China reafirma que poderio militar visa estabilidade regional
A China assegurou hoje aos restantes países da Ásia e aos Estados Unidos que o seu desenvolvimento militar visa promover a estabilidade na região.
A declaração foi feita pelo ministro da Defesa chinês, Liang Guanglie, na reunião realizada em Hanói com o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, e os seus homólogos do Sudeste Asiático, Coreia do Sul, Japão, Índia, Austrália e Rússia.
«O desenvolvimento da Defesa da China não tem como objectivo desafiar ou ameaçar, mas garantir a segurança e promover a paz e estabilidade» disse o general Liang durante o discurso dirigido aos ministros.
A reunião realizou-se num clima de preocupação entre os países da Ásia com o facto de a China tentar controlar zonas marítimas situadas a até 1.800 quilómetros de distância da sua costa, através da expansão da sua força naval.
Apesar de reiteradas declarações de intenções feitas por Pequim e pelos países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) para resolver as disputas territoriais no Mar da China Meridional, não foi estabelecido um código de conduta que evite os atritos relacionados às ilhas Spratlys e Paracel.
China, Brunei, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietnã reivindicam a soberania total ou parcial das Spratlys, enquanto Hanói e Pequim disputam o controlo das Paracel.
No final da reunião, os ministros da Defesa indicaram em comunicado conjunto que tinham assinado uma resolução para colaborar na adopção de um «código de conduta» para prevenir eventuais confrontos na região.
No seu discurso, Gates disse que os EUA se preocupam com as crescentes disputas territoriais que a China e outros países mantêm em certas regiões marítimas, com implicações no comércio global.
«Temos interesse na liberdade de navegação, no desenvolvimento econômico e comercial sem impedimentos e no cumprimento da lei internacional», afirmou o chefe do Pentágono.
Gates disse ainda que «os Estados Unidos não se posicionam a favor de nenhuma das partes» e que as reivindicações de soberania «devem ser resolvidas de forma pacífica, sem ameaças nem coação».
«É preciso melhorar o diálogo e a cooperação para que haja confiança mútua», ecoou Nguyen Tan Dung, presidente rotativo da Asean e primeiro-ministro do Vietname, país que mantém frequentes atritos com a China por conta da captura de navios da sua frota pesqueira.
Na semana passada, o Governo de Hanói acusou a China de prender ilegalmente nove pescadores de um barco que navegava perto das ilhas Paracel, no Mar da China Meridional. No entanto, durante o encontro, o ministro da Defesa vietnamita, Phung Quang Thanh, anunciou aos jornalistas que a China tinha libertado os pescadores.
Antes da reunião conjunta, os ministros dos 17 países participantes mantiveram encontros bilaterais. Gates e Liang encontraram-se pela primeira vez desde que, há oito meses, Pequim suspendeu as relações militares com Washington em resposta à proposta americana de vender 6,4 mil milhões em armas para Taiwan.
Após a reunião bilateral, o secretário de Defesa norte-americano indicou que tinha sido convidado pelo seu homólogo para fazer uma visita oficial à China no ano que vem.
Lusa