GOE - Macau

  • 1 Respostas
  • 13433 Visualizações
*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 21885
  • Recebeu: 3604 vez(es)
  • Enviou: 2537 vez(es)
  • +2008/-3836
GOE - Macau
« em: Março 06, 2008, 02:56:13 pm »
A civilização chinesa é uma das mais antigas da humanidade, tendo-se desenvolvido há milhares de anos ao longo das margens do rio Amarelo. O seu avanço para sul encontra-se devidamente confirmado por estudos arqueológicos que indicam a ocupação de Macau a partir do 3º milénio a.C. Durante séculos, Macau foi uma terra de pescadores e um importante porto de abrigo (e de reabastecimento) dos navios mercantes chineses provenientes de Cantão 1, com destino ao Sudeste Asiático. As invasões dos mongóis, no decorrer do séc. XIII, levaram a que muitos apoiantes e seguidores da dinastia Song (960 a 1275) se fixassem neste lugar, trazendo consigo a cultura do interior.

A história deste pequeno território, hoje Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), para além de ser ancestral e culturalmente riquíssima, tem um significado muito especial para Portugal. A chegada do explorador Jorge Álvares ao território, em 1513, constitui a génese da presença portuguesa naquelas paragens do oriente, abrindo uma importante porta de acesso da civilização ocidental na China cuja cultura e tradições são tão diversas quanto estruturantes na própria identidade que hoje possui.

Por se considerar localizada numa importante posição geoestratégica do extremo-oriente, foi várias vezes atacada pelos holandeses que pretendiam controlar o comércio com a Europa e retirar aos portugueses esse monopólio.
 

Só em 1842, com a ocupação inglesa dos vizinhos territórios de Hong Kong, é que Macau perdeu essa exclusividade de grande porto comercial com o ocidente. Mais tarde, e ao contrário do que sucedeu à antiga colónia inglesa, Macau foi poupada às invasões Japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, conservando desse modo intacto o riquíssimo património da cultura portuguesa naquele território, ainda hoje bem visível em monumentos como as Ruínas de São Paulo 2, o Farol da Guia, as Portas do Cerco 3, o Clube Militar ou mesmo o Leal Senado, no centro da cidade.
 

As Portas do Cerco, com as actuais instalações fronteiriças em pano de fundo.
 

Macau é um pequeno território com apenas 28 km2 de área e uma costa litoral aproximada de 42 km. O seu crescimento, em direcção ao mar, é visível quase diariamente, construindo-se hoje grandes empreendimentos e infra-estruturas em locais onde há pouco mais de dez anos eram aterros ou simplesmente água. O Aeroporto Internacional de Macau (1995) e o mais recente inaugurado Venetian Casino (2007), ambos construídos ao largo da Ilha da Taipa - hoje completamente ligada a Coloane - são dois bons exemplos deste constante e frenético desenvolvimento.

Em 20 de Dezembro de 1999, e no decorrer das negociações entre a República Popular da China e Portugal 4, Macau volta a ser território chinês privilegiando, durante 50 anos, de um regime de administração especial.
 
CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS NO MEIO AQUÁTICO

Na sequência do processo de transição do território, foi criado em 1992, o Grupo de Operações Especiais (GOE) na dependência directa da Unidade Táctica de Intervenção da Policia (UTIP) do Corpo de Policia de Segurança Pública de Macau.

A formação destes elementos tem sido, à data da sua criação e até hoje, estruturada e apoiada pela sua congénere de Portugal (GOE/PSP) que lhes ministra as técnicas, as tácticas e os procedimentos para combater a eventual criminalidade violenta e organizada no território, supostamente expressas em raptos de pessoas, sequestros e utilização indiscriminada de engenhos explosivos.

A expansão da frente marítima do território, associada à previsibilidade e perigosidade da criminalidade no mar, levaram a considerar-se, também, a necessidade de formação destes elementos em acções de natureza idêntica, mas agora no meio aquático. Estar pronto e preparado para intervir, caso necessário, num possível sequestro de um Jet-Foil  5 ou capacitar os seus elementos para uma aproximação por mar tendo em vista assaltar uma aeronave estacionada no taxiway do aeroporto, são desafios que este tipo de formação pretende acautelar e dar resposta.
 


Fotografia final do curso com a presença dos formadores Fuzileiros e dos Ctes da UTIP e do GOE de Macau.


 Surgiu assim, em 1995, a primeira edição do Curso de Operações Especiais no Meio Aquático para o GOE de Macau, frequentado por 15 elementos daquela unidade e ministrado por um Oficial Fuzileiro, pertencente ao Destacamento de Acções Especiais (DAE). Ainda sob a administração portuguesa do território, e mantendo as características do anterior, o curso voltou a repetir-se em 1998, desta vez numa perspectiva de reciclagem de conhecimentos.
 

Através de um convite enviado pelo Secretário para a Segurança da RAEM, em Março último, e sob anuência política do Ministro da Defesa Nacional de Portugal, a Marinha disponibilizou através do Corpo de Fuzileiros dois formadores (um Oficial e um Sargento) para ministrar uma nova edição do curso, voltando a retomar-se este tipo de cooperação bilateral. Assim, o 3º Curso de Operações Especiais no Meio Aquático, decorreu no período de 17 de Setembro a 16 de Novembro de 2007 tendo como base as instalações do GOE, em Coloa-ne. As nove semanas de formação, foram estruturadas numa perspectiva de “re-qualificação” dos elementos que no passado já tinham frequentado o curso e, ainda, habilitar os novos policias do GOE com os conhecimentos e perícias para cumprirem missões no mar ou desempenhar as suas acções a partir daquele meio. O curso culminou com uma cerimónia de encerramento, presidida pelo Comandante do Corpo de Policia de Segurança Pública de Macau, Superintendente Lei Siu Peng que no seu discurso, em Português, realçou a importância deste tipo de intercâmbio e o agradecimento à Marinha portuguesa em proporcionar esta oportunidade de formação.

Oito anos após a saída dos “marinheiros” portugueses que prestavam serviço na Policia Marítima e Fiscal 6 (PMF) de Macau - ainda hoje, muito recordados e estimados pelas pessoas com quem trabalharam - a Marinha regressou novamente ao território, marcando muito positivamente a sua presença naquelas paragens. A crescente necessidade de estar pronto a actuar no meio aquático (ou dele fazer uso) e o sucesso alcançado durante estas três edições do curso, levam a considerar a hipótese, por parte das autoridades da Policia de Macau, a proporem superiormente um estreitamento das relações com a Marinha Portuguesa, não só no âmbito deste tipo de formação mas alargando a outras actividades de cooperação bilateral.

 

(Colaboração do Comando do

CORPO DE FUZILEIROS)
 


Notas

1 Actual cidade de Guangzhou.

2 Igreja que foi alvo de um incêndio em 1835 e da qual apenas resta a sua belíssima e famosa fachada.

3 Posto fronteiriço entre Macau e Zhuhai (China) onde ainda se pode ler : “A PATRIA HONRAI QUE A PATRIA VOS CONTEMPLA” – AGO 1849.

4 Consolidadas através do documento da Declaração Conjunta Sino-Portuguesa sobre a Questão de Macau, assinado em 13 de Abril de 1987.

5 Navios de grande velocidade que efectuam o transporte de pessoas para vários destinos da China e Hong Kong.

6 Hoje denominada por Direcção dos Serviços de Alfândega.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

*

dannymu

  • 79
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #1 em: Fevereiro 24, 2009, 05:48:44 pm »
Se apenas Portugal tivesse investido assim tanto em Macau quando tinhamos esse território. Se os nossos governantes tivessem sido mais "espertos", teriam investido em Macau e Macau seria famosa e rica enquanto Portuguesa, o que permitiria ao Estado ganhar muito dinheiro. Infelizmente tal não aconteceu e agora os chineses estão a mostrar o que Portugal perdeu no século XX.