FEB, feitos e valores: legado para o Exército e o Brasil de hoje
A Força Expedicionária Brasileira, sem experiência de combate, com baixo treinamento e vinda de um país sem tradição de atuar em conflitos externos desde a Guerra do Paraguai, quase cem anos antes, enfrentou preconceitos e mostrou, sem sombra de dúvida, o valor do soldado e do povo brasileiros. Ainda hoje a FEB encontra baixo reconhecimento no Brasil, e não é difícil encontrar aqueles que, inadvertidamente, detratam sua atuação na Itália. Neste artigo, o general Rocha Paiva relata de forma brilhante a trajetória da FEB, seu valor e o legado que deixou aos brasileiros de hoje, tão carentes de nossa História – ainda que, talvez, muitos não saibam disso.RESUMO: O artigo começa com a síntese da situação do Brasil nos anos 1930-1940, destacando suas graves carências. A seguir, é explicado como se deu o envolvimento do país na 2ª Guerra Mundial e as dificuldades para preparar e enviar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Europa. São feitas considerações sobre os ensinamentos da História Militar a respeito do batismo de fogo de tropas inexperientes. E, então, se passa ao relato do roteiro da FEB, resumindo a situação militar encontrada na Itália e suas principais ações nos conflitos. Os combates de Monte Castelo e Montese são apresentados de forma detalhada e com farto apoio de imagens. Em seguida, antes de finalizar, é discutido o legado da FEB e sua importante contribuição para o amadurecimento político e o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
1. IntroduçãoEm 8 de maio de 2015, comemorou-se em todo o mundo os setenta anos da vitória aliada na 2ª Guerra Mundial, o maior conflito armado de todos os tempos. No Brasil, houve alguns eventos para lembrar os feitos da FEB e seus pracinhas, vivos e mortos, que combateram gloriosamente nas montanhas italianas, bem como para homenagear os irmãos brasileiros vítimas dos submarinos nazifascistas em nosso litoral. Mas eles e elas mereciam muito mais!
Este artigo pretende contribuir para a Nação, principalmente sua juventude, valorizar a História da Pátria, mostrando como irmãos brasileiros de uma geração passada responderam com coragem à afronta lançada à dignidade nacional. A Nação foi desafiada por um inimigo, cuja ideologia totalitária e racista o levara a se considerar uma raça superior, destinada a dominar o mundo. Os pracinhas deram um exemplo de como deve ser e proceder um povo que pretende ver sua Nação respeitada e considerada no cenário mundial.
Pretendo mostrar como o Brasil foi capaz de superar enormes carências e dificuldades e, realizando um notável esforço, participar diretamente do conflito com uma força expedicionária que, superando reveses iniciais, colheu brilhantes vitórias sobre a poderosa e temida Wehrmacht alemã. O mestiço tupiniquim derrubou o mito da super raça germânica. Quero mostrar como o brasileiro, patriota por natureza, é capaz de realizar feitos notáveis quando liderado por quem lhe inspira confiança e camaradagem. A descrição dos combates de Monte Castelo e Montese comprova o valor de nossa gente, mas esses são apenas dois dos muitos exemplos de heroísmo que pontuam a História do Brasil e de seu Exército.
Em síntese, pretendo exaltar a FEB como exemplo de feitos memoráveis, livro sobre valores e virtudes morais e cívicas e legado extraordinário a ser conhecido e cultuado por todas as gerações de brasileiros.
2. O Brasil nos anos 1930-1940O Brasil, assim como as potências mundiais vivia a era industrial, mas ao contrário delas era um dos países que ainda não entrara na revolução industrial, sendo importador de produtos até mesmo de primeira necessidade e dependente da monocultura do café para auferir recursos de exportação. O Brasil, na era industrial, não tinha indústrias.A população era de quarenta milhões de habitantes, com 28 milhões vivendo no campo e doze milhões nas cidades. As condições de saúde e sanitárias eram muito precárias, o que facilitava a propagação de doenças, sendo grande o número de brasileiros com tuberculose, doença de chagas, hanseníase, sífilis e outras doenças sexualmente transmissíveis. A taxa de mortalidade infantil era, também, muito elevada.
A infraestrutura de transportes refletia um país com população mal distribuída, adensada no litoral e em poucos núcleos de porte médio no interior. No tocante à educação, o analfabetismo beirava os 60% da população. A malha rodoviária, além de muito incipiente, não era asfaltada e a ferroviária não supria as necessidades do país, concentrando-se no sudeste e com alguns ramais no nordeste e no sul, em áreas mais populosas próximas ao litoral, não muito diferente da configuração atual. Dessa forma, era grande a dependência do transporte marítimo, cuja navegação oferecia alto risco pela ameaça dos submarinos do Eixo. O fornecimento de energia elétrica sofria constantes interrupções, haja vista a baixa capacidade instalada para atender à demanda residencial nos centros urbanos e a das fábricas, sendo ainda mais deficiente para suprir as áreas rurais onde vivia a maioria da população.
A Revolução de 1930, que depôs o Presidente Washington Luís, substituiu a liderança do eixo São Paulo-Minas Gerais e deu espaço para a ascensão de novas correntes políticas engajadas na industrialização do Brasil. Essa nova liderança marcou o início da evolução política, econômica e social do país, que foi passando, paulatinamente, de rural e agrário a urbano e industrial. A urbanização, a industrialização e o aumento da imigração de contingentes europeus e japoneses ensejaram o crescimento da classe média, a melhoria das condições de vida nas cidades, a expansão da educação, o fortalecimento de ideais democráticos mas, também, a introdução das ideologias comunista, socialista e nazifascista oriundas da Europa.
Em 1937, o presidente Getúlio Vargas, alegando ameaças de ideologias totalitárias decretou o Estado Novo e implantou uma ditadura que permaneceu no poder até 1945. A Constituição de 1937 decretou a supremacia do Executivo sobre o Legislativo, extinguiu os partidos políticos, aboliu as eleições, fechou o Congresso Nacional, acabou com a liberdade de imprensa e decretou o fim do federalismo, passando os estados a serem governados por interventores.
Esse era o Brasil quando eclodiu a 2ª Guerra Mundial na Europa. Mas o que levou o Brasil a participar diretamente do conflito com suas Forças Armadas (FA)?
3. Verás que um filho teu não foge à lutaUm mês após o início das hostilidades, os países do continente americano se reuniram no Panamá, em outubro de 1939, e declararam neutralidade na guerra. Porém, seria difícil para todos mantê-la, considerando o vulto do conflito, os interesses em jogo e a expansão geográfica das operações bélicas, que afetaram a todos os continentes. Era o resultado do processo de intensificação progressiva da globalização, embora ainda não claramente perceptível como hoje, que não excluía e ainda não exclui a projeção do poder militar em seus vários propósitos – atrair, pressionar, coagir ou impor.
Em julho de 1940 foi a vez de Havana sediar uma conferência dos países americanos e, nessa reunião, ficou decidido que qualquer atentado de um Estado não americano a um país do continente, comprometendo sua integridade ou inviolabilidade territorial, soberania ou independência seria considerado uma agressão aos demais condôminos. E assim aconteceu quando, em 7 de dezembro de 1941, os japoneses atacaram Pearl Harbor, território dos EUA no Havaí. Em consequência,
o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo nazifascista em janeiro de 1942, tendo como resposta o início do torpedeamento e afundamento de navios mercantes nacionais por submarinos alemães e italianos. Foram 35 navios torpedeados, dos quais 33 afundados, causando a morte de mais de mil irmãos brasileiros .
Em 31 de agosto daquele ano, o Brasil declarou guerra à Alemanha e Itália, tendo decidido, em fevereiro de 1943, constituir a Força Expedicionária Brasileira (FEB) para combater no teatro de operações (TO) europeu. Em julho do ano seguinte, o primeiro contingente da FEB seguiu para a Itália, entrando em combate em 16 de setembro de 1944.
Em 1940, o Exército tinha um efetivo de apenas sessenta mil homens e uma missão militar francesa prestava orientação operacional à nossa força terrestre desde o início da década de 1920. Sem dúvida exitosa na 1ª Grande Guerra, a doutrina francesa se mostrara ultrapassada no conflito em pauta. Assim, o Exército teve de migrar para a doutrina norte-americana, uma vez que a FEB iria integrar um Corpo de Exército dos EUA no TO europeu.
Em pouco mais de um ano, foi necessário preparar pessoal para o exercício de novos cargos e para empregar equipamentos e armamentos então desconhecidos. Os manuais de operações precisaram ser traduzidos, a metodologia de planejamento e a tática operacional foram adaptadas e novas formas de exercer a disciplina e a liderança militar tiveram que ser estudadas, assimiladas e praticadas.Foi difícil selecionar 25 mil brasileiros aptos para compor a FEB, entre os 110 mil convocados e voluntários, pois as exigências das normas de seleção do Exército dos EUA não eram fáceis de serem atendidas com uma população com tão graves carências sanitárias. As condições de combate no front italiano seriam terríveis, particularmente no inverno. Havia outros óbices a dificultar a mobilização, reunião e preparação da FEB. Um deles era o lapso desde o último conflito armado externo do país, a Guerra do Paraguai terminada há setenta anos, e outro óbice foi a guerra psicológica adversa, explorando o sentimento de inferioridade de grande parte da população.
A contrapropaganda dizia ser mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil mandar uma força expedicionária para combater o Eixo nazifascista. Em momento de grande inspiração, foi exatamente a figura de uma cobra fumando que passou a ser o símbolo da FEB, como um provocativo autodesafio. Pois o soldado brasileiro, síntese do povo desta Nação, fez o símbolo se transformar em realidade e a cobra fumou nos campos de batalha do TO italiano.
A FEB reuniu gente de todas as regiões do Brasil. Teria sido mais fácil, em termos meramente operacionais, fazer a convocação e reunião apenas na região sudeste e no Rio Grande do Sul, onde as condições de higidez da população eram melhores e se concentravam as unidades mais bem constituídas do Exército. Porém, optou-se por uma decisão de cunho político-estratégico, considerando a importância de a FEB ser um feito nacional e não apenas regional, a servir de exemplo para as futuras gerações de todo o país e fator de coesão nacional. Assim, a composição da força teve mais de 50% de cidadãos do sudeste, cerca de 15% da região sul e outros tantos do nordeste e os demais distribuídos entre as regiões norte e centro-oeste.
O Brasil não tinha indústrias têxteis nem de calçados capazes de produzir uniformes e coturnos em condições de durar no clima e na topografia onde os combates seriam travados. Praticamente tudo, até mesmo meias, luvas, camisas, ceroulas, mantas e lençóis foram fornecidos pelos americanos, cujo apoio logístico foi de primeira qualidade, sendo a opinião de muitos pracinhas que eles se alimentavam melhor no front do que em casa no Brasil. Além desse material, o equipamento, as viaturas e o armamento só foram recebidos na Itália, pois os EUA não tinham certeza de que o Brasil mandaria, realmente, uma força expedicionária para a Europa e não queriam desperdiçar meios caso isso ocorresse.
As potências viam o Brasil como um país pleno de recursos, mas subdesenvolvido, periférico e mestiço, como se essa última característica fosse algo negativo. Havia um misto de desprezo, benevolência, interesses e preconceito racial similar ao arianismo alemão, que se estendia, logicamente, ao soldado brasileiro.
Eis aí um grande desafio a vencer, pois a tendência seria uma cobrança de resultados sem considerar a inexperiência que, normalmente, prejudica o desempenho de tropas novatas, de qualquer país, ao entrarem em operações.4. Na guerra o início é sempre difícilNo início de 1943, o emprego de tropas inexperientes do Exército dos EUA na Tunísia resultou em significativas e, segundo alguns estudiosos, humilhantes derrotas impostas pelo veterano Afrika Korps de Rommel em distintos combates durante a Batalha de Passo Kasserine. O batismo de fogo do Exército dos EUA, no front do Atlântico, na 2ª Guerra Mundial é assim relatado por AMBROSE (pag. 166 e 169):
“A Batalha de Passo Kasserine envolveu veteranos [alemães] e novatos [norte-americanos] – o verdadeiro problema, antes e durante a batalha, era se os americanos impediriam que uma derrota tática se transformasse em um desastre estratégico. E isso eles conseguiram. O problema depois da batalha era se eles aprenderiam com os seus erros” (traduzido por este autor).
Além de destacar a falta de experiência das tropas norte-americanas, o mesmo autor aponta as deficiências observadas na sua preparação:
“Elas não receberam treinamento intensivo nos EUA – levou meses para que recebessem seu equipamento e, então, o treinamento na Inglaterra ficou difícil – os oficiais e soldados mostraram essa falta de adestramento” (traduzido por este autor).
Mas não foram só os norte-americanos, mas também ingleses e franceses sofreram sérios reveses quando seus exércitos não preparados e sem experiência foram batidos em Dunquerque (França) e no sudeste da Ásia entre 1939 e o início de 1943.
Anos mais tarde, no início da Guerra da Coreia em 1951, o Exército dos EUA entrou no conflito com soldados convocados, ao contrário dos Fuzileiros Navais (Marines) que empregavam soldados profissionais. O inimigo era o Exército da Coreia do Norte que, então recentemente, tinha concluído sua participação na Revolução Chinesa, combatendo durante anos ao lado das vitoriosas forças de Mao Tse Tung. O resultado nos primeiros combates foi o mesmo de Passo Kasserine, exceto os Marines que, embora sofressem reveses importantes, demonstraram disciplina de combate, equilíbrio emocional e preparo profissional.
É a História Militar quem explica os reveses da FEB, nos primeiros meses no front, ao entrar em choque com as fortes posições na cadeia dos Montes Apeninos, defendida por um inimigo experiente, aguerrido, com efetivo suficiente e bem equipado. Portanto, atacar, recuar em ordem e permanecer no front sem ser substituída foi um mérito.
Há quem deprecie as vitórias da FEB por não terem sido decisivas na derrota do Eixo. Ora, ela era apenas uma das 99 divisões de combate aliadas na Europa e em um TO secundário. As suas vitórias foram compatíveis com uma divisão de Infantaria a pé (sem blindados), sendo importantes para o IV Corpo de Exército do Exército dos EUA ao qual pertencia. A FEB, como qualquer divisão, era do nível tático e não estratégico. Substituiu um Corpo de Exército dos EUA e o Corpo Expedicionário Francês, ambos veteranos, que foram transferidos para o TO prioritário na França, o que constituiu mais uma contribuição para a campanha aliada. A FEB entrou em combate com preparação incompleta e venceu difíceis desafios até se tornar uma força combatente eficaz, que demonstrou o valor da gente brasileira e projetou o Brasil no mundo.
5. A chegada ao TO italiano e o roteiro da FEBA FEB chegou à Itália com o primeiro contingente em julho de 1944, o qual entrou na fase final de preparação e teve seu batismo de fogo em 16 de setembro, atuando com êxito contra posições avançadas alemãs diante cadeia de montanhas dos Apeninos.
Naquele momento, o norte da Itália estava em mãos da Wehrmacht, que vinha conduzindo uma eficaz ação retardadora de nível estratégico, desde a Sicília, aproveitando as sucessivas linhas de alturas ao longo da península italiana, onde eram excelentes as condições de defesa. Seu objetivo era impedir o acesso ao sul da Alemanha, já engajada em uma luta mortal ao leste contra a URSS e ao oeste contra os demais aliados, pois uma terceira frente aberta, próximo ao coração daquele país, lhe seria fatal. Além disso, era importante para o esforço de guerra alemão a posse do norte da Itália, por sua base industrial e por ser um elemento de barganha relevante em uma eventual negociação de paz com os aliados. Portanto,
é muito simplório o argumento de que o Exército Alemão estivesse combatendo sem o engajamento dos anos anteriores, pois além dos motivos destacados, isso não combina com o histórico e as tradições daquele país.Os aliados tinham o V Exército dos EUA a oeste e o VIII Exército Britânico a leste, ambos enquadrando tropas de seus países e de outros aliados. A FEB foi enquadrada pelo IV Corpo de Exército (IV CEx) do V Exército de Campanha (V Ex) dos EUA.
Após a conquista de Roma, o prosseguimento dos aliados na Itália visava a conquista de Bolonha, a fim de abrir o acesso ao norte da península, onde poderia impedir a retirada das forças inimigas para os Alpes, de modo a proteger o sul da Alemanha. O comando aliado tinha o propósito de chegar a Bolonha antes do Natal de 1944, mas a poderosa defesa alemã nos Apeninos conseguiu barrar a ofensiva anglo-americana em toda a frente, inclusive na que tocou à FEB. Após os insucessos de novembro e dezembro, as operações aliadas foram interrompidas pela chegada do rigoroso inverno europeu, só sendo retomadas em fevereiro de 1945.
Os pracinhas entraram em operação a partir de Livorno, onde começou o roteiro da FEB, destacado na FIGURA 1. As primeiras ações, em meados de setembro de 1944, tiveram como unidade base o 6º Regimento de Infantaria (Regimento Ipiranga de Caçapava-SP) e venceram posições de retardamento alemãs diante dos Apeninos, onde duas poderosas linhas sucessivas de defesa – a Linha Gótica e a Linha Gengis Cã – bloqueavam a progressão para o norte, respectivamente, em Monte Castelo e Castelnuovo e em Montese e Zoca. Nos Apeninos, ocorreram os combates mais sangrentos e gloriosos da FEB, entre novembro e abril de 1945, com a participação do 1º Regimento de Infantaria (Regimento Sampaio do Rio de Janeiro-RJ), 6º Regimento de Infantaria e 11º Regimento de Infantaria (Regimento Tiradentes de São João Del Rei-MG). Rompida a barreira dos Apeninos, a FEB entrou em aproveitamento do êxito, no vale do Rio Pó, para estabelecer contato com os aliados no sul da França. Nesse deslocamento, liderado pelo Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da FEB, foi bloqueada a retirada da 148ª Divisão Alemã, em Collechio-Fornovo. Em 28 de abril, a divisão alemã se rendeu e foram aprisionados cerca de vinte mil combatentes alemães e italianos. Foi a primeira vez na Itália que uma força da Wehrmacht de tal magnitude se rendeu aos Aliados.
Nos Montes Apeninos é que se travou a grande batalha da FEB. Muitos civis, inclusive escritores, desconhecem que batalhas duram semanas ou meses e são uma sucessão de combates com avanços, paradas temporárias e recuos. Monte Castelo era um dos pontos fortes no limite avançado da Linha Gótica e foi um dos duros combates para rompê-la, como será descrito a seguir.
CONTINUA...