Irão

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ricardonunes

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« Responder #90 em: Novembro 02, 2006, 07:08:55 pm »
Algumas fotos dos exercícios noticiados hoje.















Potius mori quam foedari
 

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ricardonunes

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« Responder #91 em: Novembro 02, 2006, 08:40:10 pm »
Potius mori quam foedari
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #92 em: Novembro 03, 2006, 11:26:51 am »
Os misseis mais parece algo tirado de um filme do James Bond nos anos 60.  :twisted:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Luso

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« Responder #93 em: Novembro 19, 2006, 08:36:57 pm »
Pedia-vos que lessem este texto retirado de

http://combustoes.blogspot.com/search?q=alemanha

Citar
Oferecido por uma colega do Ministério dos Negócios Estrangeiros, esta verdadeira revelação saída dos arcanos do Arquivo Histórico-Diplomático é merecedora de uma leitura atenta. Da pena de Veiga Simões, diplomata que aliava o esmerado serviço do Estado com a produção de obra de assinalável vulto nos domínio da história económica e da economia internacional, estes relatórios enviados da Alemanha entre 1933 e 1939 prometem desfazer muitos equívocos a respeito das relações entre o Reich e o governo de Salazar. Implacável, também, na análise dos mecanismos do Estado totalitário, desfazendo mitos ainda muito arreigados sobre o "modelo económico" do Nacional-Socialismo, faculta-nos a perspectiva de um estrangeiro com acesso a informações habitualmente vedadas a jornalistas, viajantes e meros espectadores na tragédia europeia nos anos que precederam colapso da Europa. Veiga Simões escalpeliza com fina argúcia as causas imediatas da subida de Hitler ao poder, desmonta uma a uma as razões invocadas pelos defensores do regime alemão e profetiza a inevitabilidade do fracasso de tal modelo. Veiga Simões demonstra que, para lá da propaganda de um regime inflamado pela retórica, havia milhões de desempregados encapotados, persistia a penúria alimentar, o racionamento e o desespero - tidos por extintos no imaginário dos seguidores do nazismo - mas, sobretudo, uma imensa indiferença cívica escondinda pelo efeito das grandes massas arregimentadas para comícios, paradas e recepções. A autarcia económica estava a matar a economia do Reich, a destruir o Marco e a esvaziar o ouro do Reichsbank. Ao povo alemão, tributado a níveis hoje considerados absurdos, a braços com uma carestia de preços que orçava 40%/ano, restava o divertimento artificial proporcionado pelos acampamentos, pela Kraft Durch Freude e pela rádio. Paralelamente, um medo insidioso - medo das denúncias, das prisões arbitrárias, medo dos campos de internamento - caminhava a par de uma campanha pouco mais que grosseira contra a cultura ( as universidades do Reich viram cair em seis anos o número de alunos para 25% do contingente de 1932 ! ), contra a religião e contra as mais elementares liberdades individuais. Veiga Simões segue e opina sobre tudo isso, mas detém-se na oposição interna, cada vez mais forte, que identifica com a velha elite alemã (Junkers) e com o Estado Maior. Hitler, entre a manteiga e os canhões, optou pelos canhões. Ganhou, assim, os favores do alto capital e da grande indústria. Era certo, para o nosso observador em Berlim, que a velha casta militar - que recusou a utilização da suástica como bandeira - passara a dominar todos os passos do governo. O mercado e os cidadãos empobreceram, o exército enriqueceu. Ora, para evitar o colapso mais que certo de tal política, a única via que lhe restava era a guerra. Esta surgiu em 1939, quando o Reich debatia-se já com um desastroso segundo plano quadrienal - não era quinquenal para evitar a evidente analogia do regime com a URSS de Estaline - que implicava uma corrida para a frente. Uma nota lateral para compreender o crescendo de ódio canalha contra os "inimigos" do Reich. As campanhas contra inimigos imaginários do Reich - judeus, católicos, monárquicos - foi-se tornando cada vez mais expressiva à medida que se acastelavam os fracassos económico e social internos e o crescente isolamento diplomático do país. A um governo fundado no amadorismo, devorado por ódios e rivalidades quase infantis, impaciente e presa da exaltação que exigia das massas - mas que tinha de retribuir, aumentando a fasquia de novas combustões populares - só lhe restava exportar a insatisfação. A guerra que Hitler iniciou em 39 impediria, afinal, o colapso interno do regime, mercê da invocação do orgulho nacional alemão, arreigado desde o Segundo Reich. Agora se compreende o alcance daquela expressão tão usada pela oficialagem alemã durante a guerra: "quando vencermos a guerra, arrumamos a casa" ! Tendo dado todas as regalias às forças armadas, o regime, quando deixou de poder pagar - exigindo-lhe apenas sacrifícios - transformou-se num refém. A revolta dos generais, em Julho de 44, era sintoma desse afastamento definitivo. Mas o regime, que poderia patrioticamente deixar a cena, manteve-se, obstinado. Arrastou com ele o povo alemão. Mas disso não falou Veiga Simões, que foi substituído em 1940 por Nobre Guedes.


Qual é a semelhança entre a situação economica/social alemã da época e a iraniana de hoje?
Vamos assistir a mais uma trágica fuga para a frente?
« Última modificação: Novembro 19, 2006, 09:45:24 pm por Luso »
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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fgomes

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« Responder #94 em: Novembro 19, 2006, 09:41:53 pm »
Bom ponto Luso!
Qual será a percentagem da população iraniana com menos de 25 anos? E destes quantos estão no desemprego ou subempregados?
E a corrupção dos "mulhah's"?
A conflitualidade externa sempre foi uma maneira de esconder os problemas internos, veja-se o caso da Argentina quando invadiu as Malvinas. Parece-me que a situação do Irão de hoje é muito pior que a da Argentina em 1982.
Aproximam-se tempos perigosos!
 

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JoseMFernandes

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« Responder #95 em: Novembro 23, 2006, 02:53:37 pm »
Considero bem interessante a  entrevista do ex-MNE alemao  Joschka Fischer sobre a situaçao no Médio-Oriente ao jornal PUBLICO de hoje, especialmente tendo em conta que se trata de alguém da esquerda europeia, (que foi ostensivamente contra a invasao do Iraque) e  se mostra preocupado ( bastante mesmo, sem precisarmos de ler nas 'entrelinhas')...

 
Citar

"Um Irão nuclear muda radicalmente a situação de segurança europeia"


O antigo chefe da diplomacia alemã não tem quaisquer ilusões sobre as dificuldades imensas da situação internacional. A guerra do Iraque alterou radicalmente a situação do Médio Oriente, "mas para pior". O Irão é "o grande vencedor da política externa de Bush" e a Europa pode ser uma das suas principais vítimas. A solução passa por uma América mais centrista e por uma Europa mais forte. Por Teresa de Sousa e de Nélson Garrido (fotos)

Joschka Fischer veio a Portugal a convite do PÚBLICO, com o apoio da Câmara Municipal de Gaia, para uma conferência sobre o futuro da Europa. O que disse pode resumir-se assim: defender a urgência de uma Europa politicamente unida e dotada de uma capacidade estratégica não é idealismo, é o mais puro realismo. Se isso não acontecer, está condenada à irrelevância.
 
PÚBLICO - Estamos a viver um momento de viragem na cena mundial, na sequência da derrota de George W. Bush nas eleições para o Congresso americano. Até que ponto espera que as coisas mudem?

JOSCHKA FISCHER - As eleições na América foram, de facto, uma espécie de referendo contra a guerra no Iraque. Penso que a intervenção dos EUA no Iraque levou a uma profunda alteração na região do Médio Oriente, só que para pior. O Irão é o grande vencedor da política americana e o seu programa nuclear é um desafio muito sério, sobretudo para os europeus, porque uma situação explosiva no Médio Oriente ou uma corrida às armas nucleares visa directamente a nossa segurança e os nossos interesses. O conflito israelo-palestiniano também evolui no pior sentido. Ora, esta é a nossa vizinhança directa, é a vizinhança europeia, e não podemos dizer simplesmente adeus aos problemas da região. Tudo isto vai ter consequências muito negativas nos próximos meses e anos.

É previsível uma mudança significativa na política externa americana?
 
A discussão que está a ter lugar nos EUA avança nessa direcção, mas o problema é que o que está em causa é imenso e os instrumentos de actuação não são muito fortes.

Mas há o problema imediato do Iraque...

Não acredito que haja uma solução para o Iraque. Estamos perante uma situação terrível, porque, se os americanos ficarem, não creio que consigam resolver nenhum problema, mas, se saírem, é bastante óbvio o que pode acontecer a seguir. Haverá um vazio e esse vazio poderá levar todas as potências regionais a uma situação de confronto. A única saída poderia ser tentarmos uma alteração da situação regional. É preciso começar a falar com o Irão, com a Síria e as outras potências regionais e tentar envolvê-las num novo quadro de segurança regional para estabilizar a situação.

Parece que as recomendações do Grupo de Estudo para o Iraque, liderado pelo antigo secretário de Estado do Presidente Bush pai, James Backer, vão no mesmo sentido. Pensa que ainda é possível envolver o Irão?

É ainda possível, mas a partir de uma dupla estratégia para a qual a Síria será um elemento chave. O Irão saiu fortalecido, é verdade, mas não devemos sobrestimá-lo. Está, estrategicamente, numa situação de relativo isolamento e, sem a Síria, ficaria sozinho. Eu recomendaria uma dupla estratégia: falar directamente com eles, propor-lhes a normalização completa das relações no termo de um processo que conduzisse aos nossos objectivos, mas, ao mesmo tempo, desenvolver uma estratégia alternativa, de isolamento e contenção.

Falar com o Irão é o que a Europa tem andado a fazer. O que o Irão quer são garantias dos EUA?

Sim. Falo com muita frequência com os iranianos, estive em Teerão em princípio de Agosto passado. Posso dizer-lhe que, depois de 15 ou 20 minutos, a conversa chega sempre ao mesmo ponto: tudo se resume afinal às suas relações com os EUA. Por isso, digo que há ainda uma possibilidade, se os EUA quiserem, embora o tempo se esteja a esgotar.

Nessas condições, Teerão estaria disposto a ajudar a estabilizar o Iraque e, em primeiro lugar, a abandonar o programa nuclear?
 
Penso que não é do interesse dos iranianos que o Iraque caia na guerra civil, o que acabaria por levar a outra "guerra civil" entre iranianos e árabes, por interposta pessoa. Têm algum interesse na estabilização do Iraque, em manter uma federação descentralizada, que não corresponda a um governo central muito forte, porque isso lhes dá a garantia de não vir dali uma ameaça à sua hegemonia regional. A questão nuclear é muito mais complicada. O Presidente Ahmadinejad não tem qualquer interesse numa negociação, mas há outras componentes do regime iraniano que pensam de maneira diferente. Não seria fácil, mas deveríamos, pelo menos, tentar.

Estamos preparados para aceitar um Irão nuclear?

Não. Ponha por momentos de lado a questão de Israel, só para facilitar a discussão. Há vários Estados árabes muito preocupados com a perspectiva de um Irão nuclear. Se o Irão possuir a bomba nuclear, não acredito que o Egipto, a Turquia ou a Arábia Saudita não reajam. Teremos inevitavelmente uma corrida ao armamento nuclear no Médio Oriente. Se juntar a bomba nuclear com a capacidade de construir mísseis de médio ou de longo alcance, verifica que isso alterará radicalmente a situação de segurança europeia. Insisto: radicalmente. Para a Europa, o que está em jogo é enorme. Estamos a falar na nossa segurança na primeira metade do século XXI.

E pensa que os governos europeus estão conscientes ou, pelos menos, suficientemente atentos a esta situação?

Não. Alguns talvez. Eu diria que temos de começar a explicar isto tudo às opiniões públicas e aos parlamentos. Temos a obrigação de nos preparar e preparar a opinião pública para os cenários negativos. Não podemos alterar a nossa situação geopolítica. É tão simples como isso.
 
É difícil lembramo-nos de um outro momento em que os Estados Unidos, e também a Europa, se tenham confrontado com tamanhos desafios e dificuldades. Iraque, Irão, Coreia do Norte, Afeganistão...

Desculpe, mas não partilho desse seu sentimento. Se olhar para trás, para a guerra fria, se olhar par o tempo dos nossos pais e avós, o que estava em causa era muito mais difícil. Temos problemas sérios, não quero minimizar as coisas...

Na guerra fria, sabíamos quem era o inimigo e quem tinha o poder nuclear, agora não.

Sabemos algumas coisas. Mas hoje é mais uma questão de política, sobretudo da política dos EUA e da Europa. E nem um nem outra se têm revelado muito fortes nesta matéria...

Esse era o outro lado da minha questão. Também não nos lembramos de uma altura em que os Estados Unidos nos tenham parecido tão fracos para lidar com os problemas de segurança mundial. É por isso que a situação nos parece mais perigosa...

É verdade, mas creio que isso pode mudar rapidamente. Se os EUA regressarem a uma política externa mais centrista...

Nas próximas eleições presidenciais?

Ou talvez mesmo agora. Pode ser esse um dos possíveis resultados das eleições americanas. Mas as coisas podem mudar, não tenho qualquer dúvida. Como também não tenho dúvida de que nunca devemos subestimar o poder dos EUA. Não é a primeira vez que estão numa posição de fraqueza - depois do Vietname, por exemplo - e encontram sempre maneira de a ultrapassar.
 

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Sintra

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« Responder #96 em: Novembro 23, 2006, 10:38:01 pm »
Citação de: "JoseMFernandes"
Considero bem interessante a  entrevista do ex-MNE alemao  Joschka Fischer sobre a situaçao no Médio-Oriente ao jornal PUBLICO de hoje, especialmente tendo em conta que se trata de alguém da esquerda europeia, (que foi ostensivamente contra a invasao do Iraque) e  se mostra preocupado ( bastante mesmo, sem precisarmos de ler nas 'entrelinhas')...

 
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"Um Irão nuclear muda radicalmente a situação de segurança europeia"


O antigo chefe da diplomacia alemã não tem quaisquer ilusões sobre as dificuldades imensas da situação internacional. A guerra do Iraque alterou radicalmente a situação do Médio Oriente, "mas para pior". O Irão é "o grande vencedor da política externa de Bush" e a Europa pode ser uma das suas principais vítimas. A solução passa por uma América mais centrista e por uma Europa mais forte. Por Teresa de Sousa e de Nélson Garrido (fotos)

Joschka Fischer veio a Portugal a convite do PÚBLICO, com o apoio da Câmara Municipal de Gaia, para uma conferência sobre o futuro da Europa. O que disse pode resumir-se assim: defender a urgência de uma Europa politicamente unida e dotada de uma capacidade estratégica não é idealismo, é o mais puro realismo. Se isso não acontecer, está condenada à irrelevância.
 
PÚBLICO - Estamos a viver um momento de viragem na cena mundial, na sequência da derrota de George W. Bush nas eleições para o Congresso americano. Até que ponto espera que as coisas mudem?

JOSCHKA FISCHER - As eleições na América foram, de facto, uma espécie de referendo contra a guerra no Iraque. Penso que a intervenção dos EUA no Iraque levou a uma profunda alteração na região do Médio Oriente, só que para pior. O Irão é o grande vencedor da política americana e o seu programa nuclear é um desafio muito sério, sobretudo para os europeus, porque uma situação explosiva no Médio Oriente ou uma corrida às armas nucleares visa directamente a nossa segurança e os nossos interesses. O conflito israelo-palestiniano também evolui no pior sentido. Ora, esta é a nossa vizinhança directa, é a vizinhança europeia, e não podemos dizer simplesmente adeus aos problemas da região. Tudo isto vai ter consequências muito negativas nos próximos meses e anos.

É previsível uma mudança significativa na política externa americana?
 
A discussão que está a ter lugar nos EUA avança nessa direcção, mas o problema é que o que está em causa é imenso e os instrumentos de actuação não são muito fortes.

Mas há o problema imediato do Iraque...

Não acredito que haja uma solução para o Iraque. Estamos perante uma situação terrível, porque, se os americanos ficarem, não creio que consigam resolver nenhum problema, mas, se saírem, é bastante óbvio o que pode acontecer a seguir. Haverá um vazio e esse vazio poderá levar todas as potências regionais a uma situação de confronto. A única saída poderia ser tentarmos uma alteração da situação regional. É preciso começar a falar com o Irão, com a Síria e as outras potências regionais e tentar envolvê-las num novo quadro de segurança regional para estabilizar a situação.

Parece que as recomendações do Grupo de Estudo para o Iraque, liderado pelo antigo secretário de Estado do Presidente Bush pai, James Backer, vão no mesmo sentido. Pensa que ainda é possível envolver o Irão?

É ainda possível, mas a partir de uma dupla estratégia para a qual a Síria será um elemento chave. O Irão saiu fortalecido, é verdade, mas não devemos sobrestimá-lo. Está, estrategicamente, numa situação de relativo isolamento e, sem a Síria, ficaria sozinho. Eu recomendaria uma dupla estratégia: falar directamente com eles, propor-lhes a normalização completa das relações no termo de um processo que conduzisse aos nossos objectivos, mas, ao mesmo tempo, desenvolver uma estratégia alternativa, de isolamento e contenção.

Falar com o Irão é o que a Europa tem andado a fazer. O que o Irão quer são garantias dos EUA?

Sim. Falo com muita frequência com os iranianos, estive em Teerão em princípio de Agosto passado. Posso dizer-lhe que, depois de 15 ou 20 minutos, a conversa chega sempre ao mesmo ponto: tudo se resume afinal às suas relações com os EUA. Por isso, digo que há ainda uma possibilidade, se os EUA quiserem, embora o tempo se esteja a esgotar.

Nessas condições, Teerão estaria disposto a ajudar a estabilizar o Iraque e, em primeiro lugar, a abandonar o programa nuclear?
 
Penso que não é do interesse dos iranianos que o Iraque caia na guerra civil, o que acabaria por levar a outra "guerra civil" entre iranianos e árabes, por interposta pessoa. Têm algum interesse na estabilização do Iraque, em manter uma federação descentralizada, que não corresponda a um governo central muito forte, porque isso lhes dá a garantia de não vir dali uma ameaça à sua hegemonia regional. A questão nuclear é muito mais complicada. O Presidente Ahmadinejad não tem qualquer interesse numa negociação, mas há outras componentes do regime iraniano que pensam de maneira diferente. Não seria fácil, mas deveríamos, pelo menos, tentar.

Estamos preparados para aceitar um Irão nuclear?

Não. Ponha por momentos de lado a questão de Israel, só para facilitar a discussão. Há vários Estados árabes muito preocupados com a perspectiva de um Irão nuclear. Se o Irão possuir a bomba nuclear, não acredito que o Egipto, a Turquia ou a Arábia Saudita não reajam. Teremos inevitavelmente uma corrida ao armamento nuclear no Médio Oriente. Se juntar a bomba nuclear com a capacidade de construir mísseis de médio ou de longo alcance, verifica que isso alterará radicalmente a situação de segurança europeia. Insisto: radicalmente. Para a Europa, o que está em jogo é enorme. Estamos a falar na nossa segurança na primeira metade do século XXI.

E pensa que os governos europeus estão conscientes ou, pelos menos, suficientemente atentos a esta situação?

Não. Alguns talvez. Eu diria que temos de começar a explicar isto tudo às opiniões públicas e aos parlamentos. Temos a obrigação de nos preparar e preparar a opinião pública para os cenários negativos. Não podemos alterar a nossa situação geopolítica. É tão simples como isso.
 
É difícil lembramo-nos de um outro momento em que os Estados Unidos, e também a Europa, se tenham confrontado com tamanhos desafios e dificuldades. Iraque, Irão, Coreia do Norte, Afeganistão...

Desculpe, mas não partilho desse seu sentimento. Se olhar para trás, para a guerra fria, se olhar par o tempo dos nossos pais e avós, o que estava em causa era muito mais difícil. Temos problemas sérios, não quero minimizar as coisas...

Na guerra fria, sabíamos quem era o inimigo e quem tinha o poder nuclear, agora não.

Sabemos algumas coisas. Mas hoje é mais uma questão de política, sobretudo da política dos EUA e da Europa. E nem um nem outra se têm revelado muito fortes nesta matéria...

Esse era o outro lado da minha questão. Também não nos lembramos de uma altura em que os Estados Unidos nos tenham parecido tão fracos para lidar com os problemas de segurança mundial. É por isso que a situação nos parece mais perigosa...

É verdade, mas creio que isso pode mudar rapidamente. Se os EUA regressarem a uma política externa mais centrista...

Nas próximas eleições presidenciais?

Ou talvez mesmo agora. Pode ser esse um dos possíveis resultados das eleições americanas. Mas as coisas podem mudar, não tenho qualquer dúvida. Como também não tenho dúvida de que nunca devemos subestimar o poder dos EUA. Não é a primeira vez que estão numa posição de fraqueza - depois do Vietname, por exemplo - e encontram sempre maneira de a ultrapassar.


 Um dos Europeus mais lucidos que andam por ai.
 

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Luso

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« Responder #97 em: Dezembro 05, 2006, 01:32:14 pm »
http://sic.sapo.pt/online/noticias/mund ... ropeus.htm


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Irão ameaça países europeus
 
Em causa um eventual apoio da UE à suspensão do programa nuclear
 

O Presidente iraniano ameaça os países europeus caso a União Europeia decida apoiar a suspensão do programa nuclear de Teerão. As ameaças surgem no dia em que decorre mais uma reunião, para determinar um eventual conjunto de sanções das Nações Unidas contra o Irão.  
 

SIC
 
 
Nenhum tipo de sanção das Nações Unidas poderá travar o programa nuclear iraniano. Este é o aviso de Mahmoud Ahmadinejad, que, perante uma multidão de apoiantes, ameaçou os países europeus.

"Se tentarem, através de propaganda ou organizações internacionais, tomar medidas contra os direitos da nação iraniana, consideraremos esse um acto de hostilidade. E se insistirem em prosseguir esse caminho, o Irão vai reconsiderar as relações que mantém convosco", disse o Presidente iraniano.

A União Europeia apoia a pretensão de Washington de fazer aprovar no Conselho de Segurança da ONU, um conjunto de sanções contra o Irão, caso o país não suspenda o programa de desenvolvimento nuclear.

A China e a Rússia defendem uma solução de compromisso mas o regime de Teerão insiste que o programa de enriquecimento de urânio tem objectivos meramente civis.


Não lhe acertem o passo, não...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Jorge Pereira

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« Responder #98 em: Dezembro 05, 2006, 03:28:06 pm »


Só para lembrar… :roll:
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Get_It

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« Responder #99 em: Dezembro 05, 2006, 04:20:03 pm »
Citar
Washington has intelligence suggesting Iran is working on the technology to deliver a nuclear warhead on a missile. US officials have estimated Iranian development of a nuclear weapon is three to five years away.

Será que a fonte desta informação é a mesma que informou que o Iraque - supostamente - tinha três unidades móveis instaladas em camiões para a produção de componentes para armas biológicas?

Será que é mesmo inteligência ou marketing para uma nova guerra?

Cumprimento,
:snip: :snip: :Tanque:
 

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typhonman

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« Responder #100 em: Dezembro 05, 2006, 05:12:08 pm »
Pelo que vi na CNN parece que houve um "top senior" da Alqaeda que disse aos interrogadores da CIA que o Iraque estava a produzir armas secretamente no meio do deserto... Mas ao que parece mentiu...

Será verdade.. ou é mais uma desculpa..?
 

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Jorge Pereira

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« Responder #101 em: Dezembro 05, 2006, 06:46:49 pm »
Citação de: "Get_It"
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Washington has intelligence suggesting Iran is working on the technology to deliver a nuclear warhead on a missile. US officials have estimated Iranian development of a nuclear weapon is three to five years away.
Será que a fonte desta informação é a mesma que informou que o Iraque - supostamente - tinha três unidades móveis instaladas em camiões para a produção de componentes para armas biológicas?

Será que é mesmo inteligência ou marketing para uma nova guerra?

Cumprimento,


O principal problema do Irão para o fabrico de uma arma nuclear é a percentagem de urânio que conseguem enriquecer. Actualmente esta ronda os 3%. Para uma arma nuclear precisa-se de uma percentagem próxima dos 97%. Isto segundo especialistas demorará ainda entre 1,5 a 3 anos. A Coreia do Norte já o conseguiu. Por sua vez o problema da Coreia do Norte é a capacidade para miniaturizar um engenho nuclear e colocá-lo num míssil (vulgo ogiva).

Será esse dado revelado pela intelligence (a ser verdadeiro) um indício de que o Irão não quer ficar desfasado nos dois processos que lhe restam e que são necessários para possuir de facto mísseis com capacidade de portar armas nucleares?
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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ricardonunes

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« Responder #102 em: Dezembro 05, 2006, 10:06:16 pm »
Fugindo um pouco á questão nuclear, o que acham deste novo sistema de defesa anti-helicoptero.

http://www.youtube.com/watch?v=pX_3mqOgy8w&eurl=
Potius mori quam foedari
 

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Pantera

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« Responder #103 em: Dezembro 06, 2006, 01:12:16 pm »
“Os países opressores estão enfurecidos contra nós, mas dizemo-vos: enfureçam-se e morram dessa fúria. Podem ter a certeza de que, se não escolherem o caminho de Deus, em breve morrerão e desaparecerão da Terra", disse Ahmadinejad num discurso proferido em Ramsar, no norte do país.

O presidente iraniano garantiu ainda que o povo vai “lutar até ao fim” para defender o seu direito ao nuclear, apesar da ameaça de sanções por parte da comunidade internacional, que desconfia da existência de um plano secreto para o fabrico de armamento.


http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... l=21&p=200

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ricardonunes

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« Responder #104 em: Dezembro 11, 2006, 12:26:41 pm »
Estudantes recebem Ahmaninejad gritando «Morte ao ditador»

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Um grupo de estudantes recebeu hoje com gritos de «morte ao ditador» o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, numa visita à Universidade Amri Kabir, em Teerão, noticiou a agência Isna.
«Morte ao ditador» e «Os estudantes preferem morrer a serem submissos» foram as frases pronunciadas pelos estudantes quando o presidente se preparava para fazer um discurso na universidade.

A imprensa oficial não informou sobre o protesto estudantil e a agência de notícias Irna se limitou-se a informar que, durante a visita, «houve tensão por parte de um pequeno grupo de estudantes».

Ahmadinejad manteve-se tranquilo e respondeu aos manifestantes: «A universidade sempre reconheceu os ditadores com qualquer disfarce. Nos Estados Unidos, há um ditador que se disfarçou de direitos humanos».

«Vocês disseram o que queriam, agora deixem que seja eu a falar», acrescentou o líder iraniano, dirigindo-se aos estudantes que continuavam a gritando «morte ao ditador» para impedir que o presidente fizesse o discurso.

Por outro lado, partidários do regime ultra-conservador de Teerão gritavam «Ahmadinejad, apoiamos-te».

O presidente insistiu em que a revolução iraniana foi a que acabou com a «ditadura do Xá» (Mohamad Reza Pahlevi) em 1979 e advertiu que não permitirá «que qualquer grupo restabeleça uma ditadura, mesmo que em nome da liberdade».

As universidades de Amir Kabir e de Teerão fizeram na quarta-feira passada uma manifestação estudantil a favor das liberdades e da reforma.



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