Desta forma, quem corre o risco de passar por ser um país arrogante e que não quer cooperar pode ser nós.
E? Qual é o problema? Nós fizemos a nossa parte, mandamos para lá o tipo de força que Timor pediu, quando eles pediram e até os pusemos no terreno sem estarem totalmente preparados para actuar, uma vez que ainda nem lá está todo o equipamento. Estão a "improvisar" e, se calhar, até a arriscar um bocado.
Só que também temos pequenas exigências que terão de ser aceites, e uma delas é que quem manda na nossa força somos nós.
Das duas uma, ou aceitam ou não. Se não aceitarem, toca a regressar. Está na mão dos Timorenses...
Além disso, e se calhar está relacionado com a nossa "pequena" exigência, ainda não se percebeu bem de que lado estão os australianos, se dos revoltosos se do governo, se bem que eu tenha a minha ideia...
Em relação à atitude do governo português, para já e a ser verdade, penso que foi a correcta, até porque a tendência seria para as coisas "azedarem"..
O problema é que quando o estado Português sai fora das fronteiras nacionaís e emprega bens nacionaís, deve-o fazer de acordo com uma agenda que visa alcançar objectivos concretos dentro de quatro áreas que continuamente propagam a imagem de Portugal no estrangeiro, e em Portugal.
As quatro áreas são:
- Política
- Cultural
- Económica
- Militar
Neste caso quaís são os objectivos a alcançar? O que é que o governo Português vê de valor nesta intervenção Portuguesa numa terra estrangeira? E se têm uma ideia do que pretendem alcançar, quais são os meios que têm ao seu dispor para utilizar de forma a conseguir concretizar os objectivos?
Se se comprometeram a mandar tropas para o outro lado do mundo, que o façam bem feito, pois assim a percepção que se ganha a nível internacional para o pais será positiva, e não o contrário. Agora se vão para o outro lado do planeta "rotos e nús", e tendo que lidar com uma situação onde se encontra um rival poderoso como é a Austrália, mas sem ter a possibilidade de negociar de igual-para-igual, o mais certo é que acabamos por nos expor a situações onde podemos ser humilhados, ser-mos incapazes de defender a nossa posição e consequentemente ver a nossa reputação internacional desfraldada. Se Portugal fosse capaz de mandar uma força expedicionária para TL com fragatas, helis, carros de combate, e 2000 homens, então fod*-se, manda-se os Australianos tomar naquele lugar, mas não é esta a situação.
Assim, temos muito mais a ganhar construindo a nossa posição através da combinação de bom desempenho por parte da GNR na rua, e bom desempenho diplomático junto ao governo Timorense e/ou outros possiveís aliados na área.
Visto que a nossa posição inicial de entrada nesta situação é fraca, e subjecta a possiveís intimidações, pressões, etc, creio eu que, tacticamente teria feito mais sentido dizer que sim aos Australianos que estamos dispostos a trabalhar sobre o seu comando. No mínimo, esta posição dar-nos-ia a oportunidade de ganhar tempo para reforçar a nossa posição em TL a longo-prazo, ganhar um entendimento mais aprofundado do que se está a passar, identificar quem serão as pessoas em quem podemos confiar neste momento, e que medidas se devem tomar para influênciar a situação a nosso favor, para eventualmente passar uma rasteira aos Australianos, e impedir que eles sejam vencedores nesta situação. Talvéz até que, Portugal sabendo gerir esta situação de uma forma correta, possibilita-se a oportunidade de re-estabelecer Portugal como um país que deve participar activamente na vida politica/económica/cultural/militar da região Ásia-Pacífico. Foi o que fizemos durante séculos, e só o deixamos de o fazer à bem pouco tempo.
Um outro pormenor que não está a ser bem gerido é a questão da "guerra" mediática. A Austrália faz parte da "Angloesfera", e sendo assim tem a oportunidade de "vender o seu peixe" mais eficazmente que Portugal, e de manipular a percepção internacional positivamente a seu favor e negativamente contra nós. Seria essencial não deixar isto acontecer; O governo Português deveria ter alguém com experiência de lidar com a mídia internacional para garantir que a voz Portuguesa também é escutada e levada a sério, porque senão só houvem os Australianos e não há ninguém para defender a nossa posição.
Por fim, a visão que pessoalmente eu tenho presentemente da situação, é que o governo Português demonstrou ser amador e desleixado ao lidar com esta situação, pois mandaram a GNR para Timor de uma forma atabalhoada, assumiram uma postura diplomática em que revelaram as nossas fraquezas, puseram os nossos soldados numa situação relativamente perigosa, e possivelmente comprometeram a nossa posição estratégica a longo-prazo.