Este tópico estava a ser discutido aqui, tendo eu optado por discuti-lo aqui, dado esta não ser uma questão Europeia ou mundial, mas sim uma questão interna.
http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?t=589&start=30Considerando que, este tema está intrinsecamente ligado á necessidade de quebrar a distância entre os eleitos e os eleitores, única forma de garantir a coesão nacional, ameaçada, pelo actual estado de coisas.
A sua intervenção, «papatango», remete quase formalmente para uma aturada e longa discussão acerca do nosso sistema democrático. E para uma procura de eficácia consequente, que sancionasse os nossos «representantes», não apenas do ponto de vista político, mas também severamente disciplinar. Mesmo agora apelam ao voto cego, com prejuízo de um voto livre e esclarecido. O nosso sistema democrático, é uma moribunda obsolescência. A «Europa», uma doce fantasia, com data marcada para a amargura. Palpites...
Caro C.E.Borges, neste mundo já está tudo praticamente inventado, no que respeita a sistemas politicos.
Eu acredito que o nosso sistema está até bastante equilibrado.
:!: Um Presidente da República, eleito por sufrágio directo e que funciona como um Rei, eleito a cada dez anos (com possibilidade de ser destituido a meio do mandato)
Se fossemos uma monarquia não sería muito diferente (eventualmente poupava-se na eleição, mas perdia-se em legitimidade democrática)
Um poder autárquico forte (ás vezes forte demais) mas que é a descentralização de que precisamos. E que já está feita há séculos.
Então onde está o problema ?Porque é que a maioria dos portugueses não se revê nos politicos e olha para eles com desconfiança?
Porque é que continuamos a referir-nos a ELES. ELES para cá, ELES é que mandam, ELES é que fazem.
Porque é que ELES continuam a mandar, e nós, a raia-miuda continuamos a olhar com desconfiança para aqueles que deveriam ser os nossos representantes ?
Se o problema não é do sistema politico e da forma de organização do Estado (Républica parlamentar e estado unitário, com duas regiões autónomas). Então onde está o problema ?
Do meu ponto de vista, para lá da maneira de ser dos portugueses (que essa não se pode mudar) há um problema com resolução relativamente fácil, mas que provocaría na politica portuguesa um terramoto.
O problema chama-se SISTEMA ELEITORALDesde 1976, com a Constituição da Républica que foi sagrado o sistema da “Regra mais alta de Hondt” como sistema para eleger os deputados.
Muito se tem falado sobre o método de Hondt, que é aquele que mais se aproxima da justiça proporcional, e que segundo a nossa tradição multipartidária, parece ser o mais lógico.
Muito se tem falado do método, mas
SEMPRE se tem esquecido, que a solução pode não estar no método de Hondt, mas sim no sistema de listas fechadas que é o actual.
Ora, eu voto no distrito de Setubal e o distrito de Setubal elege 17 deputados dos 230.
Quando eu voto, voto numa lista e os deputados da lista são eleitos consoante os votos dos partidos MAS, são eleitos por uma ordem que é determinada pelas distritais dos partidos.
Se eu votar no partido XYZ, o meu voto não vai eleger um deputado, vai, isso sim, ser entregue a um partido que cozinhou uma lista de eleitos.
Eu não tenho a mais pequena intervenção no nome dos deputados eleitos.
Ora no parlamente são os homens que votam, nominalmente, não são os partidos (excepção feita a situações de imposição de disciplina de voto)
Ora se são os deputados (homens e mulheres) e não os partidos que votam, logo, se quem recebe os votos são os partidos e não os deputados, daí se retira que a assembleia da república não tem qualquer representatividade.
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Qual é a solução ?
Há uma solução simples, mas da qual ninguém fala, porque todos os partidos têm horror dela. Não suportam, da esquerda á direita, que tal sistema seja implantado.
O sistema não necessita sequer de alterar á questão constitucional do método de Hondt e já existiu em Portugal.
Chama-se sistema de listas abertas.
Como funciona?
Ora eu voto em Setubal. Setubal elege 17 deputados, como referi.
Quando vou votar, (e aqui há várias hipoteses tecnicas e eu refiro apenas uma) em vez de receber um boletim recebo tantos boletins quantos forem os partidos concorrentes.
Agarro no boletim do partido em que escolhi votar, e nesse boletim escolho qual o deputado a que desejo dar a minha confiança.
Dobro o boletim, descarto os restantes, e entrego o boletim ao presidente da mesa.
Este sistema pode ser um pouco mais complexo, mas com a habituação tornar-se-ía usual.
Quando os votos são contados, cada partido elege um numero de deputados correspondente aos votos que o partido teve.
Mas quando se trata de escolher os deputados, estes são eleitos não pela ordem da lista, mas sim pela ordem de votos (DENTRO DO MESMO PARTIDO) que cada um dos dezassete deputados teve.
É como se existissem duas eleições. Numa vota-se no partido, na outra elege-se qual o deputado desse partido.
Este sistema existe no Brasil, por exemplo, embora o Brasil venha de uma situação diferente da nossa. Lá, o que é normal é votar no deputado, o voto no partido (ou legenda como eles dizem) é secundário.
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Este tipo de escolha simples, é terrível para os partidos. Alguns partidos não querem este sistema porque não querem dar ao eleitorado o direito de fazer escolhas DENTRO do partido.
A forma de evitar isto, é o conhecido sistema uninominal, que não é aceite pela constituição. Portanto estamos como sempre, não anda nem desanda.
Espero ter sido elucidativo