Chamem-me romântico, mas como eu recebi instrução para utilizar uma G3, até gostei da arma, quando em comparação com as outras coisas que nos davam para treinar.
Eu também só recebi treino além da G3 com duas pistolas metralhadoras, uma delas a FBP, que na altura já era apenas mostrada e ainda sou do tempo da pistola Walther.
O problema, como o vejo, nem sequer é uma arma para substituir a G3, é o abandono completo do calibre 7,62x51. Creio que muita gente, não entende a diferença entre um 5,56x45 atual e o 7,62x51 da G3.
Eu naturalmente não estive em África, mas tenho que ter por bom o que as pessoas que estiveram por exemplo na operação Nó Gordio em Moçambique, me contavam.
O que mais impressionava os soldados portugueses quando receberam a G3, é que as armas de fabrico russo, tinham munição que muitas vezes ressaltava nos ramos das árvores e na vegetação.
Se os nossos soldados fossem atacados por AK-47 ou então por aquilo que eles chamavam costureirinha, que era uma PPS (se não me engano) até a vegetação mais densa poderia servir de proteção.
Ainda que normalmente as forças inimigas não efetuassem ataques diretos e as emboscadas não eram comuns. O problema eram sempre as minas e pontos onde pudessem existir atiradores escondidos.
O que saltava à vista, é que a G3 não tinha esse tipo de problema e rapidamente o outro lado começou a perceber isso. O poder de fogo da munição e a precisão da arma, faziam com que ninguém se pudesse ocultar na vegetação, porque não adiantava de nada.
Eu também posso afirmar que não há comparação entre uma G3 nova e uma G3 batida e antiga. Tive a sorte de na minha recruta, receber uma G3 novinha em folha. Ainda cheirava a plástico em vez de cheirar a óleo.
A NATO substituiu a munição 7,62 pela 5,56 com base numa idea: Ferir o inimigo em vez de o matar, porque um soldado ferido vai obrigar à evacuação e vai ocupar mais inimigos que um soldado morto.
Olhando para o que se passa na Ucrânia, estou infelizmente convencido de que armas de calibre mais pesado, fazem mais sentido, já que os russos abandonam os seus próprios feridos para morrer.