Estou satisfeito... :roll: ). É esta história que hoje vos vou contar, e que já algumas vezes me fez pensar como é que nós conseguímos sobreviver militarmente durante tantos séculos. Sei que vai ser difícil acreditar, mas é verdadeira (até porque já "filtrei" alguns "pontos" acrescentados, e confirmei-os com os protagonistas)
Só para dar o enquadramento, estamos na Ilha de S. Miguel, em 1980. A União Soviética é um perigo real, e os Açores são um dos pontos centrais da manobra da NATO no controlo do Atlântico. Pensariam vocês que o Exército Português destacaria para um local tão fulcral, unidades de qualidade... Pois enganam-se... Os soldados médios são açorianos analfabetos ou quase, e com nenhuma formação (isto sem querer ofender os açorianos, que são óptimas pessoas). Entre os sargentos e oficiais, encontram-se os menos desejosos de servir no Exército Português. Basicamente na época existiam dois tipos - os que queriam fazer carreira ( esses ficavam no Continente, não nos Açores); e a maioria, que encarava a tropa como algo que só os estava a fazer perder tempo, e que eram desterrados, entre outros sítios, para os Açores (o meu pai fazia parte deste grupo). Em ambos os casos a formação era deficiente, mas neste último juntava-se a falta de vontade...
Agora chegamos à fase da Operação Atum 80. Decidiu-se simular um ataque por "comandos" inimigos (supostamente Spetnaz) à ilha de S. Miguel, como preparação de uma invasão anfíbia soviética. Isto nos dias de hoje seria simulado pelo DAE, ou pelo CIOE, mas não na altura... Escolheram o meu pai, e mais 8 praças e furrieis do Esquadrão de PE para simular o inimigo. Não lhes deram qualquer treino ou táctica; entregaram-lhes dois jipes, umas caixas de madeira a fingir que eram bombas, umas granadas ofensivas, e umas G3.
Da lista de "alvos" a neutralizar constava:
- o paiol do Regimento de Infantaria
- o paiol da unidade de artilharia
- as antenas de comunicação da ilha, guardadas por pessoal de Artilharia
- o aeroporto
- os depósitos de combustível da ilha
- uma coluna de PE escoltando o Comandante da Região Militar.
Agora pensam vocês: estes tipos não têm hipótese; foram todos "mortos" logo na primeira operação... Enganam-se...
Nos ataques ao Regimento de Infantaria e à Artilharia, após uns tiros de balas de salva, as sentinelas bateram em retirada, não tendo sido disparado qualquer tiro de resposta pelos atacados! :shock: No meio da emboscada, o Brigadeiro destitui o tenente do seu comando, e entrega-o a um furriel, numa altura em que já quase toda a coluna tinha sido morta... :shock:
Os Açores eram um paraíso - licor de maracujá, ananás, marisco, carne de vaca... Militares é que não havia muitos... :roll:
Fiquem bem... E esperemos que a situação tenha mudado nas últimas duas décadas...