Grandes Batalhas de Portugal

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TOMKAT

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Grandes Batalhas de Portugal
« em: Abril 06, 2006, 04:42:40 am »
Batalha dos Atoleiros



Abril de 1384

A batalha foi travada em 6 de Abril de 1384, no local pantanoso dos Atoleiros, entre Sousel e Fronteira.
Foi a primeira aplicação, em Portugal, da nova táctica do quadrado, introduzida na Europa durante a Guerra dos Cem Anos, que evidenciou o valor da defensiva, para parar o avanço do inimigo, desgastá-lo e conseguir um equilíbrio de forças favorável à passagem à ofensiva.
Ao mesmo tempo esta táctica permite a supermacia da infantaria no campo de batalha.

Poucos meses depois da morte do Conde de Andeiro, o Rei D. João I de Castela, marchou sobre Lisboa para a sitiar.
Não podendo o Rei de Portugal abandonar a capital do reino, e temendo a entrada em Portugal do exército castelhano pelo Alentejo, enviou o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, com poderes especiais, fronteiro do Alentejo, para defender as populações alentejanas, onde diversos lugares estavam por Castela e fazer frente aos invasores.

Reuniu o Condestável cerca de 300 lanças e 1500 homens, dos quais 100 besteiros, e marchou de Estremoz ao encontro do invasor, que possuia um efectivo de 1000 lanças e 5000 homens, inclnindo os portugueses que se lhes tinham juntado, e que eram comandados pelo Prior do Crato, D. Pedro Álvares, irmão mais velho do Condestável.

No dia 6 de Abril, o Prior do Crato mandou um emissário ao seu irmão, propondo-lhe que passasse para as hotes castelhanas.
Repudiada a proposta, as tropas castelhanas abandonaram o cerco que então faziam à vila de Fronteira, marchando sobre o exército português.

Nuno Álvares Pereira, em inferioridade numérica, decidiu esperar o inimigo em posição favorável à defensiva, tirando vantagem da adptação das armas ao terreno, e adoptou um dispositivo rectangular, escalonado, e constituído por vanguarda, própiro para enfrentar uma acção de envolvimento da numerosa cavalaria aversa, com todos os seus efectivos apeados, em que as sucessivas filas das compridas lanças eram cravadas no chão, inclinadas para a frente e aguentadas pela firmeza do braço do combatente, formando uma sebe eriçaa de pontas.
Os besteiros foram distribuídos adequadamente para crivarem o inimigo com os seus tiros.

Monesprezando os castelhanos a pequena hoste portuguesa, confiados na potência do choque, vieram cravar-se nas lanças, caindo de roldão cavalos e cavaleiros, enquanto os besteiros e fileiras da rectaguarda portuguesa alvejavam com nuvens de virotões e dardos as vagas sucessivas, que se embaraçavam nos seus própiros combatentes caídos, tombando por sua vez.

Pouco durou a refrega, terminando com a fuga dos castelhanos, que sofreram pesadas baixas, que influirm no seu desânimo.

Dos portugueses não houve mortos nem feridos.
D. Nuno ainda ordenou a perseguição durante uma légua, e o certo é que a Batalha dos Atoleiros muito contribuiu para a vitória da causa da independência.

fontes de pesquisa:
http://www.pt.wikipedia.org
http://www.jornalfontenova.com


Na comemoração dos 622 anos da Batalha dos Atoleiros, um passo importante para a nossa existência como país.
« Última modificação: Abril 07, 2006, 10:10:49 pm por TOMKAT »
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superbuzzmetal

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« Responder #1 em: Abril 06, 2006, 02:20:55 pm »
Obrigado por este artigo Tomkat, futuramente talvez possas fazer um sobre a batalha de aljubarrota ? Eu sei que já existe um tópico aqui no forum sobre essa batalha, mas acabou por ser apenas mais uma discussão entre portugueses e espanhois  :roll:
Quanto à batalha dos Atoleiros em si qual seria a melhor estratégia para os espanhois vencerem a batalha, não percebo como é que chefe das hostes espanholas ao ver aquele autêntico ouriço metálico decidiu carregar na mesma contra este ?
Peace through superior firepower.
 

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TOMKAT

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« Responder #2 em: Abril 06, 2006, 04:27:27 pm »
Citação de: "superbuzzmetal"
Obrigado por este artigo Tomkat, futuramente talvez possas fazer um sobre a batalha de aljubarrota ? Eu sei que já existe um tópico aqui no forum sobre essa batalha, mas acabou por ser apenas mais uma discussão entre portugueses e espanhois  :twisted:
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TOMKAT

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« Responder #3 em: Abril 07, 2006, 11:28:49 pm »
Conquista de Silves aos Mouros



De Julho a Setembro de 1189


Decidido pelo Rei D. sancho o ataque a Silves, o alferes-mor D. Mendo de Sousa, o Sousão, é enviado por terra, á frente da grossa hoste, em guarda avançada, para reconhecer os caminhos da praça.
Entretanto voltavam do sul as Galés portuguesas que, agregadas à frota de Cruzados, para lá se tornaram a dirigir.
Só então D. Sancho, com as mesnadas dos bispos de Caminha e Porto, alguns esquadrões do Templo, do Hospital e de freires de Calatrava e numerosa peanagem e cavalaria dos concelhos, marcha pelo Alentejo contra Silves.

A 15 de Julho de 1189 a hoste de Sousão chega diante de Silves, que levanta acampamento e começa no dia seguinte os trabalhos preliminares do cerco.

Dias depois, a 20, surge à barra de Portimão a frota aliada, começando palas habituais assolações às povoações ribeirinhas dos mouros.
E logo que a larga fila de navios, subindo o rio, ancora diante de Silves, D. Mendo de Sousa propõe aos chefes Cruzados um assalto de surpresa às muralhas.

Mais opulenta e forte que Lisboa, a praça de Silves constava da cidade velha (almedina), localizada em sítio alto e muralhado, coroada ao alto pela soberba alcáçova, e da cidade baixa, nos seus subúrbios, delimitada por uma cerca exterior de muralhas e torres, cuja maciça albarrã dominava toda a campina.
Uma forte couraça de estrada coberta, ligava pela encosta as muralhas da sobranceira almedina, com a torre albarrã da cerca, em baixo.
Largos fossos rodeavam de água toda a muralha dos subúrbios.

Aceite a proposta de Sousão, no dia seguinte deu-se o assalto de surpresa ás muralhas dos subúrbios.
Tão impetuoso foi, tão furiosamente os cruzados se lançaram aos fossos e ergueram as escadas, sob a tempestade de setas, pedradas e balas incendiárias vomitadas pelas ameias, que os mouros, tomados pelo pânico, abandonaram as muralhas, a cidade baixa, e refugiaram-se na almedina, seu último refúgio.

Todo o subúrbio foi ocupado nesse mesmo dia pelos cristãos que, excitados pela vitória, no dia seguinte ao romper da madrugada, se arrojaram também contra as muralhas da própria almedina para a levarem à escala.

Não foi tão feliz essa segunda investida, porque, apesar das descargas de flechas que lhe protegia o assalto, por toda a cinta de muralhas foram os cruzados repelidos com graves perdas.
Ao cair da noite desistiram,e lançando fogo aos subúrbios, abandonaram-nos e recolheram-se ao acampamento para começarem o assédio regular, assim que D. Sancho tivesse chegado.

Entretanto aproveitariam o tempo para construir e montar as necessárias máquinas de guerra - aríetes, catapultas, manteletes, um monstruoso erício dos cruzados alemães.

Com a chegada da hoste real, a 29, começou então o assédio em forma.

Cerrou-se então o cerco, por mar e por terra; prepararam-se as máquinas de guerra.
De novo nos subúrbios, os mouros provocavam, do alto das muralhas, o furor dos cristãos com insultos e crueldades.
Decresceram de ritmo os combates para que os sapadores podessem cobrir de minas a base das muralhas.
Duas catapultas comandadas por D. Sancho e o monstruoso erício de pontas de aço, montado pelos alemães, atacaram sem cessar, durante dias a maciça muralha.

Por fim o incêndio, devorando as escoras das minas, fez aluir uma torre e parte das muralhas.
Os cristãos precipitaram-se na brecha, forçando em breve os mouros a refugiarem-se parte na almedina, e parte na albarrã, em baixo, logo atacada, em breve caíu também.

O poço de água que abastecia a cidade foi logo entulhado.

À britalidade dos golpes ia juntar-se também os horrores da sede.

E novamente senhores dos subúrbios, pela segunda vez os cruzados se arrojaram sobre a almedina para a levarem à escala viva, mas pela segunda vez, apesar da sede, apesar das febres, apesar do tórrido céu de Verão, os heróicos defensores da praça por toda a parte repeliram a feroz escalada.

Um tanto desanimados, voltaram os assaltantes ao repor de minas contra as muralhas do castelo. Mas uma saída feliz dos sitiados inutilizou as minas.

D. Sancho, enervado já com a valorosa resistência, dá ordem de assalto geral a 18 de Agosto.
Ainda mais uma vez, o heroísmo dos sitiados, a aspreza da encosta e o incêndio da lenha que entulhava os fossos fizeram malograr em toda a linha a nova investida.

Durante dias, o desalento, a impaciência, a fadiga, desmoralizaram os cruzados.
Pensou-se em levatar o cerco.
D. Sancho, obstinado, impôs a sua autoridade real.
Por um pouco estiveram para vir às mãos em sangrentas rixas, os louros gigantes do norte e os trigueiros homens do sul.

Na praça a situação dos sitiados (soube-se por um desertor) era atroz.
Mastigava-se barro par ahumedecer a boca.
Havia mães que esmagavam o crânio dos filhos contra paredes para os não verem sofrer.
Do inclemente céu não caía uma gota.
E de África nem promessa de auxílio, nem quaisquer notícias.

Os cruzados, por fim, submeteram-se e resolveram prlongar o cerco.
Voltou-se ao moroso mas seguro sistema das minas.
Mas os mouros, engenheiros hábeis, contraminaram.
As galerias cruzavam-se, entrecortavam-se, rompiam-se.
Os ferozes combates à luz do dia transportaram-se para o coração da terra.
Os sapadores cristãos e mouros, ardendo de febre, em ódio, chacinavam-se ali na treva, como trágicas toupeiras.

Por fim, a 3 de Setembro de 1189, morta toda a esperança, os mouros, exautos, capitularam.

Fonte de pesquisa
http://www.portugalweb.net
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Cabeça de Martelo

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« Responder #4 em: Abril 08, 2006, 10:09:27 am »
TomKat obrigado porestes artigos, continua o excelente trabalho!
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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TOMKAT

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« Responder #5 em: Abril 08, 2006, 04:21:37 pm »
Não sei porque saíu o texto 2ª vez quando só "editei" algumas incorrecções gramaticais detectadas. :roll:

Citação de: "Cabeça de Martelo"
Tomkat obrigado porestes artigos, continua o excelente trabalho!


Espero não ser só eu a postar textos no tópico... :?
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emarques

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« Responder #6 em: Abril 08, 2006, 04:40:11 pm »
Normalmente é o resultado de carregar no botão "Citar" em vez do botão "Editar". Já me aconteceu uma ou outra vez, mas normalmente reparo antes de submeter a mensagem.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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TOMKAT

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« Responder #7 em: Abril 08, 2006, 05:29:37 pm »


Batalha de Trancoso

Junho de 1385

Um dos combates mais importantes da guerra pela independência de Portugal, travada nos fins do século XIV, contra as ambições castelhanas.

Este encontro contribuiu para a grande vitória de Aljubarrota, porquanto fortaleceu o ânimo dos portugueses e os tornou confiantes na sua capacidade de luta.

Já em 1384, Trancoso e outros castelos haviam tomado voz pelo Mestre de Avis e transformaram assim a Beira no alvo preferido dos ataques inimigos.

Comandados pelo Infante D. João, filho do Rei D. Pedro e de D. Inês de Castro, os castelhanos cercaram Trancoso que não se rendeu.

Enquanto, o Rei de Castela continuava a preparar a grande invasão de Portugal pela fronteira de Badajoz, seguiria daí para Lisboa, onde já deveria ter chegado a frota que simultâneamente cercaria o Porto.

Este projecto inicial foi alterado em Maio de 1385, quando Castela ordenou a invasão de Portugal pela Beira.

As tropas atacantes comandadas por João Rodrigues de Castanheda, aproveitaram uma questão entre dois fidalgos, Gonçalves Vasques Coutinho, defensor de Trancoso, e Martin Vasques da Cunha, à frente do Castelo de Linhares, para entrarem fácilmente por Almeida, passarem rápidamente a Pinhel e Trancoso e chegarem a Viseu.
Embora não atacassem os castelos, incendiavam, pilhavam e aprisionavam.

D. João I e Nuno Álvares Pereira, ausentes na zona entre o Douro e o Minho, tomaram conhecimento da aflitiva situação, e o Rei, entretanto em Guimarães, pediu a João Fernandes Pacheco, guarda-mor e alcaide de Ferreira, que sanase a desavença entre os dois nobres, se necessário até a troco de dinheiro.

Feitas as pazes, toda a nobreza daquela região cooperou activamente na defesa e organizou-se muito rápidamente um exército.
Comandado por Gonçalo Vasques Coutinho, este colocou os seus homens na veiga de Trancoso, «a meia légua pequena da vila», por onde os castelhanos teriam obrigatóriamente de passar.

Entretanto, como estes não pareciam muito dispostos a combater, afastaram-se da veiga, os portugueses não desistiram e foram ao seu encontro junto à igreja de São Marcos.

Este combate deu-se nos primeiros oito dias de Junho de 1385.

Castanheda conhecia a táctica de «pé-terra» usada por Nuno Álvares Pereira na batalha dos Atoleiros, e sabia que na muralha de lanças dos peões portugueses se desmonoraria a cavalaria castelhana.

Como o exército era composto por cavaleiroa, besteiros e homens de pé, Castanheda usou um a estratégia diferente, fazendo desmontar os 400 homens de armas e só os cavaleiros combateram montados.

Nuno Álvares manteve a formação habitual, mas os peões, muitos deles lavradores recrutados à pressa, mostravam-se desanimados.
Todo o exército parecia fraquejar, atemorizado pela superioridade numérica dos castelhanos.
Estes exultavam e avançavam rápidamente. Os cavaleiros perseguiam os peões fugitivos, que preferiam retroceder.

Recomposta a formação, a batalha prosseguiu durante todo o dia e a valentia dos portugueses levou a melhor.

Consumada a vitória, não se embargou a fuga de alguns castelhanos, para que espalhassem o pânico entre os seus, contando-lhes como combateu a lusa gente.

Do exército português morreram apenas alguns «peões medrosos».
Segundo Fernão Lopes, foi a "melhor ferida batalha entre Portugueses e Castelhanos de quantas houveram em toda a guerra".

Graças a essa vitória, os portugueses tomaram consciência da sua força.
Além deste aspecto, também no plano económico o triunfo teve grande significado: Os prisioneiros dos castelhanos foram soltos, não houve resgate a pagar e o vultuoso saque que o inimigo amontoara não pode seguir para Castela.

fonte de pesquisa
http://www.portugalweb.net
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dremanu

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« Responder #8 em: Abril 08, 2006, 05:57:00 pm »
Bom 'thread" Tomkat! :G-Ok:

Quanto à de Aljubarrota, aqui está o link de um "thread" onde se discute a batalha.

http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?t=156
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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TOMKAT

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« Responder #9 em: Abril 09, 2006, 05:31:07 pm »
Porque as guerras não são feitas só de vitórias....

Batalha de La Lys


As trincheiras em La Lys

A Batalha de La Lys deu-se em 9 de Abril de 1918, na região da Flandres, no sector de Ypres.

Nesta batalha, que marcou a participação de Portugal na I Guerra Mundial, os exércitos alemães, provocaram uma estrondosa derrota às tropas portuguesas.

A 2ª Divisão do CEP, Corpo Expedicionário Português, constituída por cerca de 20.000 homens, comandados pelo general Gomes da Costa, viu-se impotente para aguentar o embate das 4 Divisões alemães, do 6º exército, com cerca de 50.000 homens, comandadas pelo general Ferdinand von Quast.

Esta ofensiva alemã, montada pelo general Ludendorff, ficou conhecida como a Ofensiva Georgette.

Além das vantagens mais óbvias, houve um aterrível preparação de artilharia: o 6º exécito alemão tinha 1.686 canhões, contra apenas 521 do 1º exército britânico (uma superioridade de 3.3 para 1 e um a densidade de 100 canhões por quilómetro de frente, a maior de toda a guerra, antes e depois).
Estes canhões, muitos deles de calibre mais pesado que os ingleses, usariam as técnicas desenvolvidas pelo coronel Bruchmüller, um génio neste tipo de operação.
Um milhão e quatrocentos mil disparos de artilharia foram feitos no primeiro dia do ataque, que se concentrou na frente defendida pelos portugueses.

O comandante-chefe inglês Haig já sabia que um ataque alemão viria a acontecer nas proximidades da área defendida pelo CEP, com um ataque de 3 ou 4 divisões contra a CEP. De facto, no dia 6 de Abril, Haig tinha escrito a Foch: "Todas as informações apontam para a intenção do inimigo de continuar se esforço para destruir o exército britânico. Com isto em mente, ele parece estar preparando um aforça de 25 a 35 divisões para dar um pesado golpe na frente Bethune-Arras".
O CEP estava posicionado justamente so norte de Bethune mas, apesar disso, nada foi feito para reforçá-lo, especialmente considerando que eles ocupavam um sector muito grande, anteriormente defendido pelo dobro de tropas.

A destruição da divisão permitiu um avanço de cerca de 5km ás forças alemãs, mas este não foi o único avanço do dia. No flanco norte do CEP, defendido por tropas inglesas aconteceu igual avanço.

As tropas portuguesas, só em 4 horas de batalha, perderam cerca de 7.500 homens, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, ou seja mais de um terço dos efectivos.
Foram dados como mortos 327 oficiais e 7.098 praças, cerca de 35% da 2ª divisão do CEP.


Prisioneiros portugueses e ingleses da batalha de La Lys


Entre as diversas razões para esta derrota tão evidente, têm sido citadas, por diversos historiadores, as seguintes:

- Falta de preparação das tropas portuguesas, pois muitas foram embarcadas para a Flandres sem terem recebido treino militar.

- Devido à falta de barcos, as tropas não foram rendidas, o que provocou um grande desânimo nos soldados. Além disso, alguns oficiais, com maior poder económico e influência, conseguiram regressar a Portugal, mas não voltaram para ocupar os seus postos.

- As condições de vida péssimas nas trincheiras, que se encontravam sempre cheias de água e com grandes quantidades de lama.

- O moral do exército português era tão baixo que houve insubordinações, deserção e suicídios.

- O armamento alemão era muito superior, em qualidade e quantidade, do que o usado pelas tropas portuguesas.

- O ataque alemão deu-se no dia em que as tropas lusas tinham recebido ordens para, finalmente, serem deslocadas para posições mais à rectaguarda.

O resultado d batalha já era esperado pelos próprios comandantes do CEP, generais Tamagnini, Gomes da Costa e Sinel de Cortes, que por diversas vezes tinham comunicado ao governo português o estado calamitoso das tropas.

Contudo, no meio da desgraça, o regime português soube encontrar um herói para salvar a honra nacional: o célebre soldado Milhões - Anibal Augusto Milhais - que enquanto à sua volta via os camaradas cair sob fogo dos alemães, manobrou com bravura a metralhadora, dando cobertura à retirada dos companherios.

Depois da derrota na batalha, o CEP é removido para a rectaguarda e utilizado para abertura de trincheiras para os ingleses.

Fontes de consulta
http://enciclopedia.tiosam.com
http://maltez.info/respublica/quadroglobal/indexquadroglobal.htm


Comemorando os 88 anos da Batalha de La Lys.
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« Responder #10 em: Abril 27, 2006, 04:11:00 pm »
Porque as batalhas, para além dos meios humanos e materiais envolvidos, ganham-se e perdem-se essencialmente pela capacidade de quem lidera no campo de Batalha aqui fica um tributo a um grande General português e brilhante estratega, que por esta altura, faz agora 300 anos, andava por terras de Espanha dando mostras da sua argúcia em território hostil.

D. António Luís de Sousa, 4º conde do Prado e 2º marquês das Minas

Mestre de campo general, estribeiro-mor, governador e capitão general do Barsil, etc.

Nascido a 6 de Abril de 1644, falecido a 25 de Dezembro de 1721. Era filho do 1º marquês das Minas e 3º conde do Prado, D. francisco de Sousa, e da sua segunda mulher, D. Eufrásia Filipa de Lima.

Principiando a servir no exército, quando tinha 14 anos de idade, esteve com o seu pai em Elvas no ano de 1658, acompanhou-o depois para o Minho, assistiu a várias acções, e sendo já mestre de campo de um terço de infantaria, entrou na tomada do forte de Gayão, e continuando  servir nessa província, era general de batalha quando, em 1655, entrou na expuganção da vila da Guarda.

Concluída a paz com Catela, ficou a governando as arams de província do Minho, enquanto seu pai foi embaixador em Roma, e nesse posto continuou depois, porque o marquês das Minas não voltou a ocupá-lo, por ter sido nomeado presidente do Conselho do Ultramar.

Em 1974 sucedeu no título de marquês ao seu pai, e foi elevado a mestre de campo general, e daí a dez anos, sendo nomeado governador e capitão general do Brasil. Regressando a Portugal em 1687, foi logo escolhido para um dos lugares de consleheiro de guerra, e depois sucedeu ao duque de Cadaval no cargo de presidente da junta de Salabaco.

Quando em 1701 se ajustou entre Portugal, a França e Espanha um tratado de aliança para reconhecimento de Filipe V e para garantia do testamento de Carlos II, e se tratou de guarnecer a nossa capital e de pôr em defesa a margem do Tejo, foi o marquês das Minas encarregado do governo da praça de S. Julião da Barra, com o mando de todos os fortes desde Paço de Arcos até Cascais; tendo, porém, depois D. Pedro II ajustado com a Holanda, o Império e a Inglaterra, o tratado de 16 de Maio de 1703 em que o nosso país se coligava com esses estado contra Filipe V, e tratando-se de adoptar as prevenções para a guerra em qu enos íamos empenhar para defender o arquiduque Carlos, foi o marquês das Minas enciado para a província da Beira, afim de dispor de todas as coisas pertença do exército que deviam entrar em campanha.

Em lugar de desenvolverem um agrande actividade qu epoderia ter dado um golpe decisivo na soberania de Filipe V, o governo de D. Pedro II e os arquiduques mostraram-se pouco energéticos e decididos, e por isso, o duque de Berwick, abrindo a campanha, tomou Salvaterra e Segura que capitularam. Seguindo pela Beira assenhoreou-se de grande número de povoações, que não resistiram por estarem desguarnecidas à excepção de Monsanto e Idainha-a-Nova, onde os campónios protugueses fizeram uma bela defesa, e batendo o barão de Fágel nos desfiladeiros da Serra da Estrela prosseguiu até Vila Velha, atravessou o Tejo, fez a sua junção com o príncipe d eTilly, que entrara pelo Alentejo, e tomou Portalegre, ao passo que o marquês de Villadanas assolava o Algarve e tomava Castelo de Vide.

Não se podia imaginar mais desatroso começo das hostilidades, mas três coisas salvaram Portugal nessa apertadas e críticas circunstâncias: as intrigas da corte de Madrid que estrorvavam os desígnios do duque de Berwick, a inabilidade do príncipe de Tilly, e o grande talento do marqês das Minas que, entregue aos seus próprios recursos, quase sem víveres nem mantimentos para as tropas, porque os depósitos estaval em Castelo Branco e par ao lado do Alentejo, saíu de Alemeida a 2 de Junho com um apequena divisão e restableceu os negócios militares.

A sua intenção era cortar a linha de operações ao exército do duque de Berwick, mas este general, vendo que não recebia reforços de Madrid que o habilitassesm a porseguir a sua marcha vitoriosa, retirara para a fronteira, o que não impediu um dos seus generais de ser rudemente batido pelas tropas do marquês das Minas, que tinham sido reforçadas pelas dos condes de Atalaia e de Alvor como os contingentes do Minho e de Trás-os-Montes.

O marquês estreara-se tomendo fuente Guinaldo, e reconquistara depois finalmente as povoações portuguesas ocupadas pelas tropas do duque de Berwick. Tantos serviços prestados prestados pela marquês de Minas, confessados pelos própiros inimigos, pois o duque de Barwick sempre falava dele com nuita consideração ao passo que votava um profundo desprezo aos outros generais que tinha na sua frente, tantos serviços pois pareciam que o indigitavam para o comando em chefe do exército aliado, mas o holandês barão de Fágel e lorde Galloway eram os dois generais que tudo decidiam no exército, e debalde quiz o maquês das Minas entrar em Espanha impelindo adiante de si o general francês, que de bem poucas forças dispunha.

Prevaleceram as opiniões de lorde Galloway e do barão de Fágel, e a pretexto de estar próximo o Inverno,os doi soberanos recolheram-se a Lisboa sem terem vingado o insulto que o reino recebera das armas franco-espanholas, nem terem aproveitado os brilhantes sucessos do marquês das Minas. A este respeito dizem Paquis e Dochez na sua
História da Hespanha: «Das Minas continuava a ser empreendedor, mas todos os seus planos eram paralisados pela inépcia de lord Galloway».

No ano seguinte, o marquês das MInas continuou a ser posto de parte dando-se-lhe apenas o camando do exército da Beira, ao passo que o conde das Galveias, general distintíssimo mas muito idoso, recebia o comando do exército do Alentejo a que se tinham juntado as tropas estrangeiras, e que era destinado para operações militares.

À frente de um pequeno corpo de tropas viu-se o marquês obrigado a empregá-lo em acções de pouca importância, e limitou-se a reconquistar a praça de Salvaterra e a ocupar a povoação de Sarça, mas por fim, apesar da má vontade qu epareciam ter na corte ao marquês das Minas, não houva remédio senão confiar-lhe o comando principal do exército das operações.

Tratou logo o exímio general de fazer um acampanha de Outono, afim da favorecer com uma diversão poderosa as operações realizadas na catalunha pelo conde de Peterborough. Sem se demorar com a ataque e tomada de pequenas praças, determinou imediatamente pôr cerco a Badajoz, que lhe devia servir de base de operações.

Nos princípios de Outubro entrou em campanha, traçou em redor de Badajoz a linha de cricunvalação, e que com tanta energia bateu a praça, qu eetava já a brecha a ponot de ser praticável, quando o marechal de Pessé conseguiu passar Xévora, por discuido ou por maldade de lorde Galloway, e formar-se em batalha debaixo dos muros de Badajoz cobrindo-a dessa forma e tronando-a inexpugnável. Ficaram desse modo inúteis todas as precauções que o marquês das Minas tomara para que a praça não fosse socorrida. Não faltou quem atribuísse à inveja e à má vontade dos generais estrangeiros a singularidade de passar um exército inteiro quase à vista do nosso sem ser sentido, mas o marquês das Minas, devorando em silêncio o seu desepero, porque assim perdera um aóptima ocasião de dar um profundíssimo golpe no poder do rei de Espanha, tratou de levantar o cerco sem deixar nem uma única peça nas mãos do inimigo, levando até dos arredores da praça tudo qunato entendeu que era útil ao exército.

Daí a pouco Filipe V, obrigado pela notícia que lhe chegara da rendição de Barcelona, chamou da fronteira portuguesa o marechal Pessé com grande parte das forças que aí militavam, e o marquês das Minas, ficando por isso com um pequeno exército na sua frente, abriu a cmpanha e 1706 resolvido a marchar sobre Madrid.

Concentrando num só corpo todas as suas tropas, dirigiu-se rapidamente para norte deixando Badajoz à sua direita, ocupou d esurpresa os lugares de S. Vicente e Membrio, e travou um renhido combate com o inimigo em Brozas. Alcançando aí uma importante vitória diexou o adversário retirar para Cáceres, prosseguiu para Alcântara, que no fim de cinco dias de heróica resistência teve de se render, enviando o marquês para Portugal em resultado dessa capitulação 4.200 prisioneiros, entre os quais se contavam 6 generais e 128 oficiais, e assenhoreando-se por essa ocasião de 47 peças de artilharia, 2.961 espingardas fora as desarmadas. 3.900 arrobas de pólvora. 1.800 balas de artilharia, 360 caixas de balas de chumbo, 6 morteiros, 400 moios de farinha, 100 de cevada, 200 tonéis de vinho, 1.100 fardamentos novos, 105 cavalos, etc.

Sem se demorar em Alcântara mais do que o tempo necessário para reunir abastecimentos e munições, o marquês das Minas  seguiu em direcção a Madrid pela estrada de Palência. Preparava-se o duque de Berwick para passar o Tejo, afim d esocorrer Alcântara, quando teve a notícia da que a praça se rendera. Retirando então para Placencia com o intento de cobrir a capital do reino sem se aventurar a uma batalha, começou entre os dois hábeis generais, que se acahvam frente a frente, uma série de marchas e contramarchas estratégicas em que o duque de Berwick e o marquês das Minas se mostraram igualmente dignos um do outro.
O marquês não querendo empreender uma marcha tão audaciosa sem ter bem segura a comunicação com Portugal, e sem sujeitar ao mesmo tempo ao poder de Carlos III uma larga extensão de território, emquanto marchava sobre Placencia, ocupando no caminho Coria e Galisteo, mandou ao mesmo tempo destacamentos do seu exército par aocuparem na sua direita Càceres e Truxillo.

No dia 28 apareceu diante de Placencia onde, depois do duque retirar para a margem esquerda do rio, entrou logo fazendo aí aclamar Carlos III rei de Espanha, Desse ponto continuou o exército português para Madrid peal estrada que, sendo cortada pelo Tretor, atravessa Naval-Moral, Talavera de la Reyna e Toledo e pela qual se retirava o duque de Berwick fazendo apenas um simulacro de resistênciam na ideia de atrair o marqês das Minas às estéris planícies da Casstela Nova.

Chegando a Almaraz o nosso general, compreendendo o fim do adversário, deixou de o perseguir, retirou subitamente para Coria e fazendo um grande rodeio, seguiu par anorte a estrada de Ciudad Rodrigo e de Slamanca, colhendo assim a vantagem de marchar ao longo da fronteira da nossa província da Beira e de ser reforçado por tropas frescas, ao passo que o duque de Berwick se pretendesse ir-lhe no alcance se via obrigado a enfraquecer ainda mais o seu pequeno exército.

A 22 de Maio de 1706, quando o duque de berwick mal podia suspeitar das intenções do marqeês das Minas, dirigia-se o nosso exércitoa marchas forçadas para Ciudad Rodrigo, e abdicando das condoções de capitulação para não demorar a marcha, tomou posse dessa praça e encaminhou-se para Salamanca, onde ditou a lei, prosseguindo logo depois para Madrid sem encontrar resistência, porque o duque não teve ou não teve forças ou não teve tempo para lhe distputar a passagem dos desfiladeiros do Guadarrama.

A 24 de Junho chegou o marquês das Minas perto de Madrid, ao sítio de Nossa Senhora do Retamal, e esperando aí notícias da capital de Espanha para saber da atitude que ela tomaria da atitude contra o exército vencedor, não tardou a receber informações seguras.
A orgulhosa cidade mandava humildemente os seus deputados ao general português para lhe pedir que nomeasse o carregador que devia governar a cidade, e muitas das cidades das províncias próximas tais como Segóvia, Toledo, Talavera, Ávila e outras, que enviaram também os seus emissários para implorarem a protecção do nosso general.

No dia 28 finalmente fez p exército português a sua entrada triunfal na cidade que fora a sede da corte de Filipe II, e ao cabo de 126 anos o marquês das Minas vingava a afronta que Portugal sofrera com a entrada do duque de Alba na formosa Lisboa.

Entradas em Madrid as forças do comando do marquês das Minas, ordenou este que se efectuasse com toda a solenidade a aclamação de Carlos III, o que se realizou a 2 de Julho, e ao mesmo tempo enviou recados sobre recados ao arquiduque, para que apressasse a sua vinda para a capital, mas esse príncipe fez muito devagar a viagem de Barcelona a Madrid, demorou-se em Saragoça, e de mais a mais paralisou todos os movimentos do marquês  como os avisos que lhe mandava da que não tardaria a unir-se-lhe.

Com todas estas delongas e junção só veio a efectura-se quando já toda a Espanha estva em Fogo, quando o duque de Berwick cortava as comunicações do exército com Aragão, como já estavam cortadas com Portugal, e na ocasião  por fim em que o marquês das Minas, para não ser envolvido pelas tropas regulares e pelos insurgentes, se viu obrigado a retirar para a fronteira de Valência, onde entrou intacto mantendo sempre à distância o inimigo que lhe era superior em número.

Refazendo então como pode o seu exército, tomou a ofensiva, expugnou o castelo de Vilena, e procurou atacar o inimigo em Montalegre e em Esla, até que os dois exércitos opostos se encontraram nos campos de Almanza a 25 de Abril de 1707, onde as nossas tropas sofreram um terrível revés. Essa derrota em nada macula a reputação militar do marquês das Minas, porque este general a previu a recuou, e se se aventurou a dar batalha, foi obrigado pelo voto contrário de lorde Galloway, voto que tinha grande peso como representante da nação que entre os aliados tinha mais importância, mas como sempre sucede, o marquês das Minas, que tão vitoriado fora quando entrara triunfalmente em Madrid, viu agora todo o seu prestígio perdido, e recolhendo a Lisboa e pretendendo voltar ao governo das armas do Alentejo, nem isso lhe concederam.

Quiz então o ilustre general demitir-se de todos os cargos e honras, mas a pedido do Rei desistiu desse intento, e passou o resto da vida exercendo o lugar de estribeiro-mor da Rainha.

fonte:http://www.arqnet.pt/dicionario/minas2m.html
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« Responder #11 em: Junho 24, 2006, 01:06:48 am »
Batalha de S. Mamede



24 de Junho de 1128

D. Afonso Henriques nascido em Guimarães em 1111, até aos 12 anos esteve entregue aos cuidados de seu aio, Egas Moniz, honrado e lealíssimo carácter que tantas provas lhe deu de dedicação e amor.
Aos 14 anos foi armado cavaleiro na catedral de Samora. Por morte de seu pai tendo D. Afonso apenas 3 anos, D. Teresa ficara governando Portucale durante a sua menoridade.
Sendo ambiciosa, esforçava-se por subtrair os seus estados à suserania de Leão; daqui resultaram grandes lutas, em que o espírito da independência, que sempre tinham manifestado os barões do sul do Minho, auxiliou poderosamente as suas vistas ambiciosas. D. Teresa, porém, deixou-se cativar pelo prestígio dum fidalgo galego, D. Fernão Peres, conde de Trava, e os projectos de ambição tomaram um carácter mais pessoal.
0 conde de Trava insinuou-se no espírito de D. Teresa, pretendendo desposá-la para assim desapossar o jovem Afonso Henriques dos estados que de direito lhe pertenciam. D. Afonso, apesar dos seus verdes anos, e que não vira nunca com bons olhos os amores de sua mãe, tornou-se chefe do movimento revolucionário, preparado pelos fidalgos, verdadeiros e leais portugueses, que exigiam a conservação da sua independência.
D. Afonso VII, rei de Leão, que sucedera a seu pai D. Afonso VI, não desistindo do intento de conservar a suserania sobre os estados de Portucale, aproveitou o ensejo, para o invadir em som de guerra, cercando exactamente Guimarães. Esta invasão veio perturbar dalguma forma os dois partidos, o de D. Teresa e o de seu filho, e acirrar ainda mais os ânimos; o jovem príncipe português, vendo-se a braços com a guerra interna, não desejava envolver-se em conflitos externos, e por isso, querendo ver-se livre o mais breve possível do seu adversário, prometeu tudo quanto ele exigia, empenhando Egas Moniz a sua palavra em como a promessa seria cumprida.
D. Teresa também acedeu às suas exigências, D. Afonso retirou-se tranquilamente para os seus estados. Então, tornou-se ainda mais encarniçada a guerra entre os dois partidos; e estando D. Teresa em Guimarães com o conde de Trava, D. Afonso Henriques marchou contra eles seguido pela maior parte dos fidalgos portugueses. 0 conde do Trava saiu-lhe ao caminho com o seu exército nos campos de S. Mamede, onde se deu renhida batalha, em que ficou vitorioso o jovem principie, sendo expulsos do reino D. Teresa e o conde de Trava. Esta batalha deu se em 1128.
O entusiasmo levou então D. Afonso Henriques a esquecer a promessa feita pelo seu aio, mostrando-se resolvido a não a cumprir. Egas Moniz entendeu que era preciso uma vítima expiatória, para não manchar a aurora do novo reino, e foi apresentar-se ao rei de Leão, acompanhado de sua mulher e filhos, oferecendo-lhe a sua vida e a de todos os seus, para resgate da sua fé. D. Afonso VII impressionou-se muito com a grandeza desta dedicação e honradez, e despediu o cavaleiro, incólume e livre, dando-lhe provas do grande apreço que lhe merecia.
Nas guerras com Leão e as lutas, tanto internas como externas, que teve de sustentar, dominado pelo pensamento de consolidar a independência de Portugal, adquiriu D. Afonso Henriques a firmeza e o heroísmo, que depois tão brilhantemente se haviam de afirmar e que tantos respeitos lhe conquistaram.

fonte:http://www.arqnet.pt/dicionario/afonso1.html

Na Batalha de S. Mamede concretizou-se o propósito, com D. Afonso Henriques como obreiro, de levar por diante o projecto de uma Nação livre e independente.... PORTUGAL.
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« Responder #12 em: Julho 07, 2006, 02:23:50 am »

Padrão que assinala o local os se deu a Batalha de S. Mamede



Batalha de Castelo Rodrigo

07 de Julho de 1664

A localidade que está na origem de Castelo Rodrigofoi fundada por Afonso IX de Leão, que a doou ao conde Rodrigo Gonzalez de Girón, ficarando com o nome do seu povoador. Em tempo de D. Dinis de Portugal, rei e poeta, passou para a coroa portuguesa.

O brasão desta pacífica aldeia tem uma originalidade que o torna diferente de todos os outros e uma história para contar. D. Beatriz, única filha de D. Fernando de Portugal, estava casada com o rei de Castela. Por morte de seu pai, e com a sua subida ao trono, Portugal perderia a sua independência a favor de Castela. Os Senhores de Castelo Rodrigo tomaram partido por D. Beatriz, mas não contaram que D. João, Mestre de Avis, viesse a vencer os castelhanos na Batalha de Aljubarrota, em 1385. Coroado rei de Portugal, D. João I não perdoou e mandou que armas de Portugal fossem representadas em posição invertida

No séc. XVI, Filipe II de Espanha anexou a Coroa Portuguesa. O povo não gostou, mas parte da alta nobreza aliou-se ao novo rei. Foi o caso de Cristóvão de Mora, Governador de Castelo Rodrigo. A população vingou-se e pegou fogo ao enorme palácio, logo que lá chegou notícia da Restauração


No século XVII, na Guerra da Restauração, Castelo Rodrigo escreveu a mais bonita página da sua história. Castelo Rodrigo, mantinha-se como fortificação activa, pertencendo à comarca judicial de Pinhel e ao bispado de Lamego, integrando o número de vilas com assento nas cortes, onde em 1642 ocupava o 11ºbanco. Os seus habitantes prezavam a sua situação como centro da região. Além disso, a vila tinha voz activa quanto à organização dos governos de armas da Beira, coincidindo com Castelo Branco no pedido feito em cortes, em 1646, para que o governo da Beira fosse dividido em dois, para maior eficácia na defesa.
O monarca D. João IV vai então ordenar a divisão da Beira por dois governadores de armas, acreditando que assim ficaria melhor defendida, pois permitia um melhor racionamento das tropas, ao encurtar as zonas de acção numa província tão dilatada.
Assim, o governo das armas das comarcas da Guarda, Pinhel, Lamego e Esgueira é confiado a D. Rodrigo de Castro, então governador da cavalaria do exército do Alentejo, ao passo que Castelo Branco, Viseu e Coimbra ficaram ás ordens de D. Sancho Manuel.
O primeiro comando designava-se por Partido de Almeidae o segundo por Partido de Penamacor.Procurando testar o governador do partido de Almeida, os castelhanos tomam-lhe o pulso, atacando a região de Alfaiates. D. Rodrigo responde, e põe debaixo de ataques S. Felices de los Galegos e destruíu a «campanha» em redor de Ciudad Rodrigo.
Os dois chefes portugueses chegam a planear um ataque conjunto a Alcântara. Em 1651, os castelhanos avançam por Castelo Rodrigo e Sabugal, a que D. Rodrigo de Castro responde, atacando a região de Ciudad Rodrigo e de Salamanca.

Para termos uma ideia clara da importância de Castelo Rodrigo, convém avaliar as várias peças de armas dos dois reinos. Tal como se passava no plano de defesa Português, também a coroa espanhola, ponderava as necessidades e prioridade das suas praças de armas, junto à fronteira de Portugal, onde se destacava Ciudad Rodrigo.
A importância desta praça é bem visível no facto de ter justificado a nomeação, para o seu comando, do duque de Alba, num primeiro momento, e do duque de Ossuna, num segundo.
Só tendo em conta tais factores, será possível fazer justiça ao significado da Batalha de Castelo Rodrigo (Salgadela), uma entre as cinco grandes batalhas da Restauração, segundo o conde da Ericeira.

No ano de 1664, o Marquês de Marialva organiza as forças do Alentejo, tendo as forças portuguesas atacado Valência de Alcântara, rendendo-se muitos lugares. Na Beira, o duque de Ossuna fortifica-se perto de Aldeia do Bispo, mas na doença temporária do governador de armas do partido de Almeida, Pedro Jacques de Magalhães, forças vindas de Trás-os-Montes impedem qualquer avanço. Por sua vez, em Janeiro, Afonso Furtado de Mendonça passa o rio Tourões com 6000 infantes e 1000 cavalos; não consegue destruir o forte, mas danifica os campos de Ciudad Rodrigo.
Depois de construído o forte de Aldeia do Bispo, Ossuna destruiu a ponte de Riba Côa, que facilitava o provimento de Almeida. A ponte é reparada, tendo o governador de armas colocado no local uma atalaia.
Após a tentativa portuguesa falhada de tomar Sobradilho, já que a artilharia não chegou a tempo por dificuldades de transposição do Águeda, Ossuna responde com 5000 infantes, 70 cavalos, 9 peças de artilharia, munições e carruagens e a 6 de Julho está sobre Castelo Rodrigo, que segundo Ericeira era «praça sem mais defesa que uma muralha antiga, porém, situada em terra defensável», sendo a vila governada pelo mestre-de-campo António Freire Ferreira Ferrão, com uma guarnição de 150 soldados. Foi valorosa a resistência dos defensores, mas necessitavam de socorros. Pediram-nos, tendo estes chegado devido à diligência de Pedro Jacques Magalhães que com 2500 infantes, 500 cavalos e 2 peças de artilharia, avança em socorro da praça sitiada, sem mantimentos, tendo os soldados que partilhar o pão que levavam.
No dizer de D. Luís de Meneses, «... Obedeceram os soldados, alegres e valorosos, em todos os séculos glorioso por esta acção, pois raramente se achará exemplo de igual constância e sofrimento...». Vindo em socorro, na manhã de 7 de Julho, encontravam-se perto das hostes castelhanas, já que aproveitaram o silêncio da noite para avançar sem serem notados. Ossuna atacava a praça, tendo o governador e seus homens resistido. Avança Pedro Jacques, antecipando-se ao reforço que o exército espanhol esperava do Comissário Geral de Cavalaria D. João de Robles, que no dia anterior havia chegado a Ciudad Rodrigo com 300 cavalos e 1000 infantes.
Pedro Jacques exorta os seus homens a combater, lembrando os ataques constantes de Ossuna à província. Manda tocar as trombetas e caixas, som que identificou ao duque de Ossuna a presença das forças, tomam a artilharia espanhola e desbaratam as suas forças. A batalha estendeu-se depois nos campos entre o Convento de Santa Maria de Aguiar e a Mata de Lobos.

Pedro Jacques de Magalhães, tendo retirado vitorioso para Almeida, enviava à corte o seu filho Henrique, de 14 anos, que não obstante a idade, já exercitara o posto de capitão de infantaria. A corte celebrava a vitória. O jornal Mercúrio Português dedicava ao acontecimento um número especial '... Mercurio Portuguez, com as novas do mez de julho anno 1664. Com a gloriosa & maravilhosa vietoria, que alcançou Pedro Jacques de Magalhães, Governador das armas do partido de Almeyda, contra o duque de Ossuna em Castello Rodrigo...'.
Do lado espanhol, D. Guilhermo Toribio conta-nos a retirada do Duque de Ossuna “… acosado el duque por todas partes, com el ejército em derrota, emprendió la retirada … perseguido de cerca y hostilizado constantemente…”.
A luta ficava então reduzida a pequenas escaramuças locais até à paz de 13 de Fevereiro de 1668, terminando também o reinado dramático de D. Afonso VI, a quem sucede o regente, infante D. Pedro, ao serviço de quem estará Pedro Jacques de Magalhães, o chefe vitorioso de uma grande batalha da restauração, a única que teve lugar na Beira, numa das praças da fronteira.

A partir da batalha de Castelo Rodrigo nasceram lendas envolvendo Santa Maria de Aguiar que ainda hoje persistem, em festividades de carácter religioso. A santa começou a ser venerada há vários séculos, na sequência de uma preciosa ajuda às tropas portuguesas, nas batalhas que travaram com os espanhóis. O povo descreve essa ajuda em duas lendas. A primeira está relacionada com a grande batalha de Castelo Rodrigo, entre Castelhanos e Portugueses, travada em 1664, nos campos que rodeiam o convento do Real Mosteiro de Santa Maria de Aguiar.
Apesar de em maior número, os espanhóis foram derrotados. Tantos foram os mortos e feridos que a batalha ficou conhecida como a "Batalha da Salgadela". Segundo a lenda, a santa teve um papel preponderante na vitória lusa, já que recebia, num manto, as balas que os castelhanos disparavam, evitando que os portugueses fossem atingidos
Um castelhano terá avistado Nossa Senhora e dito aos colegas "Mira, que anda Santa Capeluda a aparar las balas con un azafate".
Outra lenda tem como cenário a torre de Aguiar, situada nas proximidades do mosteiro. Ali habitava um castelão e a mulher. Um dia, quando foi caçar, apareceram os invasores castelhanos e, perante o perigo de ser levada, a mulher rezou a Nossa Senhora para que a protegesse. Terá, então, aparecido um cavalo, junto de uma das janelas da fortaleza, no qual a mulher pôde fugir para o convento.

Fontes:
http://www.cm-fcr.pt/concelho/historia07.htm
http://www.paroquias.org/noticias.php?n=791
http://www.visitportugal.com/
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« Responder #13 em: Agosto 14, 2006, 01:53:48 am »


Batalha de Aljubarrota

14 de Agosto de 1385

A BATALHA

Após a invasão de Portugal pela Beira Alta, a 8 de Julho, e conhecida a 13 em Abrantes, os movimentos estratégicos das forcas portuguesas (as hostes de D. João I e de Nuno Álvares Pereira) são feitos com o objectivo de, conhecida com segurança a linha de penetração do inimigo, a interceptarem, obrigando-o ao combate. A batalha foi imposta pelos portugueses.

O combate foi travado duas léguas a norte da aldeia de Aljubarrota.

No dia 12 de Agosto os castelhanos estavam provavelmente em Leiria e os portugueses em Porto de Mós. Nestes pontos estacionaram os exércitos.

Nuno Álvares, a 13 de Agosto saiu em reconhecimento do inimigo e deve ter escolhido nesse reconhecimento a posição que no dia 14 viria a ocupar para cortar a marcha dos castelhanos. A posição era situada num pequeno planalto a sul da ribeira de Calvaria, que podia ser atravessada a vau sem grande dificuldade. Ladeavam a posição os ribeiros do vale de Madeiros e do vale da Mata, respectivamente à esquerda e à direita de quem está voltado para norte.

O exército português ocupou o lado norte do pequeno planalto o qual apresenta muitos esporões praticamente inacessíveis. Entre dois deles passava a estrada por onde os castelhanos haviam de vir. De forma geral, só se pode subir da várzea pantanosa da ribeira da Calvaria para esse pequeno planalto pelos vales que o ladeiam.

Estas condições do terreno limitavam muito a frente em que o inimigo podia lançar o ataque e ainda permitiam que ele fosse batido de flanco, por tiros cruzados de atiradores (besteiros e archeiros) postados nos esporões e colocados nas alas esquerda e direita.

As encostas dos flancos eram impróprias para o emprego da cavalaria pesada de Castela.

Às dez horas (solares) da manhã do dia 14, os portugueses estavam instalados na posição sobre a ribeira de Calvaria. Ao meio-dia, a testa da coluna castelhana «chega acerca dos portugueses» a 1250 metros na crista da encosta fronteira.

Reconhecendo a força da posição portuguesa, o exército castelhano decide ladeá-la pelo oeste e às 13 horas estaciona onde hoje existe a povoação de Calvaria, que era visível da posição portuguesa.

Em face do movimento do inimigo, o exército português começa a abandonar a primeira posição. Inverte a frente e desloca-se para o sul o suficiente para assegurar o espaço de manobra à retaguarda e à carriagem, indo ocupar uma nova posição mais a sul.

«Passou a vanguarda pela retaguarda» relata Fernão Lopes. Quer dizer, a retaguarda abriu para dar passagem à vanguarda, mas as alas não cruzaram, ficaram dos lados em que estavam na 1ª posição.

Andados 2100 metros foi encontrada uma boa posição: o flanco esquerdo coberto por bons obstáculos; o flanco direito apoiado num áspero declive.

Às 12 e 45 começa a instalação da frente. Duas horas depois a nova posição estava ocupada.

Às 15, o trem estava em posição, 1500 metros a sul da primeira posição que ocupara. A frente do exército português estava, agora, virada ao sul.

Alcide de Oliveira, no seu livro «Aljubarrota Dissecada», 1979, propõe a seguinte fita de tempo para os movimentos dos dois exércitos, no dia 14 de Agosto, até ao início da batalha:

EXÉRCITO DE PORTUGAL
Partida de Porto Mós ......................................05:15
Chegada à 1ª posição......................................06:45
Fim da instalação, começo de armar cavaleiros,
 alocuções às tropas ...........................……………10:00
Aparecimento dos castelhanos no horizonte  …..11:45
Paragem da testa da coluna castelhana em Jardoeira (a norte da rib. de Calvaria)..................................................... 12:00
Recomeço da marcha da col. castelhana,
inflectindo para oeste...................………………… 12:15
Começo do abandono da 1ª posição pela tropa portuguesa………12:30
Começo da ocupação da 2ª posição ................12:45
Fim da instalação na 2ª posição......................14:45
Chegada do reforço dos cavaleiros da Beira…………..15:00
Diálogo com os parlamentares do rei de Castela……16:30
Recepção da espada mandada pelo conde D. João Afonso Teles, que vinha na hoste de Castela, a Nuno Alvares...............17:00
Deserção de um grupo da segurança do trem……………18:15

EXÉRCITO DE CASTELA
Chegada da testa à Jardoeira .........................12:00
Chegada da testa à Calvaria e paragem.........13:00
Prosseguimento da marcha após reconhecimento da base de ataque….14:00
Começo da ocupação da base de ataque.........14:30
O rei chega a Chão de Feira (a sul de Calvaria) …….15:45
Saída dos parlamentares …................................16:00
Regresso e início do Conselho….......................17:00
Chegada da testa do trem (trons) ....................17:15
Apear e recolher das montadas ......................17:30
Fim da reunião do Conselho …..........................17:45
Fim da instalação a pé na zona de partida da 1ª batalha (1° escalão de ataque) …18:45
Recolha das montadas da 2ª batalha (2º escalão de ataque), chegada da testa da coluna de besteiros e lanceiros (tropa apeada do 1º escalão de marcha) ao escurecer depois das 19:15
(não chegam a tempo do combate) ………………………………após 19:15


As tropas que se iriam defrontar eram muito diferentes em efectivos. Os dados disponíveis correspondem a avaliações prováveis:

A hoste portuguesa terá a seguinte composição aproximada:

MONTADOS
Cavaleiros portugueses (lanças) 1 100
Cavaleiros ingleses e gascões 100
Besteiros (escolta do rei) 100
Archeiros ingleses 100

APEADOS
Homens de armas (lanças «não bem corrigidas») 500
Besteiros 700
Peões 3 900
SOMA DOS COMBATENTES 6 500
Não combatentes (cerca de 1/3 dos combatentes) 2 500
TOTAL 9 000


Das guarnições e praças portuguesas que estavam por Castela deveriam vir 500 lanças, 300 besteiros e 1000 peões.

O número de castelhanos era tal que não se deslocavam numa só coluna de marcha, mas em duas, uma coluna montada e outra apeada.

A coluna montada compreendia 17 400 combatentes e 6000 não combatentes. A coluna apeada 13 600 combatentes e 5000 não combatentes.

A coluna de marcha do exército português necessitava de 3 ½ a 4 horas para se desenvolver de modo a ocupar a posição.

Cada uma das colunas dos castelhanos de cinco horas e meia.

Quando a batalha teve início, ao cair da tarde, as tropas castelhanas ainda estavam a chegar à sua posição. A 2ª coluna de marcha, ainda na Azoia, a norte do local da batalha, quando soube da derrota, retomou o caminho de Castela.

DISPOSITIVOS


Do lado português a frente teria 350 a 400 metros, do lado castelhano 750 metros, porque o terreno, o pequeno planalto se espraiava para sul da actual capela de S. Jorge (mandada construir por Nuno Álvares Pereira no local onde estivera a sua bandeira durante a batalha). O perfil longitudinal do terreno descia do sul para norte. À frente da posição portuguesa foram criados obstáculos: — uma linha de abatises diante das faces (alas) que flanqueavam a vanguarda para garantir uma boa actuação (e defesa) dos besteiros e archeiros e evitar que sobre a pressão do inimigo aqueles fossem atirados para as encostas dos vales que ladeavam a posição; — uma vala frontal ou fosso de uns 300 a 400 metros para contrariar a progressão inimiga e o obrigar a combater debaixo do tiro dos besteiros e archeiros das alas. Há ainda notícia de que a posição portuguesa seria protegida por uma paliçada de madeira, o arraial de tavoado da Cumieira de Aljubarrota doado em 15 de Agosto de 1385 por D. João I.

Quanto ao que se julgou ser «covas de lobo» encontradas em escavações feitas no fim da década de 50, as suas dimensões e disposição em relação à frente de combate, bem como o tempo e pessoal que havia disponível para as abrir, levaram Alcide de Oliveira a uma investigação no local, da qual concluiu: «Não se trata, repetimos, e obras de organização do terreno mas sim covas feitas pelos oleiros ou telheiros da época para colheita de barro, e que o Condestável aproveitou para apoiar a asa oriental da sua ala esquerda, condenada a instalar-se na aba do esporão de São Jorge cujo terreno possuía um valor militar manifestamente mais fraco.

«Era um obstáculo ocasional, inteligentemente aproveitado e que bastaria dissimular... As covas foram, pois, uma determinante da escolha da posição e não uma sua consequência.»

Os obstáculos criados ou aproveitados diminuíam a frente de ataque do exército castelhano.

O dispositivo português [Figura 1] constituía (aproximadamente) um quadrado, tendo a frente e a retaguarda cerca de 350 metros de extensão e os lados cerca de 400 metros. À frente, a vanguarda, sob o comando de Nuno Álvares Pereira era formada por 600 lanças (cavalaria apeada) dispostas em três linhas, mais 50 peões da escolta do Condestável. De cada um dos extremos da vanguarda estava formada uma ala, imediatamente contígua à vanguarda, formando com ela um corpo único, a chamada 1ª batalha, porque era a que estava à frente.

As alas tinham a forma de um V com o vértice voltado para o inimigo e os lados do V guarnecidos por tropas. Eram como que dois «baluartes» (em linguagem da fortificação permanente), salientes em relação à linha da vanguarda. Os salientes teriam uma extensão de 100 a 130 metros. Estes salientes permitiam que, pelo lado de dentro, os besteiros e archeiros fizessem tiro cruzado sobre o inimigo à frente da vanguarda do exército português quando aquele assaltasse a posição portuguesa. Do lado de fora, o saliente permitia a defesa contra os ataques de flanco sobre a vanguarda do exército português.

A ala direita, do lado ocidental, era constituída por 200 lanças (das quais 100 estrangeiras) 100 archeiros ingleses, 100 besteiros e 750 peões.

A ala esquerda, a ala dos Namorados, do lado oriental, era formada por 200 lanças, 200 besteiros e 650 peões,

As alas eram formadas em quatro linhas: besteiros na 1ª, peões nas 2ª e 3ª e cavaleiros (apeados) na 4ª. Os besteiros atiram, quer colocando-se à frente (e recolhendo-se ao quadrado no momento porventura necessário), quer pelos intervalos entre as lanças.

Atrás da vanguarda e suas duas alas (a 1ª batalha), a cerca de 200 metros, no interior do quadrado, formava a retaguarda, cujo alinhamento era paralelo ao da vanguarda. Ocupando os lados do quadrado, duas guardas de flanco no lado oeste, duas guardas de flanco no lado este.

A retaguarda e as guardas de flanco, laterais, constituíam a 2ª batalha. Era comandada pelo rei D. João I.

A 2ª batalha era formada por 700 lanças (apeada), 300 besteiros (dos quais 100 da escolta do rei) e 1050 peões.

A retaguarda era formada por três linhas sendo a 1ª de peões, 250, e as 2ª e 3ª de lanças, 500. As guardas de flanco eram formadas pelos restantes combatentes da 2ª batalha, dispostos em três linhas, sendo a linha interior e a linha exterior (em relação ao quadrado) ocupadas pelos peões. Em cada flanco 100 lanças, 100 besteiros e 400 peões.

A missão das guardas de flanco era não só não permitir ao inimigo que entrasse no quadrado pelos lados perpendiculares à frente, isto é, pelos flancos do dispositivo defensivo, como também fechar o cerco ao inimigo e cair sobre ele, caso este tivesse penetrado no quadrado rompendo a frente, a vanguarda.

Atrás da retaguarda, a uns 150 metros, a carriagem ou o «curral» fecham o quadrado. Compreendia o trem de acompanhamento. Era guarnecida por 200 besteiros e 1400 peões. Os carros estacionados, uns junto dos outros, com os animais desatrelados, os próprios cavalos e muares de reserva constituíam um obstáculo à penetração do inimigo por detrás do dispositivo.

No total as nossas tropas combatentes estavam todas instaladas na posição.

A missão da vanguarda era a de suportar o choque principal do assalto inimigo. Nela formavam os melhores combatentes.

A missão principal das alas e das guardas de flanco foi referida atrás.

A missão da retaguarda era a de reforçar a vanguarda, colmatar as brechas feitas pelo inimigo na frente e, se possível, o contra-ataque.

Alguns cavaleiros inimigos, apresentando-se como parlamentários, tentaram reconhecer a posição portuguesa antes do combate. Nuno Alvares Pereira repeliu-os. Mas devem ter verificado que a posição portuguesa era muito forte. Quando o rei de Castela reuniu o conselho para decidir sobre dar ou não dar batalha, as opiniões dividem-se em três correntes:

- não dar batalha mas conservar-se no terreno aguardando a defecção dos portugueses, desmoralizados perante o grande número de inimigos e esgotados pela marcha de aproximação da posição e por nela aguardarem há tantas horas, debaixo de sol escaldante o ataque do inimigo;

- não dar batalha e prosseguir a marcha sobre Lisboa, objectivo que, conquistado, significaria a conquista do reino;

- dar batalha imediatamente.

Os cavaleiros mais experientes, que tinham estado noutras batalhas, eram de opinião que não se travasse combate, por várias razões:

- a posição portuguesa era muito forte;

- as alas tinham dificuldade em tomar parte no combate porque a frente da posição era estreita e eles eram obrigados a desdobrar-se sobre as encostas que ladeavam a posição;

- era o cair da tarde e eram necessárias ainda horas para que as tropas se pudessem ordenar sobre a posição e estavam cansadas da marcha de aproximação.
 
Mas os cavaleiros mais inexperientes e arrogantes, entre os quais se encontravam os nobres portugueses, menosprezando o valor e a posição defensiva do inimigo, bem como as condições do terreno, defenderam que se devia dar batalha, pois era manifesta a inferioridade portuguesa. Há um documento escrito pelo rei de Castela, poucos dias após a batalha, em que ele afirma ter dado ordens para que não se ferisse o combate. Mas os cavaleiros da vanguarda (entre os quais se destacava o conde João Afonso Telo, irmão de D. Leonor Teles) iniciaram o ataque pouco depois das seis horas da tarde. Há aqui que apontar a falta de unidade de comando do lado de Castela o que, para além das fracas qualidades pessoais do rei, não é de estranhar num exército de tipo senhorial, constituído por hostes do rei, dos grandes senhores e das ordens militares.

Que os castelhanos atacassem era o que pretendia o comando português. Os movimentos estratégicos e tácticos da tropa portuguesa haviam tido o objectivo de cortar o caminho ao inimigo, provocando a batalha.

D. João I e Nuno Alvares apresentavam a sua hoste ao invasor, provocando-o.

A manobra de contorno, por oeste, da 1ª posição portuguesa ameaçou deitar por terra o ambicioso plano do comando português. Mas este insistiu, fez inverter a frente do seu exército e de novo se apresentou aos castelhanos com o objectivo de lhe cortar a penetração.

Nuno Alvares Pereira tinha consciência da desproporção dos efectivos e dos seus efeitos sobre a moral das tropas: nos dias que precederam a batalha procurou evitar que os seus homens conhecessem a enorme superioridade do inimigo, para que não desmoralizassem. No dia 14 de Agosto, D. João I e Nuno Alvares Pereira andavam constantemente entre os seus homens, moralizando-os. De facto, o moral dos portugueses, de tão grande importância no desfecho da batalha, era grande: quando as tropas viram o inimigo contornar a 1ª posição, furtando-se ao combate, os portugueses exclamaram: «o pesar do demo, já se vão e não querem pelejar».

Enquanto o dispositivo português era defensivo, o castelhano era atacante [Figura 2]. A frente de ataque tinha cerca de 750 metros. À frente da vanguarda, 16 trons, com 50 bombardeiros (artilharia primitiva) e uma linha de 200 besteiros, para uma acção de fogo e tiro das bestas, precedendo o ataque da cavalaria.

A 1ª linha de batalha era formada por 1600 lanças na vanguarda e 700 em cada uma das alas. As. alas estavam alinhadas com a vanguarda. A 1ª linha estava dividida em 2 escalões. O escalão de reserva tinha uma profundidade de 120 metros e postava-se 150 metros atrás da vanguarda. 100 metros atrás da reserva a 2ª linha formava a massa de manobra. Era constituída por 3000 lanças (cavalaria pesada) e 2000 ginetes (cavalaria ligeira). O rei doente e a sua escolta de 150 homens a cavalo não se integraram no dispositivo. O total era de 8250 combatentes. O comando do exército castelhano, ao verificar que o inimigo combatia a pé e de que era pequena a frente de que dispunha, ordenou que a cavalaria pesada apeasse e combatesse a pé.

Os ginetes, massa de manobra, não apeavam, Avançavam a galope, lançavam dois, três dardos sobre o inimigo, espadeiravam e, se estes não cediam, retiravam.

Se compararmos o número de combatentes do dispositivo defensivo português e do dispositivo atacante castelhano, ou seja, 6500 contra 8250, verificamos que Nuno Álvares Pereira, pela escolha da posição e pelo tempo de manobra para ocupar o dispositivo conjugado com o adiantado do dia, reduziu muito a desproporção dos efectivos combatentes e a superioridade estratégica do exército castelhano.

O ataque foi iniciado a pé, o que representava uma grande desvantagem para a cavalaria atacante cujas lanças (de 4 metros) haviam sido cortadas e cujas pesadas armaduras lhe reduziam a mobilidade.

Os trons deram o sinal de partida (e fizeram apenas três mortos entre a hoste portuguesa), mas rapidamente ficaram inoperativos, rebentaram.

A 300 metros da linha portuguesa a cavalaria castelhana acelera o passo.

A vanguarda portuguesa, bem alinhada, inicia um movimento lento, de avanço, sobre uma dezena de metros. Por razões de ordem psicológica a vanguarda na defensiva e no combate apeado não aguardava o inimigo a pé firme. No último momento avançava «passo a passo». A cavalaria castelhana depara com o fosso à sua frente. Progride a custo sob o tiro dos besteiros e archeiros do exército português. Os homens das filas do interior da massa atacante progrediam sob a protecção física dos que junto com eles avançavam na periferia dessa massa. A massa atacante perde os seus alinhamentos e distâncias. Torna-se compacta, informe e afunila.

A vanguarda portuguesa avança. Choque. O combate é um corpo a corpo à lançada e espadeirada.

Os dois blocos de combatentes sofrem pressões desiguais das suas respectivas retaguardas. A frente portuguesa cede entre o centro e a esquerda, no sector onde se encontra Nuno Alvares Pereira, provavelmente por ter sido em direcção ao estandarte do Condestável que maior esforço fizeram os castelhanos, pois capturar ou aniquilar o comandante inimigo era um objectivo prioritário.

Metade das forças atacantes entra de roldão no quadrado português, progride em direcção ao rei. Então as alas portuguesas dobram-se sobre o inimigo e ficam entre a vanguarda e a retaguarda portuguesas. O rei D. João I lança-se sobre o inimigo. As guardas de flanco da 2ª linha portuguesa completam o cerco. Besteiros, archeiros e peões das alas mantêm as suas posições.

A 2ª linha castelhana, em organização, ao longe, avança.

A vanguarda portuguesa consegue restabelecer a frente. O inimigo que penetrara no quadrado português é cercado, submerge ante a enorme superioridade do número de lanças, besteiros e peões que o envolvem e é esmagado.

Quinhentos castelhanos conseguem escapar ao envolvimento, vêm ao encontro da reserva do seu exército ainda não completamente organizada.

Contra-ataque de Nuno Alvares Pereira com o que resta da 1ª linha portuguesa, 2300 homens. Exploração do sucesso até ao trem do inimigo. A perseguição é feita a cavalo.

Os ginetes de Castela tentam um ataque sobre a retaguarda do quadrado português mas são repelidos.

O pânico gera-se entre os castelhanos: de um lado entre os cavaleiros apeados da 1ª linha, que recuam; do outro, no seio das unidades mais atrasadas na coluna de marcha e que só agora se aproximavam da frente. O dispositivo castelhano não foi restabelecido. Os castelhanos fogem desordenadamente em todas as direcções, a cavalo e a pé.

O rei de Castela foge a caminho de Santarém.

Os ginetes aguardam a noite para, a coberto dela, retirarem em segurança. Juntam-se-lhe mais de 1000 homens a cavalo.

A população rural da região cai sobre os fugitivos, como sucede sempre que uma guerra é nacional e popular. Mata grande número deles, sendo de admitir que foram mais os que morreram às mãos dos camponeses (5500) que durante o combate.

Terão sido mortos na batalha cerca de 2500 cavaleiros do exército do rei de Castela entre os quais dezenas de grandes fidalgos e, destes, alguns eram portugueses.

A fita do tempo (da batalha) desde a partida para o ataque terá sido aproximadamente a seguinte (A. Oliveira, Aljubarrota Dissecada ):

Salva de trons e partida do escalão de ataque 18:15
Abordagem da posição portuguesa 18:25
Rotura da frente e começo do envolvimento da bolsa 18:30
Reconstituição da vanguarda portuguesa e contra-ataque 18:40
Debandada da reserva castelhana e fuga do rei 18:45
Último ataque dos ginetes ao curral 18:50
Fim do aniquilamento na bolsa 18:55
Exploração do sucesso e saque do trem castelhano 18:55
Reagrupamento dos ginetes depois de repelidos (escurecer) 19:10
Identificação dos mortos pelo rei de Portugal até às 20:00
Partida dos ginetes (noite cerrada) 20:25
Chegada de D. João de Castela a Santarém 24:00
Chegada dos ginetes a Santarém (15 Agosto) 08:00
Partida de D. João I para Alcobaça 16/Agosto, manhã.

Graças à hábil escolha e organização da posição portuguesa apenas a vanguarda castelhana pôde ser empenhada na acção principal do combate enquanto do lado português todos os efectivos foram empenhados. Assim a inferioridade estratégica do exército português foi transformada em superioridade táctica.

A cavalaria portuguesa não se distinguia, praticamente, da infantaria. Estava ligeiramente armada e equipada.

A peonagem da retaguarda sob o comando de D. João I (que combateu a pé) teve papel decisivo no aniquilamento da vanguarda castelhana que havia penetrado no quadrado português.

Embora tenha sido possível que os oficiais ingleses presentes em Aljubarrota tenham aconselhado a execução da fortificação de campanha, o certo é que já em 1384 o Condestável, acampado junto a Estremoz, mandara «abrir trincheiras e construir defesas à volta do arraial». Deve, portanto, considerar-se que a conjugação do dispositivo das tropas com as obras de fortificação de campanha era já uma aquisição da arte militar portuguesa antes de Aljubarrota.

Depois de Aljubarrota, as praças fortes e povoações ocupadas por partidários do rei de Castela entregaram-se quase todas.

A esquadra castelhana que pairava diante de Lisboa, aguardando a chegada do exército, parte, levando vários fidalgos portugueses, entre os quais alguns que desempenhavam os cargos de Alcaides de castelos ao serviço do inimigo.

A vitória de Aljubarrota representou uma viragem decisiva na guerra contra Castela, que se prolongou, entremeada de combates e de tréguas, até 1411.



figura 1



figura 2


O texto acima "postado" é da autoria de um personagem controverso que marcou a história do século XX português, militar de carreira e ex-primeiro ministro português,.... Vasco Gonçalves.
O ensaio do general Vasco Gonçalves foi publicado em 11/Dez/1983 num suplemento do jornal «o Diário», comemorativo da Revolução de 1383-85.

fonte:http://resistir.info/portugal/aljubarrota_vg.html
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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André

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« Responder #14 em: Novembro 25, 2007, 10:06:20 pm »
Batalha dos Montes Claros

Citar
A Batalha de Montes Claros, foi travada em 17 de Junho de 1665, em Montes Claros na planície entre as serras da Vigária e Ossa perto de Borba, entre Portugueses e Espanhóis.

História

Preparam-se os espanhóis para um ataque que tudo levasse de vencida, mas por seu lado os governantes portugueses tomaram todas as cautelas e providências indispensáveis para a defesa do reino. Calculando que a tentativa de invasão seria feita através das fronteiras do Sul, isto é pelo Alentejo, foi nessa província que se tomaram as maiores precauções. Três mil e quinhentos homens foram sem demora enviados de Trás-os-Montes, constituindo quatro terços de infantaria e catorze companhias de cavalaria.

Simão de Vasconcelos e Sousa levou de Lisboa trezentos cavaleiros e dois mil infantes e Pedro Jacques de Magalhães apresentou-se com mil e quinhentos soldados de infantaria e quinhentos de cavalaria. O conjunto representava um reforço de sete mil e oitocentos homens, o que dotava António Luís de Meneses, Marquês de Marialva com o comando total de vinte mil e quinhentos combatentes. O Marquês de Caracena havia planeado nada menos do que ocupar Lisboa, tomando em primeiro lugar Vila Viçosa e a seguir a cidade de Setúbal. Então pôs em movimento o seu exército, que se compunha de quinze mil infantes, sete mil e seiscentos cavaleiros e as guarnições de catorze canhões e dois morteiros. Tendo ocupado Borba que encontraram despovoada, os espanhóis atacaram Vila Viçosa que embora mal fortificada, ofereceu aos ataques do inimigo uma feroz resistência.

Entretanto, o exército português avançava para socorrer a praça, mas foi resolvido pelo comando que as tropas se detivessem em Montes Claros, a aproximadamente meio caminho entre Vila Viçosa e Estremoz. O general espanhol ao saber da proximidade do exército português, deu ordens imediatas para que as forças de que dispunha marchassem ao encontro do adversário. Carregando em massa, a cavalaria espanhola abriu brechas nos terços de infantaria da primeira linha, mas foi recebida com uma chuva de metralha disparada pela artilharia comandada por D. Luís de Meneses. Os esquadrões de Castela, obrigados a recuar refizeram-se e lançaram segunda carga sobre o terço de Francisco da Silva Moura, causando a morte deste e de mais trinta soldados portugueses.

O Marquês de Marialva não estava disposto a ceder terreno ou a perder o ânimo. Sob as suas ordens, as brechas abertas pela cavalaria espanhola foram colmatadas, enquanto a artilharia não cessava de fazer fogo sobre os castelhanos. Uma segunda carga igualmente impetuosa, conseguiu no entanto levar os cavaleiros espanhóis até ao mesmo ponto onde fora detida a primeira, mas as perdas sofridas foram de tal ordem que tiveram de deter-se também, sem que a segunda linha portuguesa comandada pessoalmente pelo Marquês de Marialva, tivesse sequer sido molestada. O Conde de Schomberg esteve prestes a cair em mãos espanholas, quando um tiro abateu o cavalo que ele montava. O espanhóis que pareciam ter contado com a fúria dos primeiros ataques em massa, executados em especial pela cavalaria, viram-se em situação de perigo. Deram ainda uma terceira carga, mas o ímpeto inicial tinha-se perdido e o desânimo apoderava-se deles. Ao cabo de sete horas de luta, os atacantes começaram a debandar, e o próprio general Caracena, reconhecendo que a batalha estava perdida, fugiu para Juromenha, de onde seguiu depois a caminho de Badajoz.

Pode considerar-se que a batalha de Montes Claros decidiu definitivamente a independência de Portugal, que seria reconhecida pela Espanha três anos mais tarde, ao firmar-se entre os dois países um tratado de paz. A batalha de Montes Claros foi a última das cinco grandes vitórias que Portugal contra os espanhóis na Guerra da Restauração, sendo as restantes: Montijo, Linhas de Elvas, Ameixial e Castelo Rodrigo.