Porque as batalhas, para além dos meios humanos e materiais envolvidos, ganham-se e perdem-se essencialmente pela capacidade de quem lidera no campo de Batalha aqui fica um tributo a um grande General português e brilhante estratega, que por esta altura, faz agora 300 anos, andava por terras de Espanha dando mostras da sua argúcia em território hostil.
D. António Luís de Sousa, 4º conde do Prado e 2º marquês das MinasMestre de campo general, estribeiro-mor, governador e capitão general do Barsil, etc.
Nascido a 6 de Abril de 1644, falecido a 25 de Dezembro de 1721. Era filho do 1º marquês das Minas e 3º conde do Prado, D. francisco de Sousa, e da sua segunda mulher, D. Eufrásia Filipa de Lima.
Principiando a servir no exército, quando tinha 14 anos de idade, esteve com o seu pai em Elvas no ano de 1658, acompanhou-o depois para o Minho, assistiu a várias acções, e sendo já mestre de campo de um terço de infantaria, entrou na tomada do forte de Gayão, e continuando servir nessa província, era general de batalha quando, em 1655, entrou na expuganção da vila da Guarda.
Concluída a paz com Catela, ficou a governando as arams de província do Minho, enquanto seu pai foi embaixador em Roma, e nesse posto continuou depois, porque o marquês das Minas não voltou a ocupá-lo, por ter sido nomeado presidente do Conselho do Ultramar.
Em 1974 sucedeu no título de marquês ao seu pai, e foi elevado a mestre de campo general, e daí a dez anos, sendo nomeado governador e capitão general do Brasil. Regressando a Portugal em 1687, foi logo escolhido para um dos lugares de consleheiro de guerra, e depois sucedeu ao duque de Cadaval no cargo de presidente da junta de Salabaco.
Quando em 1701 se ajustou entre Portugal, a França e Espanha um tratado de aliança para reconhecimento de Filipe V e para garantia do testamento de Carlos II, e se tratou de guarnecer a nossa capital e de pôr em defesa a margem do Tejo, foi o marquês das Minas encarregado do governo da praça de S. Julião da Barra, com o mando de todos os fortes desde Paço de Arcos até Cascais; tendo, porém, depois D. Pedro II ajustado com a Holanda, o Império e a Inglaterra, o tratado de 16 de Maio de 1703 em que o nosso país se coligava com esses estado contra Filipe V, e tratando-se de adoptar as prevenções para a guerra em qu enos íamos empenhar para defender o arquiduque Carlos, foi o marquês das Minas enciado para a província da Beira, afim de dispor de todas as coisas pertença do exército que deviam entrar em campanha.
Em lugar de desenvolverem um agrande actividade qu epoderia ter dado um golpe decisivo na soberania de Filipe V, o governo de D. Pedro II e os arquiduques mostraram-se pouco energéticos e decididos, e por isso, o duque de Berwick, abrindo a campanha, tomou Salvaterra e Segura que capitularam. Seguindo pela Beira assenhoreou-se de grande número de povoações, que não resistiram por estarem desguarnecidas à excepção de Monsanto e Idainha-a-Nova, onde os campónios protugueses fizeram uma bela defesa, e batendo o barão de Fágel nos desfiladeiros da Serra da Estrela prosseguiu até Vila Velha, atravessou o Tejo, fez a sua junção com o príncipe d eTilly, que entrara pelo Alentejo, e tomou Portalegre, ao passo que o marquês de Villadanas assolava o Algarve e tomava Castelo de Vide.
Não se podia imaginar mais desatroso começo das hostilidades, mas três coisas salvaram Portugal nessa apertadas e críticas circunstâncias: as intrigas da corte de Madrid que estrorvavam os desígnios do duque de Berwick, a inabilidade do príncipe de Tilly, e o grande talento do marqês das Minas que, entregue aos seus próprios recursos, quase sem víveres nem mantimentos para as tropas, porque os depósitos estaval em Castelo Branco e par ao lado do Alentejo, saíu de Alemeida a 2 de Junho com um apequena divisão e restableceu os negócios militares.
A sua intenção era cortar a linha de operações ao exército do duque de Berwick, mas este general, vendo que não recebia reforços de Madrid que o habilitassesm a porseguir a sua marcha vitoriosa, retirara para a fronteira, o que não impediu um dos seus generais de ser rudemente batido pelas tropas do marquês das Minas, que tinham sido reforçadas pelas dos condes de Atalaia e de Alvor como os contingentes do Minho e de Trás-os-Montes.
O marquês estreara-se tomendo fuente Guinaldo, e reconquistara depois finalmente as povoações portuguesas ocupadas pelas tropas do duque de Berwick. Tantos serviços prestados prestados pela marquês de Minas, confessados pelos própiros inimigos, pois o duque de Barwick sempre falava dele com nuita consideração ao passo que votava um profundo desprezo aos outros generais que tinha na sua frente, tantos serviços pois pareciam que o indigitavam para o comando em chefe do exército aliado, mas o holandês barão de Fágel e lorde Galloway eram os dois generais que tudo decidiam no exército, e debalde quiz o maquês das Minas entrar em Espanha impelindo adiante de si o general francês, que de bem poucas forças dispunha.
Prevaleceram as opiniões de lorde Galloway e do barão de Fágel, e a pretexto de estar próximo o Inverno,os doi soberanos recolheram-se a Lisboa sem terem vingado o insulto que o reino recebera das armas franco-espanholas, nem terem aproveitado os brilhantes sucessos do marquês das Minas. A este respeito dizem Paquis e Dochez na sua
História da Hespanha: «Das Minas continuava a ser empreendedor, mas todos os seus planos eram paralisados pela inépcia de lord Galloway».
No ano seguinte, o marquês das MInas continuou a ser posto de parte dando-se-lhe apenas o camando do exército da Beira, ao passo que o conde das Galveias, general distintíssimo mas muito idoso, recebia o comando do exército do Alentejo a que se tinham juntado as tropas estrangeiras, e que era destinado para operações militares.
À frente de um pequeno corpo de tropas viu-se o marquês obrigado a empregá-lo em acções de pouca importância, e limitou-se a reconquistar a praça de Salvaterra e a ocupar a povoação de Sarça, mas por fim, apesar da má vontade qu epareciam ter na corte ao marquês das Minas, não houva remédio senão confiar-lhe o comando principal do exército das operações.
Tratou logo o exímio general de fazer um acampanha de Outono, afim da favorecer com uma diversão poderosa as operações realizadas na catalunha pelo conde de Peterborough. Sem se demorar com a ataque e tomada de pequenas praças, determinou imediatamente pôr cerco a Badajoz, que lhe devia servir de base de operações.
Nos princípios de Outubro entrou em campanha, traçou em redor de Badajoz a linha de cricunvalação, e que com tanta energia bateu a praça, qu eetava já a brecha a ponot de ser praticável, quando o marechal de Pessé conseguiu passar Xévora, por discuido ou por maldade de lorde Galloway, e formar-se em batalha debaixo dos muros de Badajoz cobrindo-a dessa forma e tronando-a inexpugnável. Ficaram desse modo inúteis todas as precauções que o marquês das Minas tomara para que a praça não fosse socorrida. Não faltou quem atribuísse à inveja e à má vontade dos generais estrangeiros a singularidade de passar um exército inteiro quase à vista do nosso sem ser sentido, mas o marquês das Minas, devorando em silêncio o seu desepero, porque assim perdera um aóptima ocasião de dar um profundíssimo golpe no poder do rei de Espanha, tratou de levantar o cerco sem deixar nem uma única peça nas mãos do inimigo, levando até dos arredores da praça tudo qunato entendeu que era útil ao exército.
Daí a pouco Filipe V, obrigado pela notícia que lhe chegara da rendição de Barcelona, chamou da fronteira portuguesa o marechal Pessé com grande parte das forças que aí militavam, e o marquês das Minas, ficando por isso com um pequeno exército na sua frente, abriu a cmpanha e 1706 resolvido a marchar sobre Madrid.
Concentrando num só corpo todas as suas tropas, dirigiu-se rapidamente para norte deixando Badajoz à sua direita, ocupou d esurpresa os lugares de S. Vicente e Membrio, e travou um renhido combate com o inimigo em Brozas. Alcançando aí uma importante vitória diexou o adversário retirar para Cáceres, prosseguiu para Alcântara, que no fim de cinco dias de heróica resistência teve de se render, enviando o marquês para Portugal em resultado dessa capitulação 4.200 prisioneiros, entre os quais se contavam 6 generais e 128 oficiais, e assenhoreando-se por essa ocasião de 47 peças de artilharia, 2.961 espingardas fora as desarmadas. 3.900 arrobas de pólvora. 1.800 balas de artilharia, 360 caixas de balas de chumbo, 6 morteiros, 400 moios de farinha, 100 de cevada, 200 tonéis de vinho, 1.100 fardamentos novos, 105 cavalos, etc.
Sem se demorar em Alcântara mais do que o tempo necessário para reunir abastecimentos e munições, o marquês das Minas seguiu em direcção a Madrid pela estrada de Palência. Preparava-se o duque de Berwick para passar o Tejo, afim d esocorrer Alcântara, quando teve a notícia da que a praça se rendera. Retirando então para Placencia com o intento de cobrir a capital do reino sem se aventurar a uma batalha, começou entre os dois hábeis generais, que se acahvam frente a frente, uma série de marchas e contramarchas estratégicas em que o duque de Berwick e o marquês das Minas se mostraram igualmente dignos um do outro.
O marquês não querendo empreender uma marcha tão audaciosa sem ter bem segura a comunicação com Portugal, e sem sujeitar ao mesmo tempo ao poder de Carlos III uma larga extensão de território, emquanto marchava sobre Placencia, ocupando no caminho Coria e Galisteo, mandou ao mesmo tempo destacamentos do seu exército par aocuparem na sua direita Càceres e Truxillo.
No dia 28 apareceu diante de Placencia onde, depois do duque retirar para a margem esquerda do rio, entrou logo fazendo aí aclamar Carlos III rei de Espanha, Desse ponto continuou o exército português para Madrid peal estrada que, sendo cortada pelo Tretor, atravessa Naval-Moral, Talavera de la Reyna e Toledo e pela qual se retirava o duque de Berwick fazendo apenas um simulacro de resistênciam na ideia de atrair o marqês das Minas às estéris planícies da Casstela Nova.
Chegando a Almaraz o nosso general, compreendendo o fim do adversário, deixou de o perseguir, retirou subitamente para Coria e fazendo um grande rodeio, seguiu par anorte a estrada de Ciudad Rodrigo e de Slamanca, colhendo assim a vantagem de marchar ao longo da fronteira da nossa província da Beira e de ser reforçado por tropas frescas, ao passo que o duque de Berwick se pretendesse ir-lhe no alcance se via obrigado a enfraquecer ainda mais o seu pequeno exército.
A 22 de Maio de 1706, quando o duque de berwick mal podia suspeitar das intenções do marqeês das Minas, dirigia-se o nosso exércitoa marchas forçadas para Ciudad Rodrigo, e abdicando das condoções de capitulação para não demorar a marcha, tomou posse dessa praça e encaminhou-se para Salamanca, onde ditou a lei, prosseguindo logo depois para Madrid sem encontrar resistência, porque o duque não teve ou não teve forças ou não teve tempo para lhe distputar a passagem dos desfiladeiros do Guadarrama.
A 24 de Junho chegou o marquês das Minas perto de Madrid, ao sítio de Nossa Senhora do Retamal, e esperando aí notícias da capital de Espanha para saber da atitude que ela tomaria da atitude contra o exército vencedor, não tardou a receber informações seguras.
A orgulhosa cidade mandava humildemente os seus deputados ao general português para lhe pedir que nomeasse o carregador que devia governar a cidade, e muitas das cidades das províncias próximas tais como Segóvia, Toledo, Talavera, Ávila e outras, que enviaram também os seus emissários para implorarem a protecção do nosso general.
No dia 28 finalmente fez p exército português a sua entrada triunfal na cidade que fora a sede da corte de Filipe II, e ao cabo de 126 anos o marquês das Minas vingava a afronta que Portugal sofrera com a entrada do duque de Alba na formosa Lisboa.
Entradas em Madrid as forças do comando do marquês das Minas, ordenou este que se efectuasse com toda a solenidade a aclamação de Carlos III, o que se realizou a 2 de Julho, e ao mesmo tempo enviou recados sobre recados ao arquiduque, para que apressasse a sua vinda para a capital, mas esse príncipe fez muito devagar a viagem de Barcelona a Madrid, demorou-se em Saragoça, e de mais a mais paralisou todos os movimentos do marquês como os avisos que lhe mandava da que não tardaria a unir-se-lhe.
Com todas estas delongas e junção só veio a efectura-se quando já toda a Espanha estva em Fogo, quando o duque de Berwick cortava as comunicações do exército com Aragão, como já estavam cortadas com Portugal, e na ocasião por fim em que o marquês das Minas, para não ser envolvido pelas tropas regulares e pelos insurgentes, se viu obrigado a retirar para a fronteira de Valência, onde entrou intacto mantendo sempre à distância o inimigo que lhe era superior em número.
Refazendo então como pode o seu exército, tomou a ofensiva, expugnou o castelo de Vilena, e procurou atacar o inimigo em Montalegre e em Esla, até que os dois exércitos opostos se encontraram nos campos de Almanza a 25 de Abril de 1707, onde as nossas tropas sofreram um terrível revés. Essa derrota em nada macula a reputação militar do marquês das Minas, porque este general a previu a recuou, e se se aventurou a dar batalha, foi obrigado pelo voto contrário de lorde Galloway, voto que tinha grande peso como representante da nação que entre os aliados tinha mais importância, mas como sempre sucede, o marquês das Minas, que tão vitoriado fora quando entrara triunfalmente em Madrid, viu agora todo o seu prestígio perdido, e recolhendo a Lisboa e pretendendo voltar ao governo das armas do Alentejo, nem isso lhe concederam.
Quiz então o ilustre general demitir-se de todos os cargos e honras, mas a pedido do Rei desistiu desse intento, e passou o resto da vida exercendo o lugar de estribeiro-mor da Rainha.
fonte:
http://www.arqnet.pt/dicionario/minas2m.html