Maddie: Criminalista diz que sequestrador é inglês
O criminalista Barra da Costa afirmou hoje ter informações de que o sequestrador da menina britânica Madeleine McCann, que desapareceu quinta-feira do quarto onde dormia, numa unidade hoteleira na Praia da Luz, Lagos, seja um cidadão inglês.
Em declarações à agência Lusa, o ex-inspector chefe da Polícia Judiciária (PJ) disse ter indicações de que o «retrato falado» aponta para que o sequestrador seja um «homem alto, de cabelo curto», e que provavelmente foi visto, por detrás, naquela zona há alguns dias, sendo de nacionalidade inglesa.
José Barra da Costa disse concordar com a teoria de que o sequestrador possa ser inglês e conhecedor dos hábitos dos pais da criança, já que seria mais fácil a um cidadão britânico recolher essa informação, até por contacto com os progenitores.
«A informação é essa. O retrato robot foi feito tendo em conta testemunhos falados sobre uma pessoa que terá sido vista na zona e com características de um cidadão inglês», afirmou, teorizando que o sequestro teve que ser levado a cabo por alguém que «sabia mais do que uma simples pessoa que passou pela zona».
O criminalista defende também que houve premeditação neste caso e um estudo sobre os hábitos dos pais.
«Já devia saber que os pais saíam às vezes para jantar na zona e que as crianças estavam sozinhas em casa. Não é o caso de alguém que passa, espreita para dentro de casa e vê algo valioso para roubar e arromba a janela e entra. Era alguém que sabia que as crianças estavam sozinhas», defendeu.
Segundo Barra da Costa, que esteve cerca de 30 anos na PJ, «ninguém força uma janela de uma casa à noite sem ter a certeza de que lá dentro não está ninguém que lhe possa fazer frente».
Como exemplo, Barra da Costa falou da sua experiência em casos de assaltos a residências em que o assaltante é surpreendido por alguém que estava em casa, às vezes a dormir, e com o susto acaba por cometer um homicídio.
«Concordo que quem possa estar dentro das circunstâncias deste sequestro possa ser um inglês conhecido da família e que saiba que passos dar para levar a cabo os seus intuitos. Há premeditação absoluta e não uma mera casualidade. Terá sido alguém que tinha perfeita consciência das hipóteses de êxito e de não ser agarrado lá», argumentou.
«A coisa foi bem localizada no tempo e no espaço para ser casual», vincou.
O criminalista põe também a hipótese de o sequestrador conhecer a criança, já que assim seria mais fácil ela não resistir quando acordasse, pois poderia dizer-lhe que a iria levar aos pais.
Confrontado com o facto de o sequestrador ter deixado ficar os dois gémeos irmãos de Madeleine, com dois anos, Barra da Costa afirmou: «três crianças eram muito complicado, podiam começar a berrar ao mesmo tempo. A menina é mais crescida e tem outra consciência das coisas. Também era mais difícil sair com os três».
O criminalista criticou o facto de as buscas feitas pelas autoridades se terem limitado a terra, lembrando quão fácil seria levar a menina até um barco que estivesse fundeado perto.
José Barra da Costa lamentou que tenha ocorrido novamente no Algarve um caso com uma menina, lembrando-se do «caso Joana».
«Tenho a esperança de que este caso seja diferente! O "caso Joana" é o exemplo de como se deve fazer uma investigação, mas ao contrário».
A agência Lusa tentou contactar a PJ de Portimão para esclarecimentos sobre a nacionalidade do alegado sequestrador, mas tal não foi possível.
Setenta e duas horas depois do desaparecimento da pequena «Maddie», as autoridades optam agora pelo silêncio, mas no terreno as patrulhas alargaram hoje para 10 quilómetros o perímetro de buscas em torno do local.
Os agentes percorreram domingo a mata de Barão de São João, a cerca de uma dezena de quilómetros da localidade de Praia da Luz, onde desapareceu a criança, e continuam a ser feitas inúmeras operações de vigilância nas estradas das redondezas.
A Polícia Judiciária aliviou a pressão no local do desaparecimento, embora continue a utilizar apartamentos vizinhos de um bloco fronteiro ao Ocean Club - de onde a menina terá sido levada - como «posto avançado» no local.
Fonte policial avançou à agência Lusa que sábado foram encontrados alguns bonecos abandonados que foram levados para análise laboratorial, mas, hoje, não houve significativa recolha de objectos.
A mesma fonte garantiu que os laboratórios da Polícia Judiciária em Portimão e Lisboa estão a trabalhar 24 horas no caso.
Segunda-feira, as buscas poderão ser alargadas a um perímetro para lá dos 10 quilómetros, esclareceu a mesma fonte, adiantando que a barragem da Bravura pode ser um dos locais a investigar.
Diário Digital / Lusa
07-05-2007 0:55:00