POR QUE RAZÃO SE SUICIDAM POLÍCIAS

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SLBFaNaTiC

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POR QUE RAZÃO SE SUICIDAM POLÍCIAS
« em: Novembro 12, 2008, 03:42:02 pm »
POR QUE RAZÃO SE SUICIDAM POLÍCIAS

Ano negro na PSP e GNR. Uma militar da GNR deu ontem um tiro na cabeça, aumentando para 14 os suicídios este ano nas forças de segurança. Agentes que já desejaram a morte contam ao DN as suas razões. Os polícias recorrem cada vez mais a psicólogos e a GNR procura causas junto de pessoas próximas das vítimas

Tinha 26 anos e apenas quatro meses de serviço na GNR da Mealhada. Solteira, vivia com os pais perto do posto militar, onde ontem de manhã se suicidou com um tiro na cabeça. É o 14.º caso entre as forças policiais este ano. As razões são desconhecidas, mas alguns dos que tentaram pôr termo à vida relataram ao DN o que os levou a desejar a morte.

"Os polícias não sabem como sair deste buraco em que se encontram, com tantos problemas financeiros por terem salários muito baixos, trabalho em excesso, falta de tempo para descansar nem acompanhar o crescimento dos filhos. E não têm apoio da instituição PSP nem da família, que deixa de os querer por estarem sempre ausentes. Acabam por ficar sozinhos." Maria (nome fictício, tal como o dos restantes agentes nesta reportagem), elemento operacional da PSP já há 25 anos, diz ser tudo isto que está na origem da onda de suicídios que este ano mancharam a GNR (11 casos) e a PSP (três). E deixa um alerta: "Infelizmente, ainda vai haver mais situações destas, porque pensam que o suicídio resolve todos os problemas. Acaba-se tudo..."

Maria

"Porcaria à face da terra"

"Como é que se percebe estes casos todos de suicídio e de conflitos familiares que acabaram em homicídios praticados por profissionais de polícia?", pergunta Maria, referindo-se a uma agente da PSP que seria vítima de maus tratos e, em Setembro, em Sacavém, matou a tiro o marido ex-polícia. Num tom envergonhado, Maria relata o seu caso ao DN: "Eu própria já me tentei suicidar. Foi há muitos anos, porque era vítima de violência por parte do meu marido, também polícia, pois achava que eu lhe era infiel. Como estão sempre a lidar com casos de infidelidade, os polícias tornam-se desconfiados e pensam que se pode passar o mesmo em casa."

"Eu ficava tão humilhada com aquilo que nem tinha forças para reagir. Uma pessoa sente-se a maior porcaria à face da terra. Por isso, entendo bem estas situações e apoio bastante as mulheres que apresentam queixa", confessou.

De baixa psiquiátrica há mais de um mês, Maria diz não voltar ao serviço enquanto não estiver em condições: "Trabalho no terreno e não posso tomar decisões erradas. Estamos a lidar com armas, criminalidade violenta, bairros problemáticos, situações muito delicadas. Este trabalho exige sanidade mental a 100%. Muita gente depende da minha capacidade de resposta."

"Sinto-me muito fragilizada como pessoa e profissional. Mas foi a própria instituição que me levou a isto, porque não dá incentivos. Nem que fosse só por palavras para reconhecer o trabalho que se fez e dar apoio moral às pessoas", referiu.

Com os olhos rasos de lágrimas, lembrou ter trabalhado dois anos com crianças vítimas de violação: "Isso afecta psicologicamente uma pessoa. E a PSP não vê isso. Só demonstra falta de respeito. É isso que me revolta. Retirarem o valor de uma pessoa. Não consigo aceitar isto."

"Já dei muito à polícia e a polícia a mim deu- -me zero. Foi aqui que aprendi a ser mulher. Dei a minha vida toda à PSP. E pela PSP deixei de dar atenção à família e aos filhos. Tudo para defender a bandeira nacional e a minha farda", diz, com uma tristeza no olhar. Desiludida, frisa que "o sonho comanda a vida. E quando uma pessoa deixa de ter sonhos, a vida deixa de fazer sentido".

"Eu perdi todos os amigos que tinha antes de entrar para a PSP, porque deixou de haver tempo para manter essas amizades. Há um corte com o mundo civil e em toda a vivência. Aos polícias só restam os polícias. Não há horas para comer, dormir nem para nada. Faço um turno, mas pode-se prolongar por mais de sete horas se houver uma detenção ou outra ocorrência", explica.

"Estamos em situação de stress extremo. E a realidade actual é muito mais violenta do que aquilo tudo que nos ensinaram na escola de polícia", salienta. Critica a ideia feita que "se és polícia, tens de ser forte em todos os aspectos. Mas isso não é verdade. Somos humanos e temos os nossos limites, como as outras pessoas".

Queixa-se que "não há apoio na corporação nem no exterior, porque a sociedade civil cada vez exige mais de nós".

"Temos um gabinete de psicologia que trabalha para a polícia, mas não com os polícias", denuncia Maria. E deixa um alerta: "Cada pessoa que pede apoio psicológico fica automaticamente queimada e à mercê da instituição."

Por isso, "estou a ser acompanhada pelo psicólogo e psiquiatra particulares. Eles estão também a tratar imensos elementos da PSP com muitos problemas. Há muitos agentes que não vivem, só sobrevivem, porque não têm tempo livre nem dinheiro. Só ganham 700 ou 800 euros por mês".

Alerta que "começa a haver uma revolta silenciosa entre os polícias. Há agentes com meia dúzia de meses na PSP, que já estão tão desanimados com isto, que só desejam arranjar outro emprego e largar a PSP. Na minha esquadra, já ouvi mais de 40 agentes novos a dizerem isso".

João

"Preso como um animal"

"Tenho 30 anos de PSP e nunca vi uma situação igual com tantos suicídios." Quem o diz é João, que já se encontra de baixa psiquiátrica desde 2005 e tentou suicidar-se no Outono de 2007. "Entrei em baixa psiquiátrica pelo grande desgaste em que me encontrava. Entretanto, foi-me detectada doença bipolar e a corporação não me ajuda em nada. Por isso, muitos como eu tentam pôr termo à vida", refere João, que tem uma certeza: "Se pudesse voltar atrás, não teria ingressado na PSP."

Em 2007, a junta médica superior da PSP considerou-o "apto para retomar o serviço", enquanto a sua psiquiatra particular dizia que não estava em condições: "Fiquei muito transtornado com aquilo tudo. Estava em casa e não sei o que me passou pela cabeça. Ingeri grandes quantidades de medicamentos. Senti-me muito mal e, quando me dirigi à esquadra para pedir auxílio, peguei numa coisa qualquer e parti as vidraças das instalações."

"Detiveram-me por danos voluntários. Estive oito horas detido na esquadra e algemado como se de um bandido se tratasse. Fui levado a tribunal e constituído arguido por ter feito um prejuízo de 190 euros", contou João, considerando "inadmissível" a situação: "Em vez de me ajudarem, porque estava mal psicologicamente, fui detido e tratado como um animal irracional. Se o mesmo tivesse sucedido com um cidadão comum, ele teria sido assistido e conduzido aos serviços médicos."

"Não recorro aos serviços de psicologia da PSP, porque não confio neles. É um sistema que tem de ser remodelado para trabalhar para e com os polícias e não apenas para a PSP", sublinha o agente.

E denuncia outra situação que classifica de grave: "Estamos a ser julgados por duas entidades, que é o tribunal e a própria instituição. Há cerca de 50 processos internos pendentes contra mim."

"Sinto que a minha vida desapareceu. Perdi a minha família, os meus amigos. Tive de vender a casa para pagar aos advogados", queixa-se João.

Manuel

"Dar um tiro na cabeça"

"Estive de baixa psicológica durante um ano, devido a pressões da hierarquia. Puseram-me o telemóvel em escuta e descobri que estava a ser investigado", conta Manuel, com 23 anos de serviço operacional na PSP.

"Prejudicavam-me nas escalas, trocavam-me turnos e folgas, ficava sem tempo para a família, nem para a mulher nem para o filho. Sentia-me tão mal, que só queria abandonar a polícia e arranjar outro trabalho", confessou ao DN.

"Até cheguei a pensar em fechar-me na casa de banho da minha esquadra e dar um tiro na cabeça, porque aquilo poderia ser considerado acidente em trabalho. Assim, a mulher tinha direito a receber uma pensão e a casa ficava paga pelo seguro", explicou o mesmo agente.

"Na zona onde moro, a população é que se foi apercebendo de que havia algum problema comigo. Deram-me apoio, porque a minha mulher precisava de ser internada no hospital. Pedi ajuda aos serviços sociais da PSP e não fizeram nada. Os vizinhos é que me emprestaram dinheiro para ela poder ser tratada", recordou, deixando uma crítica: "Quando há um assalto, vou sempre a correr para tomar conta da situação. E a instituição não nos ajuda."

Em termos salariais, diz que "é triste não poder comprar uns ténis ou umas calças ao filho, porque tem um pai que é polícia e ganha mal".

Quanto ao gabinete de psicologia da PSP, "faz relatórios contra mim e a favor da instituição. Por isso, tenho de recorrer à psicóloga particular", salienta, denunciando mais outro problema: "Antigamente, éramos recrutados e sabíamos que tínhamos uma carreira e podíamos concorrer e progredir. Agora não. É preciso estar nas boas graças do chefe, senão nunca se sobe..."

José

"Antecâmara da morte"

José já presta serviço operacional na PSP há 23 anos e é considerado um veterano que sabe lidar com situações de risco de suicídio. "Tenho servido de elo de ligação entre eles - os colegas que pensam em suicidar-se - e as soluções dos seus problemas", explicou ao DN, alertando que "tem aumentado assustadoramente o número de casos destes".

"E a principal razão é a falta de descanso. Os polícias ganham mal e, para terem mais algum dinheiro, têm de fazer serviços gratificados, ficando sem tempo para descansar", denuncia.

"No outro dia, elementos do meu grupo entraram de serviço às 00.30. Às 04.30 detiveram três indivíduos por assalto a vários estabelecimentos comerciais e depois estiveram a fazer o expediente até às 21.30, porque aquilo era complicado e envolvia uma série de casos. Depois voltaram a pegar ao serviço à meia-noite até às 06.30. Às 10.00 tiveram de ir para tribunal com os suspeitos e aquilo prolongou-se até às 19.00. Portanto, estiveram praticamente dois dias seguidos a trabalhar sem descanso", relatou.

Salienta que "a PSP não paga horas extras nem nada. Tiveram de almoçar e jantar fora pagando do seu bolso, enquanto as mulheres estavam em casa à espera deles com as refeições já cozinhadas".

"Estes e outros problemas vão-se acumulando e chega-se a um ponto em que a pessoa começa a descarregar no elo mais fraco e mais próximo, que é a família. Ou termina no suicídio, porque não vê outra saída", comenta o mesmo agente da PSP.

José traça o filme que culmina nesta tragédia: "O polícia vê o comandante a criticá-lo por se atrasar ou andar cansado. A família a queixar-se e a sociedade a exigir cada vez mais dele. Vai-se encolhendo mais e mais e acaba por se colocar na antecâmara da morte."

Na última semana de Setembro, "um sub-chefe de Oeiras tentou suicidar-se. Ia lançar-se de uma falésia do cabo da Roca (Sintra). Felizmente, uma patrulha da GNR passou ali por acaso e evitou o suicídio. Ficou de baixa psiquiátrica".

O mesmo agente considera que "antigamente, os polícias tinham mais capacidade de sofrimento. Mas, agora, os novos são mais frágeis e vulneráveis a nível psicológico. Vão-se abaixo mais facilmente".

Pedro

"Bomba de rastilho curto"

"O grande stress laboral de sobrecarga de trabalho é uma das principais causas que está a levar muitos agentes à baixa médica, a recorrer às consultas, a tentar o suicídio e a cometer violência doméstica", afirmou ao DN um elemento do Sindicato dos Profissionais de Polícia, que fez um estudo sobre esta problemática.

Na origem destas crises, Pedro diagnosticou também "os baixos salários, falta de progressão na carreira e deficiências no gabinete de psicologia da PSP, que é uma fachada, porque só funciona depois de as desgraças acontecerem. Deviam era tomar medidas de prevenção para não sucederem".

"Não há horário de trabalho estipulado", referiu, dando exemplos: "Num dia, o meu horário era das 08.00 às 16.00. Ligaram na véspera, às 16.00, a informar que, afinal, no dia seguinte só iria entrar às 21.00. Tive de reorganizar toda a minha vida. Noutro caso, dois elementos iam entrar às 16.00, mas mudaram-lhes o turno para as 18.00 sem os avisarem. Tiveram de ficar duas horas na esquadra à espera de entrar ao serviço."

Com estas alterações todas, Pedro explica que "por vezes há polícias que só dormem uma ou duas horas, porque, além do horário normal, têm de fazer serviços gratificados e operações de noite e madrugada".

Esclarece que "a resolução destes problemas de turnos não implica mais dinheiro nem gastos. Basta regulamentar os horários para permitir aos polícias terem uma vida social".

Alerta que "os agentes mais novos vêm lá das terras deles e ficam em Lisboa abandonados. Um vivia num quarto com um colega. Só conseguia ir a casa uma vez por mês. Entretanto, o colega casou-se e mudou de casa. O outro ficou sozinho e não aguentou a solidão. Tentou suicidar--se na rua. Estava num banco de jardim com uma pistola na mão. Polícias encontraram-no, desarmaram-no e depois ele foi colocado de sentinela à porta da esquadra. Não teve apoio do comando nem acompanhamento psicológico. Mais tarde, voltou a ser considerado apto e devolveram-lhe a arma de serviço. No dia seguinte foi encontrado morto com um tiro na cabeça, no quarto onde vivia sozinho".

Salienta que "há um número muito maior de situações mais graves que os suicídios: os casos de violência doméstica praticados por polícias. E a dor das suas vítimas vai-se prolongando por muito tempo". Na sua opinião, "um polícia é uma bomba com rastilho curto. Quando chegam ao limite, uns dá-lhes para se suicidarem e outros para agredirem em casa".

Conclui que "tentar prevenir a criminalidade com polícias que trabalham 24 horas por dia não é sistema. Estão a trabalhar em cansaço e sem condições para o fazer".

http://dn.sapo.pt/2008/11/12/sociedade/ ... icias.html


PTnet @ mIRC #Policia
Fórum Polícia Segurança Pública: www.forumpsp.net
 

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eazyduzit

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Novembro 12, 2008, 03:45:24 pm »
acho que nunca ninguém saberá a verdadeira razão
 

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Açoriano

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(sem assunto)
« Responder #2 em: Novembro 12, 2008, 04:13:48 pm »
As coisas começam mal logo no inicio da carreira, acabam o curso e são atirados para Lisboa, alguns deles ficando completamente sozinhos e em zonas problemáticas, depois vai se acumulando isto tudo que está relatado na mensagem do SLBFaNaTiC e temos isto, como resultado final, suicídios.
 

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NELSON

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culpados?
« Responder #3 em: Novembro 12, 2008, 04:19:17 pm »
Na minha opinião os grandes culpados desta situação são o Estado e a PSP, Instituição, que deveriam regulamentar e actualizar, horários, folgas, movimentos de pessoal, vencimentos e dar condições dignas, ouço muitas vezes dizerem só vai para polícia quem quer...verdade certo!!! Mas será que quem quer e tem esse sonho não merece condições?
Não merece respeito? não merece ser protegido no desempenho das suas funções e ajudado pela Polícia quando tem problemas psicológicos ou financeiros até... infelizmente assiste-se a um total abandono dos agentes quando são agredidos, horários desumanos, destacamentos irrisórios que provocam o isolamento dos agentes e ausência da familia.Vejo na familia a base para estabilidade emocional, o conforto, até no combate do stress de uma profissão tão desgastante. È urgente formar pessoas que comandem seres humanos e não máquinas, simples subordinados sujeitos aos códigos de conduta que só servem para uns, muitas vezes humilhados e castigados por defenderem os seus direitos enquanto outros são louvados por coisas banais.
Para quando REALIZAÇÃO PROFISSIONAL nas forças de segurança?


ps: peço desculpa pelo desabafo mas todos os dias assisto a estas situações e nada está a mudar para melhor caros amigos infelizmente...
 

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pedro82

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(sem assunto)
« Responder #4 em: Novembro 12, 2008, 09:14:39 pm »
infelizmente este tipo de situações deixam-nos receosos em relação ao futuro, principalmente para quem está a concorrer para as forças de segurança... é uma vergonha o país nao criar condições para estas pesoas que servem a sociedade sempre perto do perigo e com a vida por um fio...
 

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CBras

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(sem assunto)
« Responder #5 em: Novembro 12, 2008, 11:43:49 pm »
Citação de: "pedro82"
infelizmente este tipo de situações deixam-nos receosos em relação ao futuro, principalmente para quem está a concorrer para as forças de segurança... é uma vergonha o país nao criar condições para estas pesoas que servem a sociedade sempre perto do perigo e com a vida por um fio...


concordo...infelizmente concordo...
é verdade...vejo e contam-me...
ainda nesta semana: uma rapariga foi à esquadra de sacavém pedia ajuda ao policia, marido de uma colega de trabalho. como bom profissional: ligou para as instituiçoes. Resposta: "não podemos acolher, não temos espaço"."Então e a criança?" "Não sei, você é que tem de fazer o seu trabalho"... Que respostas foram estas das intituiçoes de apoio às crianças??????????? sabem o resultado?! la teve o pobre rapaz policia de ficar mais 2horas  na esquadra depois da hora de saida a tentar algum sitio para a criança ir, sem sucesso, tentou convencer a rapariga a ir para casa!!!!! e ela foi...SE no outro dia aparecesse morta por violência doméstica?!?!??! nem quero imaginar...nem saber....
perder um dia de folga, de descanso para ir a tribunal para testemunhar violencia doméstica, e passado uma semana, vê-se a dita senhora abraçada e a passear feliz da vida (ou nao) com o agressor...compensou perder o dia de folga?
correr atrás de um ladrao por uns meros oculos ou um vidro partido, e ficar com o casaco rasgado? são os policias que têm de pagar o casaco! as botas se querem umas novas, as armas e sei lá mais o que....
3 casos dos milhares que conheço e já vivi e vi familiares meus viverem...

nao admira que muitos pensem em suicidio, porque viver sem tempo para a familia, com 800€ mês quando os que nem sabem mandar recebem o dobro....não é facil... e ter uma arma ao pé que acaba com o sofrimento... depois a familia nao percebe entre outras coisas

e concordo tmb que isto começa mal logo quando saimos da escola (ainda nao sei como vai comigo, mas espero contar). Onde é que as pessoas do interior conseguem viver sem a familia?! namorar? se é casado? não dá...é uma mudança radical, apesar de estar mentalmente preparados, a realidade ultrapassa tudo...
é um ciclo vicioso, e quando se vier a "descobrir" o que motiva o suicidio, não se vai fazer nada...nada e mais nada.... o normal em Portugal... evitar? naaaa, nada disso, para quê... custa mais evitar do que remediar...

culpa? do país em que estamos e dos vicios que o dominam.... estes nunca vão acabar...filhos de policias, policias serão... filhos de politicos, ociosos serão....
tal como já Eça dizia...o ócio e os vicios que dominam...enquanto não receberem 800€ para os que recebem 480€ poderem receber algo mais, não chegamos a lado nenhum... enquanto comprarem carros e porem gasolina à conta do orçamento...

enfim, acho que me excedi um pouco, mas como vou entrar p PSP, não quero fazer parte das estatisticas e o melhor é fazer como os outros..preocupar? naaaa, para que?

mas até todos os policias escreverem porque comentem suicidio nunca saberemos, apenas supomos...
se houver sempre noticias como estas a relatar o que realmente se passa, talvez se mude apenas uma das partes que precisam de melhorar na instituição
:)wollen wir mal sehen wo dieses neue Erlebnis uns hinführt:)
 

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Açoriano

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« Responder #6 em: Novembro 13, 2008, 11:14:56 am »
Livro polémico arrasa PSP
São 185 páginas de um livro que os autores assumem ser polémico – e que retrata a PSP a partir de dentro. Ouvindo agentes do terreno. A obra é apresentada na segunda-feira, em Lisboa, e nem o retrato negro que traça de toda a corporação impede o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, de estar presente e com discurso previsto. Apesar de se poder ler em ‘Polícia à Portuguesa – um Retrato Dramático’, entre outras denúncias que arrasam a PSP, a explicação da psicóloga Sandra Coelho: "O medo de represálias leva à introspecção. E o reflexo disso é o aumento dos suicídios."

Esta é uma noticia do Correio da Manhã
 

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Cabecinhas

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« Responder #7 em: Novembro 13, 2008, 11:23:39 am »
Ainda hoje estive com esse livro na mão, só que 19,20€ ainda custa um pouco  :?
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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JPereira

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« Responder #8 em: Novembro 13, 2008, 11:51:55 am »
Será que o governo anda de olhos tapados? Não, deve andar é bem seguro a ganhar os seus bons ordenados, porque não são incomodados no seu dia a dia que passam bem sentados a secretária do ministério a cagar leis e comunicados de imprensa que nunca levam a lado nenhum.
Qualquer PSP que esteja aqui a ler sabe bem que gostamos da nossa farda, temos orgulho no trabalho que fazemos - aliás 99% da "população" policial anda no serviço por causa do bichinho e da minima adrenalina que pode haver - mas quando chegamos ao nosso serviço e toca a elaborar expediente durante horas e horas, tribunal durante mais horas, dias sem ir a casa, renumerações baixas, falta de condições, por ai fora, deixamos de ter vontade de  continuar a levar isto para a frente e de cumprirmos o nosso suposto dever de proteger os cidadãos civis.
Mas, e não sei se ai os camaradas e o pessoal das forças armadas e até os civis concorda comigo, mas a m***a toda é a porra das injustiças que vivemos no dia a dia em que o policia é que é o criminoso, o cão que precisa de ser enjaulado e onde as frustrações das pessoas devem ser descarregadas.
A justiça e o governo não ajudam a policia, então quem é que o faz?

Abraços a todos!
 

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pedro82

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« Responder #9 em: Novembro 13, 2008, 01:19:23 pm »
Citação de: "JPereira"
Será que o governo anda de olhos tapados? Não, deve andar é bem seguro a ganhar os seus bons ordenados, porque não são incomodados no seu dia a dia que passam bem sentados a secretária do ministério a cagar leis e comunicados de imprensa que nunca levam a lado nenhum.
Qualquer PSP que esteja aqui a ler sabe bem que gostamos da nossa farda, temos orgulho no trabalho que fazemos - aliás 99% da "população" policial anda no serviço por causa do bichinho e da minima adrenalina que pode haver - mas quando chegamos ao nosso serviço e toca a elaborar expediente durante horas e horas, tribunal durante mais horas, dias sem ir a casa, renumerações baixas, falta de condições, por ai fora, deixamos de ter vontade de  continuar a levar isto para a frente e de cumprirmos o nosso suposto dever de proteger os cidadãos civis.
Mas, e não sei se ai os camaradas e o pessoal das forças armadas e até os civis concorda comigo, mas a m***a toda é a porra das injustiças que vivemos no dia a dia em que o policia é que é o criminoso, o cão que precisa de ser enjaulado e onde as frustrações das pessoas devem ser descarregadas.
A justiça e o governo não ajudam a policia, então quem é que o faz?

Abraços a todos!



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Trafaria

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« Responder #10 em: Novembro 13, 2008, 01:51:41 pm »
Falando dos suicídios:

Com todo o respeito pelo tema e pelos meus colegas que optaram por essa forma estúpida de acabarem com os seus problemas devo dizer-vos que não encontro na PSP e na vida policial mais motivos para que as pessoas se suicidem do que noutras profissões.

Penso que se noutros ramos de actividade as pessoas tivessem permanentemente uma arma à “mão de semear” os índices de suicídio seriam - em geral - pelo menos idênticos, nunca inferiores.

Assim de repente e avulsamente lembro-me de tês casos recentes: um subcomissário da DT-Lisboa, um cantineiro/barista, um secretário/amanuense numa secção de inquéritos. Nenhum deles passava noites a patrulher, nenhum fazia turnos, nenhum aturava "mitras", nenhum deles passava fins-de-semana a trabalhar, nenhum deles passava dias nos tribunais nas suas horas de folga…. enfim, todos estavam fora daquelas actividades e rotinas normalmente associadas às "agruras e amarguras" da vida policial.
::..Trafaria..::
 

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CBras

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« Responder #11 em: Novembro 13, 2008, 02:32:28 pm »
Citação de: "Trafaria"
Falando dos suicídios:


Penso que se noutros ramos de actividade as pessoas tivessem permanentemente uma arma à “mão de semear” os índices de suicídio seriam - em geral - pelo menos idênticos, nunca inferiores.


Concordo. Todas as profissões têm o seu q.b. de stress. talvez até o jardineiro ou varredor de ruas... e concordo, porque uma pessoa que pensa em suicidio tenta fazê-lo de forma mais eficaz (penso eu de que...), e na ponte 25 de Abril obriga a parar o carro e ser detectado pelas câmaras, enquanto se uma pessoa tiver uma arma precipita-se tudo... isto digo eu para as pessoas que pensam em suicidar-se.Por isso, quando um agente está de baixa psicológica lhe é retirada a arma (penso que seja assim), claro que também não fazi sentido ter a arma e sua posse :roll:  uhmmm, juizes que põem os culpados cá fora? :evil:
:)wollen wir mal sehen wo dieses neue Erlebnis uns hinführt:)
 

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mfisco

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« Responder #12 em: Novembro 27, 2008, 11:11:01 pm »
COMO TODOS SABEM A VONTADE DE TERMINAR COM A VIDA TEM APENAS UMA ÚNICA RAZÃO, NÃO GOSTAMOS DA VIDA QUE LEVAMOS.....
OS POLICIAS, COMO TODOS OS OS OUTROS PROFISSIONAIS, SEJA QUAL FOR A PROFISSÃO, NECESSITAM DE ESTABILIDADE EMOCIONAL E FINANCEIRA PARA DESENPENHAREM DA MELHOR FORMA A SUA MISSÃO.
PAGAR 800/900 EUROS A UM HOMEM PARA ELE TRABALHAR 6/8 HORAS POR DIA, FOLGAR AO OITAVO DIA E SÓ SABER A ESCALA DE SERVIÇO NO DIA ANTERIOR É SEM SOMBRA DE DÚVIDAS UM INCENTIVO AO DESCONTENTAMENTO.

UM AGENTE DE AUTORIDADE DEVERIA RECEBER UM ORDENADO QUE O DIGNIFICASSE.


É TRISTE DE DIZER MAS TER DINHEIRO É MEIO CAMINHO ANDADADO PARA SE TER ESTABILIDADE EMOCIONAL, LOGO OS TERMINUS DE VIDA DIMINUEM.


E POR FIM GOSTARIA DE REALÇAR QUE TODOS OS AGENTES DE AUTORIDADE DEVERIAM ESTAR NO SERVIÇO OPERACIONAL, DEIXANDO OS SERVIÇOS BUROCRÁTICOS PARA CIVIS, OS JARDINS PARA JARDINEIROS, OS INCÊNDIOS PARA OS BOMBEIROS, AS COZINHAS PARA COZINHEIROS ETC........
 
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Cabeça de Martelo

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« Responder #13 em: Novembro 28, 2008, 12:44:44 pm »
Isso o ordenado tem que se lhe diga, porque se trabalhassem 12 horas seguidas e só folgassem ao domingo quando não estivessem como "voluntários", tb é dificil. E atenção tudo isto e não se ganha 800/900€ por mês.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Trafaria

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« Responder #14 em: Novembro 28, 2008, 01:32:49 pm »
Também nao acho que os aspectos monetários sejam de especial relevância. Até porque esse é um aspecto à priori bem conhecido - e talvez o único - por todos os que se alistam.
Eu pergunto: quantas saídas profissionais dão €920,00 mensais (limpos) ao fim de 6 meses de formação?
::..Trafaria..::