Eu gosto tanto de brincar às fantasy fleets como qualquer outra pessoa, mas vamos fazer um exercício simples em realismo sobre a modernização da capacidade de combate da Marinha até 2030. As hipóteses de partida são:
1. O poder político, seja ele de que côr for, “está-se nas tintas” para as FA, o que tem como consequência que a substituição/modernização da capacidade combate só se faz quando a situação se torna insustentável, nomeadamente em termos da nossa contribuição NATO. Desde que possamos “salvar a face” perante a NATO, está tudo bem.
2. Não vão existir verbas adicionais para as FA relativamente ao que está previsto na LPM. No máximo, pode haver transferência de verbas entre rubricas.
3. A LPM vai ser efetivamente executada, pela primeira vez na história recente (Nota: esta hipótese já é esticar um pouco a realidade, mas pronto...)
4. No caso específico da Marinha, os problemas de retenção de pessoal são enormes, por isso, na melhor das hipóteses, qualquer solução tem que ser de soma zero em termos de tripulações.
Financeiramente, e se não me engano, as disponibilidades serão de cerca de 500 M€, distribuidas da seguinte maneira (mais coisa, menos coisa):
1. 150 M€ do LPD.
2. 150 M€ do AOR.
3. 130 M€ do MLU das Vdg que não seria executado.
4. 80 M€, no máximo, da venda das duas VdG que estão operacionais (a VdG neste cenário seria abatida).
Em termos de tripulações estamos a falar de cerca de 500 marinheiro(a)s, assumindo que actualmente só temos tripulações para 4 fragatas (e já isso é otimista):
1. ~320 das duas VdG.
2. ~200 das duas covetas
3. Eventualmente mais ~50 do Bérrio, se ainda não tiverem sido redistribuidos por outras unidades.
Portanto, tudo o que se possa fazer tem que obedecer a estes dois constrangimentos: não pode custar mais de 500 M€ e requerer mais de 500 tripulantes... simples... Agora é começar a ver o que “cabe” neste pacote, sabendo que:
1. O Wave Ruler custaria 50-100 M€ (mais custos de dragagem dos acessos ao Alfeite) e tem 50 tripulantes.
2. O Patiño custaria mais ou menos o mesmo (mais coisa menos coisa), mas requer 150 tripulantes.
3. O JdW custaria cerca de 150 M€ e também requer 150 tripulantes.
4. Cada M holandesa custaria uns 60-80 M€ e requer 160 tripulantes.
5. Cada F123 alemã (que vão começa a ser substituidas em 2027 pelas F126 e, portanto, poderiam estar disponíveis, se a coisa fôr bem falada) seriam uns 100 M€ e levam 220 almas.
6. Cada T23 inglesa (os modelos GP estão disponíveis) seria uns 50 M€, mas tb levam 180 tripulantes e representariam uma cadeia logística totalmente diferente das M ou F123, que pelo menos são semelhantes nesse aspecto às nossas M e VdG.
Agora é arranjar as combinações que cada um mais goste, dentro destes limites... comece a discussão... para mim, há algumas conclusões óbvias:
1. Os dias das 5 fragatas acabaram... vai ser uma sorte conseguirmos manter 4 e é provável que, a prazo, só venhamos mesmo a ter 3, tal com nos anos 90 e 2000...
2. As possíveis aquisições do Patiño e do JdW limitam imediatamente o tamanho da frota combatente a 3 fragatas (provavelmente juntando a van Speijk às nossas M), por causa do número de tripulantes requeridos.
3. Adqiuir o Patiño seria um enorme “tiro no pé”, porque não só é monocasco, como tem uma tripulação enorme.