A inercia, resulta de ninguém saber o que fazer, porque ninguém tem ideia alguma sobre como arranjar forma de a opinião pública aceitar o nível de despesas necessário para dar um minimo de credibilidade a qualquer dos três ramos.
Uma coisa é quando se pergunta ao Zé, se acha que no contexto atual, se devem adquirir meios para as forças armadas.
Outro, é quando se dá uma folha de papel ao Zé, e se pede que ele decida onde é que quer cortar para que as F.A. possam ser reequipadas.
Ainda assim, muita coisa deveria ter sido feita, mas à inércia junta-se muito mais que isso...
Os Bradley, são seguramente melhores que qualquer coisa que exista neste momento, no sentido de prover uma força blindada do apoio de infantaria que lhe dá credibilidade, mas os Bradley têm um custo de manutenção muito mais alto que os M113.
Além disso, as quantidades que existem não são assim tão grandes, nomeadamente se consideramos a operacionalidade.
Os ucranianos queixam-se de ter unidades, que receberam Bradley avariados em grande quantidade.
Os americanos esperavam que os ucranianos reparassem os Bradley sem terem fornecido peças de reposição nem indicações de como as produzir.
Em Portugal habituámo-nos durante muito tempo às transferências de material que estava operacional e em serviço, mas que era substituido.
O material que chegava cá, era material usado, mas que ainda tinha umas boas horas até ter que sofrer uma reparação geral.
Quando avariava... Enconstava-se, mas não se reparava.
Agora, as quantidades são menores, o que está disponível está parado e precisa ser reparado.
O material para a Ucrânia tem prioridade (por razões óbvias).
O que provavelmente precisavamos, era dinheiro para instalações ou para contratar gente que tivesse capacidade para desmontar uma viatura e voltar a monta-la outra vez. Fico com a impressão de que neste momento, nem com as Pandur - que afinal foram montadas em Portugal - isso pode ser feito de forma eficiente.
Faz-se manutenção básica, pode-se mudar e reparar um motor, de uma ou duas viaturas de cada vez, mas não há capacidade para iniciar um programa de modernização de viaturas. Não há nas forças armadas, nem nas empresas que em Portugal poderiam ser chamadas para o fazer.
Quando se deixa morrer tudo, é dificil começar de novo.