« Responder #15 em: Dezembro 28, 2005, 09:09:58 am »
Lançado primeiro satélite do sistema europeu de localização
Um foguetão russo Soyuz lançou hoje do cosmódromo de Baikonur (Cazaquistão) um satélite destinado a testar em condições reais as tecnologias que serão postas em prática pelo futuro sistema europeu de localização Galileu.
O lançamento do Giove A decorreu sem incidentes às 05:19 (hora de Lisboa), segundo as imagens transmitidas em directo para a imprensa em Moscovo, num ecrã gigante.
«Todos os parâmetros são nominais», anunciou Marco Falcone, responsável de sistemas para o galileu na Agência Espacial Europeia (ESA), explicando que o voo estava a decorrer normalmente.
O Giove A, um grande cubo de 602 quilogramas fabricado pela empresa britânica SSTL, vai servir para validar no espaço várias novas tecnologias, entre as quais o relógio atómico mais exacto até agora lançado para o espaço.
A separação dos três primeiros andares do foguetão ocorreu, como previsto, depois de pouco mais de nove minutos de voo.
O quarto e último andar, chamado «Fregat», deverá ainda conduzir para uma órbita definitiva, a 23.000 quilómetros da Terra, o Giove A, que tem uma duração previsível de vida de dois anos.
Esta fase deverá ficar concluída 3 horas e 42 minutos após o lançamento, segundo o plano de voo fornecido pela Starsem, a empresa russo-europeia responsável pela comercialização dos foguetões Soyuz.
O êxito ou fracasso da missão só poderá ser anunciado depois de verificado o bom funcionamento dos painéis solares e dos instrumentos de transmissão do satélite, ou seja, 7 horas e 32 minutos após o lançamento.
Esta é a primeira vez que a ESA envia um satélite para uma órbita média. Este posicionamento garante uma grande estabilidade ao satélite, mas o ambiente rádio-eléctrico nessa localização é ainda mal conhecido.
Graças a este projecto - co-financiado pela ESA e a UE na fase inicial - a Europa espera tornar-se independente num domínio estratégico, o do posicionamento por satélites, actualmente indispensável para a gestão do tráfego aéreo, marítimo e, cada vez mais, automóvel.
O Galileu será o primeiro sistema de navegação por satélite sob gestão civil, já que os existentes, o norte-americano GPS e o russo Glonass, de que será complementar, continuarão a ser controlados por militares.
Graças ao Galileu e ao GPS, que serão compatíveis, será possível encontrar um contentor perdido, localizar uma viatura roubada, estimar o tempo de espera por um autocarro, seguir as deslocações de um delinquente portador de uma pulseira electrónica ou socorrer um caminhante perdido.
Dotado de um investimento total de 3,8 mil milhões de euros, o projecto Galileu deverá ser financiado, numa segunda fase, por uma parceria público/privada, esperando a União Europeia poder limitar a sua participação a um terço do montante.
Após a fase de testes, o projecto Galileu prevê a colocação em órbita de uma mini-constelação operacional de quatro satélites, graças á qual será possível verificar o bom funcionamento do conjunto do sistema.
A rede será depois completada por novos satélites para permitir o lançamento de um serviço comercial em 2010, em vez de 2008 como se previa antes. A prazo será composto por 30 satélites (27 operacionais e três de reserva).
O director executivo da empresa responsável pela montagem e gestão do projecto, a Autoridade Europeia de Supervisão do GNSS (Global Navigation Satellite System) é um engenheiro português, Pedro Pereira, eleito para este cargo por cinco anos em Maio passado.
Diário Digital / Lusa