Marginalmente este negocio tem outras repercussoes, como por exemplo aqui na Bélgica.
A perspectiva de uma uniao entre Gaz de France e SUEZ. esta a passar com muita dificuldade na Bélgica, onde muitos pensam que o seu mercado de energia venha a ser praticamente 'anexado' pela França, se esta operaçao se realizar.
Os ecologistas(partido verde com razoavel representaçao) criticam o governo de de Guy Verhofstadt, que teria negligenciado a dimensao estratégica do dossier desde a 'tomada' na totalidade da Electrabel(comp.electric.belga) por Suez a sua casa-mae, em agosto passado.Entao o governo teria obtido garantia que os centros de decisao de Electrabel, que emprega 11 000 pessoas, seriam mantidos em Bruxelas, e as autarquias tinham exigido, no que lhes diz respeito, a manter um direito de controle sobre os sete reactores nucleares do reino belga.
Alguns observadores sublinham hoje que a gestao dos 4 000 milhoes de Euros, ja aprovisionados pelo governo belga para o desmantelamento das centrais- em 2015 em principio- sera na realidade dos factos confiada ao Estado Frances, que se constitui como principal accionista da SUEZ.
Esta empresa controla 91% da produçao de electricidade belga.O grupo SUEZ assegura também praticamente 2/3 da venda de gaz na Valonia e Flandres, sendo a maior parte do que resta controlado pelo Gaz de France.
Sem o confessar oficialmente, o governo belga inquieta-se com esta evoluçao, assim como pelas garantias obtidas pela Electrabel.
A organizaçao belga de defesa de consumidores TEST ACHATS ( que por sinal detem e controla a portuguesa PROTESTE) considera 'inaceitavel ' o projecto de fusao que levaria a um retorno de concentraçao do mercado e penalisando os utilizadores.Esta critica é de resto apoiada pelo governo regional da Flandres que convidou as autoridades federais sobre concorrencia a debruçar-se sobre o dossier. "Sinto que os oligopolios se estao a constituir, eliminando o objectivo da liberalizaçao" disse Kris Peeters, ministro flamengo da energia.
Recordo que as empresas deste 'novo' grupo estao bem implantadas nao so em França como no BENELUX e 'espera tirar proveito da convergencia gas-electricidade:
- multiplicaçao de centrais eléctricas a gas
-ofertas combinadas das duas energias aos privados aquando da abertura total do mercado em 1 de Julho de 2007
Sera entao o n°1 mundial de gas natural liquefeito(um mercado em plena expansao com a colocaçao ao serviço em breve de jazigos russos, do Qatar, Irao) dispondo de um peso financeiro de choque para investir nas infraestruturas (gazodutos, sitios de stockagem, fabricas de liquefacçao, centrais nucleares...) bem como na exploraçao-produçao de gas, embora obviamente sempre dependente dos preços negociados com os fornecedores (como a GAZPROM) e as tarifas regulamentadas impostas pelo governo.
A Comissao Europeia tem escassa margem para contrariar a manobra francesa.Os mercados de energia, estanques, dominados pelos antigos monopolios nacionais nao tem permitido até agora fazer jogar a concorrencia e obter baixas de preços.A Comissao pretende atacar rapidamente as praticas anti-concorrencia da França e Alemanha por exemplo, mas tem muita dificuldade em impor as suas regras, das quais certos paises se conseguem escapar 'de facto'.Em 2002, o Tribunal de Justiça Europeu obrigou Madrid e Roma a 'desbloquearem' a EDF que multiplicava aquisiçoes, ao mesmo tempo que se protegia no seu monopolio em França. Zapatero, furioso por nao poder constituir um forte grupo espanhol, tentou opor-se ao raid da E.ON.Silvio Berlusconi que se vira obrigado que deixar a EDISON ser 'caçada' pela EDF, recusa renunciar agora ao negocio da ENEL perante a SUEZ e pede a Comissao para intervir.
Paris justifica-se expondo uma estratégia aparentemente europeia 'nao podemos ter um produtor(gazprom) que impoe as suas condiçoes a uma miriade de compradores" e "é preciso ter capacidade financeira para relançar o nuclear, mesmo que se belisquem principios de concorrencia que por vezes sao nefastos para o investimento".Na realidade dos factos os Estados recusam ter uma politica verdadeiramente comum numa Europa dividida.Ingleses e Holandeses querem controlar 100% dos hidrocarburos, os Franceses querem fazer o que entendem em matéria de nuclear, os Alemaes, Austriacos e Italianos nao querem centrais atomicas nas suas casas mas aproveitam a dos vizinhos.Mesmo as propostas da Comissao referentes a gestao de stocks energéticos por ex. sao rejeitadas pelos Estados ciosos de preservar as suas prerrogativas.
Recorri-me de textos e informaçoes hoje publicados em diversos orgaos franceses e belgas.'Le Monde' 'Le Soir' 'Les Echos'...
Finalizo citando
Franco Frattini, vice-presidente da Comissao Europeia:
" Esta fusao nao é ilegal, mas representa um golpe no espirito do mercado comum europeu "
o (desgostado) deputado europeu frances Gilles Savary:
"Abrimos o mercado da energia, mas nao o da politica energética"
e José Manuel Barroso
" Nao é com 25 mini-mercados de energia que a Europa fara face a mundializaçao "
Cumprimentos