela disse como era por dentro, e teve a coragem de falar.
Outros também entenderam que o PCP não tinha futuro e que a linha estalinista estava condenada, e se um dia decidirem falar, mais se saberá.

Espero que Carlos Brito, por muito fiel à linha comunista que seja, ainda tenha a coragem que teve a Zita Seabra.

= = =

Terminos só para dizer que o que a Zita Seabre disse na entrevista, vem exactamente de encontro ao que tenho vindo a afirmar neste fórum sobre o Verão Quente de 1975.

A verdade é a que é e foi a que foi.
Não adianta remar contra a História, porque mais tarde ou mais cedo tudo acabará por se saber, quando todas as pontas forem juntas e quando conseguirmos finalmente entender porque é que a seguir a 25 de Abril de 1974 tivemos a tomada de poder pelo PCP.

Como refiriu zita Seabra, Cunhal nem sequer acreditava que a revolução de 25 de Abril de 1974 fosse a revolução "dele". Ficou em Paris (que era muito mais confortável) enquanto que o PCP no terreno estava na clandestinidade.

Mas trabalhou activamente para, conforme os manuais comunistas, tomar o poder. Tentou impedir eleições e depois tentou esvaziar o poder do parlamento, seguindo à risca de forma quase milimétrica o que aconteceu na Rússia em 1917 e que conduziu à revolução de Outubro.

O Outubro atrasou-se e a revolução de Cunhal só ficou pronta no final de Novembro.
Portugal não era a URSS.
E quando os portugueses, mesmo grande parte dos militantes e apoiantes do PCP entendessem o que Cunhal queria, seria demasiado tarde para todos.

Fico espantado, com o numero de pessoas que foram ao funeral de Cunhal.
Muitos deles, ainda hoje se negam a entender quem de facto foi Álvaro Cunhal e em que medida a sua actuação foi prejudicial para todos nós.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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ricardonunes

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« Responder #11 em: Julho 11, 2007, 11:37:29 pm »
Não foi assim


Julho 10, 2007 | por Nuno Ramos de Almeida


Estou a ler o livro de Zita Seabra. Apesar de ainda me faltarem algumas páginas, queria deixar umas notas soltas. Por método, vou do menos importante para o mais importante e no fim gostaria de deixar um comentário sobre um assunto mais pessoal.
1.A Zita Seabra fez um livro descuidado e mal editado. Nas páginas do “Foi Assim” descobrimos, por exemplo, que Amílcar Cabral era guineense (pág. 163), que Honecker morreu secretário-geral do partido do governo da Alemanha de Leste (pág. 175) e que Che Guevara saiu de Cuba para fazer a revolução na Colômbia (pág. 204).
2. Ao longo de páginas, a autora faz um ajuste de contas que tem uma tortuosa relação com a verdade. Página sim, página não, Zita Seabra vai difamando dirigentes do PCP que se opuseram a ela, recorrendo, nesse processo, de um velho arsenal estalinista do assassinato de carácter. Vejamos um exemplo: na página 128/129 insinua que Carlos Costa é cobarde porque não participou numa fuga com Carlos Brito, esquecendo-se de relembrar que o “cobarde” Carlos Costa foi o mesmo que esteve na fuga de Peniche e desceu com outros presos uma frágil corda feita de lençóis. Ao longo de todo o livro, os únicos dirigentes comunistas honestos ou viveram com Zita Seabra, ou morreram, ou saíram do PCP.
3. Várias vezes a autora recorre à mentira fácil para conseguir um efeito, um instrumental típico do estalinismo, conhecido por verdade instrumental. Faz este tipo de truques nas coisas mais pequenas e ridículas, às vezes sem ter em conta a própria coerência da obra. Na página 168, Zita Seabra garante que os militantes do PCP nunca gostaram de Zeca Afonso porque ele nunca foi do partido ou “compagnon de route”. Eis uma declaração que só a deve incluir a ela, pois não conheci nenhum militante do PCP que expressasse uma posição tão estúpida. A própria Zita Seabra, 30 páginas depois, está a descrever o agrado com que os militantes do PCP escutavam Zeca Afonso. Mais grave é a pseudo-descrição da chegada de Cunhal a Lisboa que fez na entrevista à RTP 1. Aí é garantido que Cunhal encenou a subida ao cimo do tanque para representar uma repetição da chegada de Lenine a Petrogrado. Todos os testemunhos históricos negam essa vontade de orquestrar. Cunhal subiu de facto a um Chaimite a convite de Jaime Neves, por não haver outro sítio onde pudesse falar à multidão.
4. O livro está cheio do ego de Zita Seabra. Nessas páginas descobrimos a mágoa que sentiu por não ter sido convidada para a formação da UEC. Ficamos a saber, outra inverdade histórica, que ela dirigiu a UEC até ao fim (saiu, bastante contestada pelo seu autoritarismo, quando na UEC Jorge Araújo substituiu Carlos Brito no controlo da organização). Para já não falar de afirmações, a tocar ao espantoso, quando nos quer convencer que Cunhal deixou de lhe falar porque ela foi mais aplaudida do que ele num comício em Aveiro. Como se Cunhal necessitasse, para ser reconhecido o seu valor e influência, de ter mais palmas do que ela…. Zita Seabra tem-se numa alta conta que atinge as raias do doentio. E tende, provavelmente, a ver os outros como ela é.
5. A esse respeito, é fantástico a assumpção por parte dela de que todos foram “comunistas” como ela. Que todo o aderente do partido ambicionava tomar o poder pela força, liquidar os contra-revolucionários e pelo caminho torturar gente nas caves de uma sede qualquer. É preciso esclarecer que nem todos tinham uma leitura tão simplista e criminosa do marxismo-leninismo e que a grande maioria dos comunistas estava convencido que se batia por uma maior liberdade e justiça social e não para instaurar uma ditadura de um qualquer secretário-geral.
6. Agora uma questão pessoal. Zita Seabra passa metade do livro a gabar a sua imensa coragem e a dizer da falta de valor daqueles que estavam no exílio, chegando quase a insinuar esse comodismo no próprio Cunhal. Como se Cunhal não tivesse sido preso, torturado, estado em isolamento, fugido de Peniche, e o PCP, dadas as sucessivas prisões de dirigentes e os problemas que isso acarretava, não tivesse, correctamente, decidido manter parte da direcção no estrangeiro.
A certa altura, Zita Seabra, para afirmar a sua superioridade moral sobre os “ortodoxos”, refere o caso de Pedro Ramos de Almeida, afirmando o seguinte: “o regime negociou e permitiu o regresso do exílio de um importante funcionário do PCP, na altura em Argel, responsável pela organização naquele país. Regressou com uma ampla publicidade e sem que nada lhe acontecesse, nem que a PIDE o molestasse. Tratou-se de Pedro Ramos de Almeida, antigo estudante de Direito. Dizia-se, admito que seja verdade, que tal regresso tinha sido negociado directamente pelo Dr. Abranches Ferrão, conhecido e prestigiado advogado de Lisboa e creio que seu padrinho, e pelo próprio Marcelo Caetano. (…) Pedro Ramos de Almeida foi prontamente expulso do PCP, vindo a ser reintegrado no PCP só bastante depois do 25 de Abril, por decisão ratificada do Comité Central, quando foram também readmitidos outros casos ainda mais complexos de militantes que não tinham tido um porte exemplar na cadeia. Ramos de Almeida, curiosamente, quando voltou a ser militante veio imbuído da mais dura ortodoxia”.
Essa história, que eu conheço bem - afinal Pedro Ramos de Almeida é meu pai -, é exemplar do ponto de vista das pequenas manipulações e inverdades.
Comecemos pelo início, quando Pedro Ramos de Almeida não estava em Argel, mas na clandestinidade em Portugal. Aliás, ao contrário do que felizmente sucedeu com Zita, o meu pai foi preso várias vezes e torturado, a primeira aos 17 anos, sem nunca falar à polícia, e preso mais de quatro anos, grande parte dos quais em Peniche. O meu pai era não apenas um importante funcionário, mas um dos principais organizadores dos sectores estudantil e intelectual do PCP e membro do Comité Central. O que aconteceu foi que, depois de vários anos na clandestinidade, ele sentiu-se cansado e com vontade de viver “normalmente”. Pediu, com honestidade, ao PCP para sair da clandestinidade, alegando um conjunto de questões pessoais, nomeadamente o facto do seus filhos estarem na legalidade (por exemplo, a minha mãe e eu tínhamos saído da clandestinidade um ano antes). O PCP foi contra e o meu pai optou por sair, desobedecendo ao partido, sendo por isso expulso. O regresso à legalidade do meu pai, foi tratado pelo seu padrasto Fernando de Abranches Ferrão (o meu avô morreu quando o meu pai era adolescente), e não padrinho como erradamente escreve Zita. Fernando de Abranches Ferrão - que não era um simples “grande advogado”, como o descreve a autora, escamoteando outros factos que não jogavam com a tese de manobra do regime, mas um reconhecido oposicionista, que defendia presos políticos, tinha estado ele mesmo preso e foi fundador do Partido Socialista - conhecia pessoalmente Marcelo Caetano. O meu pai regressou a Portugal com a obrigação de se apresentar regularmente na PIDE, estatuto que interrompeu quando, depois da sua última prisão, fugiu para o exterior. De regresso a Portugal o meu Pai passou a militar, antes e depois do 25 de Abril, na CDE, organização da qual foi membro da direcção durante anos. Ao contrário do que Zita Seabra insinuou, ele não renegou as suas ideias, voltando depois como “ortodoxo”. Para renegar ideias basta-nos a autora.

http://5dias.net/2007/07/10/nao-foi-assim/
Potius mori quam foedari
 

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« Responder #12 em: Julho 12, 2007, 11:24:24 am »
Citação de: "papatango"
Fico espantado, com o numero de pessoas que foram ao funeral de Cunhal.
Muitos deles, ainda hoje se negam a entender quem de facto foi Álvaro Cunhal e em que medida a sua actuação foi prejudicial para todos nós.

Ai Papatango, papatango, então veja lá se apaga (ou pelo menos modifica), é um grande tratado de incoerência, Sr. "P.M:"
 :wink:

 
 
Citar
Álvaro Cunhal, a morte de um mito
Perante a morte do líder histórico do Partido Comunista, temos naturalmente que nos curvar. Curvar perante a memória de uma pessoa, e ainda mais, perante a memória de uma pessoa que, mal ou bem teve a sua influencia na história de Portugal. Dentro de um século, provavelmente será uma das pessoas que será referida nos livros de história.
No entanto, a morte de uma pessoa, não nos deve toldar a memória, o raciocínio, e a coerência de todos os cidadãos que acreditam na democracia.
A verdade é a que é, e por muitas voltas que dermos à verdade, Álvaro Cunhal, foi um homem que, vivendo em nome de ideais, viveu em nome de ideais errados. O mundo de Álvaro Cunhal, está morto e enterrado. O mundo de hoje, com múltiplos canais de televisão, rádio, liberdade de expressão, e a possibilidade de livre expressão que é dada por exemplo pela Internet, são todas elas coisas que, na sociedade vista, pensada, defendida e justificada por Álvaro Cunhal, nunca teriam lugar.
Fico com a ideia de que Álvaro Cunhal era no entanto, um português, com um profundo sentido patriótico. Pode parecer estranho que um Comunista, que por natureza deve ser Internacionalista, tenha passado para a opinião pública, quer pelos seus discursos quer pela sua obra, a ideia de que Portugal, como nação tem características próprias que devem ser defendidas e que justificam a existência de Portugal como nação independente.
Mas a importância de Cunhal na política portuguesa está indelevelmente ligada a uma pergunta que se pode legitimamente fazer:
Portugal poderia ser um país comunista?
Muito ainda está por saber, sobre os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975. Provavelmente, muito nunca se saberá.
Álvaro Cunhal estará para sempre ligado a esse período da História de Portugal, como mentor ou inspirador de um modelo que seria único na Europa. O comunismo nacionalista, baseado no sentimento patriótico.
 


Helsinquia, 1975
 
Em 1975, no entanto, ocorreu algo que não estava nos planos de Álvaro Cunhal.
Em Helsínquia, na Finlândia, em 1 de Agosto de 1975, terminava a conferência para a segurança e cooperação na Europa. É em Helsínquia que o projecto de poder de Álvaro Cunhal se esfuma, com o acordo tácito entre a URSS e os Estados Unidos, sobre Portugal e as suas possessões ultramarinas.
A independência de Moçambique, havia sido proclamada havia pouco mais de um mês, mas a de Angola ainda não tinha ocorrido (ocorreria em 11 de Novembro de 1975). Brejniev e Kissinger acordam que, Angola será para a URSS, ou o bloco soviético, mas que Portugal, continuará como país da NATO.
    
Em Helsinquia Kissinger e Brejnev decidiram o futuro de Portugal e das antigas colónias
Brejnev e Kissinger, fizeram com Cunhal, o mesmo que Krutchev e Kennedy tinham feito com Fidel Castro. Fizeram um acordo nas suas costas. Cunhal foi abandonado ao seu destino.
Entre 21 e 30 de Julho desse mesmo ano, e enquanto soviéticos e americanos decidiam o futuro de Portugal, de Angola e das restantes ex provincias ultramarinas, Otelo Saraiva de Carvalho está em Cuba.
Fidel Castro dá-lhe apoio, mas ao mesmo tempo pede a Portugal compreensão para a necessidade de defender Angola do imperialismo e do racismo Sul-Africano e também da FNLA de Holden Roberto, que tinha o apoio da CIA e de alguns portugueses. Até então nada está decidido e Castro, Otelo ou Cunhal, são apenas simples peões no jogo.
Otelo ainda viverá no sonho revolucionário, mas Cunhal, cedo perde as ilusões logo que a URSS informou o Partido Comunista de que não poderia esperar ajuda soviética, para o que quer que fosse.
    
Em 1975, mesmo depois de Helsinquia, depois de falar com Fidel Castro, Otelo está convencido de que terá chances, mas Otelo não tem os contactos de Cunhal. Acreditará até muito mais tarde que a revolução é possível, mas falhará, no seu intento de transformar Portugal numa Cuba europeia.
Quando chega o mês de Novembro, Portugal parece estar à beira de uma guerra civil. O Partido Comunista tinha verificado nas urnas, nas eleições de Abril de 1975 que contava com pouco mais de 12% do eleitorado, e que apenas no baixo Alentejo e na região metropolitana de Lisboa contava com alguma implantação. Mas Cunhal sabe que isso não chega.
Além disso, há a garantia de apoio por parte dos países do ocidente, ao campo que se lhe opõe. A Grã Bretanha, avançou desde logo com o apoio às forças anti.comunistas, se houvesse guerra civil, preparando o auxilio em munições e combustível. A Força Aérea transporta todos os seus aviões de combate operacionais para o norte do país, para evitar que caiam nas mãos dos apoiantes de um eventual golpe revolucionário.
O Partido Comunista no entanto não tem ilusões. A decisão da União Soviética já foi tomada e assinada em Agosto. Cunhal e o PC estão sozinhos. Sabem que se começarem um levantamento serão esmagados, e que mesmo que consigam tomar Lisboa e o sul do país, cedo ou tarde a evidência dos números acabará por se impor.
Finalmente, quando chegam os dias de 24, 25 e 26 de Novembro, Álvaro Cunhal manda dizer a algumas das forças que estariam do seu lado, os fuzileiros e forças da marinha de guerra, no Alfeite, para “Aguardar, porque não é a hora”.
E assim se fez. Aguardou-se, e o 25 de Novembro de 1975 acabou conforme tinha sido determinado em Helsínquia por soviéticos e norte-americanos.
A Democracia, a Constituição e a normalização da vida política.
Tendo sido derrotado em 25 de Novembro de 1975 no entanto, Álvaro Cunhal, continuou fiel às suas ideias, aos seus conceitos de sociedade e também aos preconceitos normais e naturais dos dirigentes da linha dura dita “Estalinista” à qual pertencia Brejnev.
Em 1979, o Partido Comunista, apresentou-se às urnas com a designação APU (Aliança Povo Unido).
1979: O apogeu eleitoral do PCP e de Álvaro Cunhal
Aliança Democrática    

Partido Socialista    

Aliança Povo Unido    

Cunhal conhece, ou julga conhecer a maneira de ser dos portugueses, o seu individualismo, e a oposição a soluções comunistas ou colectivistas. O próprio PCP abandona o seu nome histórico, e as cores vermelha e amarela do comunismo internacional. A APU, chega a 18.97% dos votos, a mais alta percentagem alguma vez alcançada pelo partido em eleições legislativas. No entanto é uma vitória amarga. Junto com a sua vitória, impõe-se a vitória dos partidos à direita do espectro político, PSD e CDS constituídos numa coligação chamada AD (Aliança Democrática) que com 42.2% dos votos, consegue, com Francisco Sá Carneiro, maioria absoluta para governar o país.
A partir daí, durante os anos 80, o PCP lenta mas inexoravelmente começa a perder poder e importância. Em 1985 o PSD ganha as eleições sózinho consegue dois anos depois maioria absoluta e governa até 1995.
O lento declínio do Partido Comunista, no entanto, demonstra a incapacidade de Cunhal em entender o curso da História. No inicio dos anos 90, a URSS implode. O mundo comunista, esfuma-se minado pelas contradições internas, pela corrupção, pela reacção popular à violência que os regimes Comunistas utilizavam, para manterem um pequeno grupo de privilegiados no poder, enquanto os respectivos países vêm as suas economias afundar.
Em 1974, Portugal era mais pobre que todos os países do Pacto de Varsóvia, com excepção da Romenia. Em 1976, de toda a Europa, de Lisboa a Moscovo, só dois paises são mais pobres que Portugal: A Romenia e a Albania. No entanto, em 1995, todos eles, sem excepção são mais pobres ou muito mais pobres que Portugal.
Mas Cunhal, que embora já não esteja na liderança do PCP (que abandonou em 1992) continua a influenciar o partido, e continua fiel às suas ideias.
À sua volta, o mundo comunista ruía. Os mitos do comunismo caiam por terra. Vagas de imigrantes vindos do leste europeu e que escolheram Portugal para sobreviver, explicavam aos renitentes trabalhadores agrícolas alentejanos - apoiantes de Cunhal e da União Soviética desde sempre - que o sistema tinha falhado de uma forma miserável.
No fim, a determinação de Álvaro Cunhal, é sem duvida de realçar, mas não é possível evitar a comparação com outro português, igualmente tenaz, igualmente determinado, igualmente fiel aos seus princípios, igualmente impermeável aos ventos da História, igualmente cego na sua determinação suicida de guiar o país no único caminho que julgava possível.
Esse homem, entrou para a história com uma entre várias frases célebres: “Orgulhosamente sós”
O autor dessa frase, guiou o país por caminhos errados, e aqueles que o rodeavam, foram incapazes de fazer o que quer que fosse para mudar o estado das coisas.
Se em 1975, Álvaro Cunhal tivesse tomado as rédeas do país, a sua determinação poderia ter sido uma catástrofe para Portugal, exactamente pelas mesmas razões.
Álvaro Cunhal viveu num erro, e como Salazar, orgulhosamente só.
Nenhum mal vem ao mundo se nos curvarmos perante a determinação, a coragem, a força de vontade e o percurso de vida de Álvaro Cunhal. Mas ao mesmo tempo também temos que olhar para a História e fazer a análise fria e racional, que o tempo que passou desde 1975, já permite.
P.M.


http://m.1asphost.com/Forumhistoria/art ... cunhal.asp

Saudações :twisted:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Lancero

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« Responder #13 em: Abril 03, 2009, 05:34:34 pm »
Um dos que ajudou a salvar o País.

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Defesa: Coronel Jaime Neves proposto para major-general

Lisboa, 03 Abr (Lusa)- O coronel Jaime Neves, figura preponderante dos  operacionais do golpe militar de 25 de Novembro de 1975, foi proposto pelo  chefe de Estado-Maior do Exército para ser promovido a major-general, confirmou  hoje o próprio à agência Lusa.  

 

   Contactado pela Lusa, Jaime Neves disse saber da proposta mas acrescentou  que não tem conhecimento de quando ocorrerá.  

 

   Questionado sobre qual é a situação actual do processo de promoção do  coronel Jaime Neves, o Exército Português não quis fazer qualquer comentário  sobre o assunto.  

 

   Já o ministério da Defesa declarou que "há processos de promoção em  curso" mas que "até estarem terminados não faz qualquer comentário".  

 

   As propostas de promoção de militares são feitas pelos chefes militares  no Conselho de Chefes de Estado-Maior, passando posteriormente pelo ministério  da Defesa e finalmente pela promulgação do Presidente da República.  

 

   Jaime Alberto Gonçalves das Neves nasceu na freguesia de São Dinis,  no concelho de Vila Real, em 1936, tendo entrado na Escola do Exército em  1953 e feito cinco missões de serviço em África e na Índia.    

 

   Durante o 25 de Novembro de 1975 Jaime Neves estava nos Comandos da  Amadora, uma das unidades militares que pôs fim à influência da esquerda  militar radical e conduziu ao fim do PREC (Período Revolucionário Em Curso).  

 

   Em 1995, foi condecorado pelo então Presidente da República, Mário Soares,  com a medalha de grande-oficial com Palma, da Ordem Militar da Torre e Espada,  do valor, Lealdade e Mérito.  
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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Lancero

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« Responder #14 em: Abril 04, 2009, 09:18:09 pm »
As dores de cotovelo...

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Lisboa, 03 Abr (Lusa)- O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, considerou hoje que a promoção do coronel Jaime Neves a major-general "vai contra todas as regras" e não dignifica o Exército e Forças Armadas.
Em declarações à agência Lusa, o coronel Vasco Lourenço criticou também os responsáveis políticos e militares por mostrarem "falta de bom senso e de decoro".
"Apesar de já me terem garantido que isso é verdade ainda não quero acreditar, não acredito que os responsáveis militares e políticos tenham tanta falta de bom senso e de decoro, não há quaisquer razões políticas ou militares que justifiquem uma decisão dessas, vai contra todas as regras, o seu 'curriculum' militar não o justifica e se isto acontecer estaremos perante um acto que em minha opinião indignificará o Exército e as Forças Armadas", acrescentou o antigo capitão de Abril.
Vasco Lourenço afirmou ainda que "politicamente, e porque parece pretenderem com isto comemorar os 35 anos do 25 de Abril, ainda menos se percebe" uma eventual promoção de Jaime Neves.
"Só se o querem refundir [a revolução do 25 de Abril], substituindo o Salgueiro Maia pelo Jaime Neves, de qualquer modo estão a hostilizar e a ofender profundamente os militares de Abril e o próprio 25 de Abril", concluiu.
O coronel Jaime Neves, figura preponderante dos operacionais do golpe militar de 25 de Novembro de 1975, foi proposto pelo chefe de Estado-Maior do Exército para ser promovido a major-general, confirmou hoje o próprio à agência Lusa.
Contactado pela Lusa, Jaime Neves disse saber da proposta mas acrescentou que não tem conhecimento de quando ocorrerá.
O Ministério da Defesa também confirmou à Lusa a existência de uma proposta de promoção do coronel Jaime Neves a major-general, adiantando que esta foi decidida em Conselho de Chefes de Estado-Maior "por unanimidade e fundamentada por razões estritamente militares".
As propostas de promoção de militares são feitas pelos chefes militares no Conselho de Chefes de Estado-Maior, passando posteriormente pelo ministério da Defesa e finalmente pela promulgação do Presidente da República.
Jaime Alberto Gonçalves das Neves nasceu na freguesia de São Dinis, no concelho de Vila Real, em 1936, tendo entrado na Escola do Exército em 1953 e feito cinco missões de serviço em África e na Índia.
Durante o 25 de Novembro de 1975 Jaime Neves estava nos Comandos da Amadora, uma das unidades militares que pôs fim à influência da esquerda militar radical e conduziu ao fim do PREC (Período Revolucionário Em Curso).
Em 1995, foi condecorado pelo então Presidente da República, Mário Soares, com a medalha de grande-oficial com Palma, da Ordem Militar da Torre e Espada, do valor, Lealdade e Mérito.
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito