Este tópico destina-se a concentrar outros fios-de-conversa que se prolongaram noutros tópicos, não ligados ao tema.
O estudo do Estado Novo, não deve ser objecto de dogmas. E a análise desse periodo da História, deve ser feita, de forma a não permitir que, por causa do desconhecimento, tentativas de o apresentar com roupagens lavadas tenham sucesso.
Este tipo de fenómeno, é comum em países e sistemas onde dominaram tiranias. É o caso da antiga União Soviética, da Alemanha hitleriana, da Espanha franquista e mesmo da Italia de Mussolini.
Não atingindo nem de perto nem de longe o nível de violência a que chegaram aqueles países, o Estado Novo não deixou no entanto de ser um estado autocrático, que excepção feita à União Soviética, conseguiu durar mais tempo que nos restantes países europeus.
Portugal é hoje mais pobre que qualquer desses países, e durante o periodo do Estado Novo, essa pobreza e essa desigualdade eram ainda mais marcantes, porquanto esses países sairam de situações de completa destruição das estruturas e das sociedades, mas mesmo assim, quando chegamos ao inicio dos anos 60, os países devastados pela guerra continuavam a ser mais ricos que Portugal.
Como é óbvio, a análise dos factos e da situação do Estado Novo, não pode em nenhuma circunstância ser razão para defender o regime. O regime, que perdeu ao longo de muitos anos, e após sucessivas possibilidades de renovação, qualquer legitimidade para governar.
Relativamente às cidades, obviamente estou a falar da Alemanha Ocidental, embora em 1974, por exemplo, para os portugueses que íam à antiga europa de leste até a Rússia parecesse incrivelmente desenvolvida.
Em 1973 o sistema comunista ainda não tinha falido e portanto o comunismo ainda era visto por muitos como viável.
Os russos viviam em apartamentos minusculos em Moscovo, mas os apartamentos minúsculos em Moscovo eram maiores que os bairros de lata em Lisboa.
O senhor sabe e os outros não. Francamente... a usar falácias, tinha melhor opinião a seu respeito.
Sobre o regime caquético eu tenho a minha opinião.
Estou absolutamente disso, porque estudei e li o suficiente para o entender.
Terra sem futuro? Está porventura a falar de hoje me dia? Onde é que se baseia para dizer isso? Já se deu ao trabalho de ler o que se dizia, na altura, a respeito do futuro de Portugal? Eu já.
A economia de Portugal, naquela altura, crescia a uma taxa de 6% à 20 anos consecutivos. E agora?
Portugal, em 1973, era o 21º país em poder de compra. Agora é o 37º. Comparativamente, estamos pior nesse aspecto e os números não mentem.
LOL
Em meados dos anos 70 ainda não tinham despertado os tigres asiáticos. E nessa altura, tínhamos um rendimento per capita de
1514 dolares.
Há uma publicação da Editorial América, publicado em Portugal pela Bertrand e que compilou dados na altura fornecidos pelo departamento de estatísticas da ONU
Faço-lhe uma lista dos países que tinham um nível de vida suparior ao de Portugal, com base no rendimento per cápita.
ÁFRICA
=====
Líbia: 7335
AMÉRICAS
=======
Argentina: 1720
Canadá: 7490
EUA: 7060
Venezuela: 2083
ÁSIA E OCEANIA
===========
Australia: 6361
Arabia saudita: 4574
Coreia do Sul: 6721
Irão: 1977
Israel: 3460
Japão: 5000
Koweit: 11510
Nova Zelândia: 4200
Singapura: 2939
EUROPA
=====
Austria: 5787
Bélgica: 8789
Chipre: 1748
Dinamarca: 9391
Espanha: 2959
Finlandia: 6381
França: 7488
Grécia: 2889
Holanda: 8268
Irlanda: 3201
Itália: 3515
Noruega: 9126
Reino Unido: 4781
Ref.Federal alemã: 7712
Suécia: 9094
Suiça: 11501
EUROPA DE LESTE
============
Bulgaria: 1814
Checoslováquia: 4561
Hungria: 2309
Jugoslávia: 1750
Polónia: 2880
Rep.Democrática Alemã: 4897
URSS: 2086
Considerando estes dados das Nações Unidas, havia 37 países à nossa frente e sem que países como Taiwan, Malásia tivessem começado a crescer e sem contar com países como o Luxemburgo ou o Liechtenstein.
Portugal estava num campeonato com países como:
Chile: 1314
Uruguai: 1331
Romenia: 1400
A ideia de que o país crescia é uma ideia falsa, criada com base em falsidades e esquecendo que a moeda portuguesa não era convertivel.
Aliás, o mesmo problema que se pode apontar aos dados dos países da cortina de ferro, que embora nos anos 70 ainda não tivessem entrado no seu período final de decadência.
Os números não mentem se forem verdadeiros e se não foram distorcidos por razões políticas.
Sobre a não existência de soluções:
Claro que tinha, manter as posses ultramarinas. Qual é o problema disso?
Eu não disse se havia ou não havia solução, o que eu disse é que em minha opinião Salazar tinha chegado à conclusão de que não havia uma solução que nos pudesse ser favorável. E essa opinião tiro-a do escrito pelo próprio "biografo" de Salazar Franco Nogueira.
O cancro estava estabelecido e Salazar sabia-o. O cancro era a economia "liberal" que Portugal tinha que abraçar para não se afundar totalmente e que Salazar detestava claramente (como se comprova pelos seus escritos antes da II Guerra Mundial) mas que não podia deixar de utilizar.
Mas chegou ao fundo de onde? Diz isso baseado em quê?
Pergunte aos milhões que votavam com os pés. Pergunte aos milhões que fugiram da guerra e da fome.
Quando um país entra em declínio populacional como ocorreu com Portugal nos anos 60, numa altura de grande expansão da população na Europa isso é um sinal de que se bateu no fundo.
É o declínio do fracasso das politicas de colonização.
É o atraso económioco evidente relativamente a toda a Europa, que só os cegos e os mentirosos congénitos não conseguem ver.
É o fundo do saco, de que ainda hoje não nos conseguimos livrar.
Quem está efectivamente melhor são as classes baixas. As média e a alta não. Estamos num sistema socialista que nos absorve uma quantidade enorme de dinheiro em impostos sem nos dar nada em troca. Já olharam para os impostos da altura (estado novo)?
Ainda bem que o desiludi.O objectivo de um qualquer governo, é zelar pelos interesses da maioria da população.
Você vem-me dizer que as elites que suportavam o regime, as quatro ou cinco familias que viviam a um nivel europeu, não são hoje tão ricas.
Em Portugal nunca houve classe média senão depois dos anos 90. Isso qualquer sociólogo lhe diz e é opinião geral de qualquer pessoa informada.
Aliás, a não existência em Portugal de uma classe média, foi um dos nossos grandes problemas e para sua informação É O PRÓPRIO DR. OLIVEIRA SALAZAR QUE O AFIRMA, pela boca de Franco Nogueira.
Portanto você queixa-se que a classe alta hoje ganha menos e diz que os pobres são menos pobres.
É exactamente o que eu tenho vindo a dizer. ! ! !
O país não está bem, e todos temos o dever de apontar os problemas, criticar quem governa mal, e quem o trai directa ou indirectamente, mas não temos o direito de inventar passados virtuais para justificar as criticas justas que fazemos aos governantes de hoje.
Só tem autoridade moral para criticar a bandalheira dos dias de hoje, quem tiver a coragem de olhar para a História e verificar e aceitar que no passado tivemos situações muito piores.
Quem não o fizer não é honesto
Cumprimentos