Rússia

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HaDeS

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Re: Rússia
« Responder #165 em: Abril 27, 2010, 04:07:33 pm »
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Após pancadaria, Parlamento da Ucrânia aprova permanência de base russa

Em meio a cenas de pancadaria, o Parlamento da Ucrânia aprovou uma extensão de 25 anos no acordo para a permanência de uma base naval russa no Mar Negro.

Chuva de ovos, socos e bombas de fumaça não impediram que o governo conseguisse a aprovação, por margem apertada - 236 votos de um total de 450 -, um acordo com a Rússia, que, em troca, vende gás à Ucrânia com desconto.

As relações entre os governos da Ucrânia e da Rússia vem melhorando rapidamente depois da eleição, em fevereiro, do presidente Viktor Yanukovych, que é favorável a uma aproximação com Moscou.

A oposição pró-Ocidente lançou ovos contra o presidente da casa, Volodymyr Lytvyn, que teve que se proteger, junto com assessores, com um guarda-chuva. Deputados trocaram socos no plenário.

O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, visitou a capital, Kiev, na segunda-feira, onde ofereceu cooperação na fabricação de aeronaves e navios e na geração de energia nuclear.

Putin disse que a controvérsia sobre o acordo relativo à base naval era "inesperada".

O preço que a Ucrânia tinha pedido inicialmente era "além dos limites razoáveis", e os subsídios ao gás fornecido vai custar à Rússia de US$ 40 bilhões a US$ 45 bilhões em dez anos.

Mas, ele acrescentou que o acordo "não é só uma questão de dinheiro".

"Cooperação militar, sem dúvida, aumenta a confiança entre dois países, nos dá uma oportunidade de trabalhar com confiança nas esferas política, social e econômica", acrescentou.

O acordo também foi aprovado pela Câmara Baixa do Parlamento da Rússia, mas em uma votação mais calma, onde 410 legisladores votaram à favor e nenhum contra.

BBCBRASIL

 

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Lusitano89

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Re: Rússia
« Responder #166 em: Abril 28, 2010, 06:21:53 pm »
Opositores caem em armadilha Katiagate, a Mata Hari Russa


Numa armadilha digna das melhores épocas da KGB, «Kátia», uma jovem bela e misteriosa, seduziu diversos opositores do governo russo, filmando em segredo as suas aventuras amorosas e depois divulgando as imagens na Internet, o que provocou polémica e protestos por parte das suas vítimas.
Os «seduzidos» caíram numa armadilha que lembra os métodos dos serviços secretos da União Soviética durante a Guerra Fria, quando visavam chantagear diplomatas ocidentais com o objectivo de obter informação.

Essa técnica era comum nos tempos modernos e utilizada contra os opositores do governo de Vladimir Putin, para os envergonhar e diminuir a sua autoridade moral.

Num vídeo colocado na Internet na semana passada, três figuras da oposição russa apareciam separadamente com a jovem «Kátia», numa série de cenas íntimas filmadas num mesmo apartamento sem que eles se dessem conta.

Dois deles, o sarcástico Viktor Chenderovich e o ex-líder do movimento de ultradireita contra a imigração ilegal, Alexander Belov, confirmaram que aparecem no vídeo. «Há 10 anos que comento as acções do senhor Putin e do sua administração de gangsters», escreveu Belov no seu blog. «Ouviram sem nunca negar nada, para finalmente responder com obscenidades ilegais», acrescentou Belov.

O terceiro opositor, Eduard Limonov, chefe do Partido Nacional Bolchevique, não confirmou a sua suposta presença no vídeo. O político e escritor escreveu no seu blog que não via «nada de errado no facto de um opositor não conseguir resistir às mulheres».

As imagens comprometedoras, acompanhadas por uma trilha sonora e filmadas com a ajuda de várias câmaras, são a obra de profissionais, afirmou Kirill Kabanov, um ex-agente da KGB que agora se dedica à luta contra a corrupção.

Segundo Kabanov, é pouco provável que os serviços especiais russos (FSB, ex-KGB) estejam envolvidos no caso, que seria «mais uma obra de companhias de segurança privadas que contam com equipa técnica apropriada».

O escândalo «Katiagate» começou em Março com um vídeo que mostrava um homem parecido com Mijail Fichman, editor-chefe da edição russa da revista Newsweek e bastante crítico do governo, cheirando um pó branco e sentado ao lado de uma mulher bonita.

O jornalista não confirmou se era o homem do vídeo, mas denunciou ser alvo de uma «operação especial» orquestrada pelas autoridades russas.

Dois outros líderes da oposição russa confirmaram ter sido abordados de forma semelhante, pela mesma mulher e no mesmo apartamento do vídeo no qual Fichman supostamente aparece.

Ilia Yashin, co-fundador do movimento de oposição Solidaridade, identificou a jovem como Ekaterina Guerassimova, uma modelo com quem teve um breve relacionamento em 2008.

O homem teve suspeitas desde que a mulher o convidou para o seu apartamento para lhe dar «uma surpresa» com uma companheira que também era modelo. Quando Yashin perguntou se estariam a ser filmados, as mulheres negaram e disseram-lhe para se tranquilizar. Depois de elas lhe oferecerem cocaína, ele abandonou o local.

Após esses incidentes, os blogueiros próximos da oposição lançaram um apelo a todas as pessoas para obter informação sobre quem ordenou as operações, mas não obtiveram resposta e Kátia desapareceu desde então.

Lusa
 

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Re: Rússia
« Responder #167 em: Junho 30, 2010, 06:00:42 pm »
Putin promete comprar tecnologia estrangeira e não roubá-la


O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, prometeu hoje que o seu país irá trabalhar honestamente com os parceiros estrangeiros, comprar tecnologias, e não roubá-las.

"Não devem imaginar as coisas como se na Rússia alguém queira agir como numa conhecida obra de arte: roubar da cozinha do dono um doce bocado de tecnologias e, depois, a coberto, silenciosamente, tentando não mastigar barulhentamente, comê-lo e levá-lo para outro lugar", declarou Putin ao discursar no Fórum Internacional "Tecnologia na Construção de Máquinas-2010".

Segundo ele, as tecnologias modernas são "uma mercadoria que os parceiros russos querem vender e a Rússia está pronta a adquiri-las por bom dinheiro".

"Se não quiserem vender, não vendem; mas nós diremos que precisamos dessa mercadoria, que a queremos, e vocês querem-na vender e o mais caro possível, isso será objecto de conversações", acrescentou o primeiro-ministro russo.

Estas declarações prendem-se com o "escândalo dos espiões russos" nos EUA. Na segunda-feira passada, o FBI deteve dez pessoas que alegadamente faziam espionagem e branqueamento de capitais a favor da Rússia.

Moscovo reagiu terça-feira duramente, acusando aqueles que não querem a melhoria das relações russo-americanas de estarem por detrás do sucedido.

"A propósito das acusações feitas nos EUA em relação a um grupo de pessoas alegadamente por espionagem a favor da Rússia, comunicamos que se trata de cidadãos russos que estiveram no território dos EUA em diferentes épocas", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

"Declaramos que esses cidadãos não realizaram quaisquer acções dirigidas contra os interesses dos EUA", sublinhou a diplomacia russa.

Moscovo e Washington já exprimiram o desejo de que este incidente não prejudique as relações bilaterais.

Uma semana antes, o Ministério da Defesa da Alemanha acusou a Rússia e a China de envolvimento em espionagem industrial no território desse país da NATO.

O Fórum Internacional "Tecnologia na Construção de Máquinas-2010", que decorre em Moscovo, tem a participação de 129 empresas russas e 19 estrangeiras de 19 países. O objectivo é apresentar novas máquinas e equipamentos, principalmente fabricadas pelo complexo militar-industrial.

Lusa
 

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Re: Rússia
« Responder #168 em: Agosto 10, 2010, 04:10:36 pm »
Popularidade de Putin e Medvedev atinge mínimos


Os níveis de popularidade do presidente e primeiro-ministro russos, Dmitri Medvedev e Vladimir Putin, respectivamente, atingiram os mínimos dos últimos anos, indicam sondagens realizadas por três empresas.

Segundo o Fundo Opinião Pública, se em Janeiro 62% dos cidadãos confiavam em Medvedev, a 1 de Agosto esta percentagem desceu para 52%.

Semelhante nível de popularidade só se registou em 2008, no início da crise económica.

O mesmo estudo indica que a popularidade de Putin desceu de 69 para 61%, nível atingido pelo primeiro-ministro em 2006.

Já o estudo do Centro de Estudo da Opinião Pública constatou que a popularidade de Medvedev, entre Janeiro e Agosto, desceu de 44 para 39%, e a de Putin de 53 para 47%.

O Levada-Tsentr, outra empresa de estudos de opinião, registou uma queda da popularidade do presidente de 39 para 38%, e do primeiro-ministro de 48 para 44%.

Os autores das sondagens sublinham que estes estudos ainda não reflectem as consequências dos incêndios florestais na imagem de Medvedev e Putin.

Leontii Bizov, do Institudo de Sociologia da Academia das Ciências da Rússia, considera que o nível de popularidade dos dois dirigentes russos poderá descer ainda mais. "Na sociedade existe um cansaço moral em relação a Putin. Amadurece o protesto social".

Gleb Pavlovski, analista próximo do Kremlin, reconhece que o nível ainda pode descer, uma vez que "os incêndios apanharam a direcção russa desprevenida". "É um sinal do esgotamento do sistema de Governo".

Alexei Tchadaev, vice-presidente do Partido Rússia Unida, defende que não haverá uma diminuição radical da popularidade de Medvedev e Putin, porque "as pessoas, em situações críticas, unem-se em torno deles".

Lusa
 

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Re: Rússia
« Responder #169 em: Novembro 06, 2010, 02:09:17 pm »
Jornalista russo atacado e colocado sob coma artificial


O jornalista Oleg Kashin, do jornal Kommersant, sofreu múltiplas fracturas após um ataque. O redactor-chefe deste jornal diz que o ataque teve a ver com as suas «actividades profissionais».
Um conhecido jornalista russo, que trabalha para o jornal Kommersant, foi espancado por desconhecidos junto da sua residência na madrugada de sexta-feira e colocado sob coma artificial, indicou, em comunicado, este órgão de comunicação social.

«Oleg Kashin está gravemente ferido e foi hospitalizado. Vai ser colocado em coma artificial nos próximos dias», indicou o Kommersant, que acrescenta que o jornalista sofreu múltiplas fracturas em consequência do ataque de que foi alvo.

Em declarações à rádio Eco de Moscovo, o redactor-chefe deste jornal afirmou que «fica claro que as pessoas que fizeram isto não gostam do que ele diz ou escreve», tendo Mikhail Mikhailin acrescentado que o ataque teve a ver com as suas «actividades profissionais».

Este jornalista de 30 anos tinha coberto manifestações e reuniões da oposição, actividades de grupos de jovens, incluindo os afectos ao presidente Medvedev, bem como as manifestação contra a controversa construção de uma auto-estrada entre Moscovo e São Petersburgo.

No final de Agosto, o presidente russo ordenou a suspensão da construção de um troço desta auto-estrada, que seria construída no meio da floresta de Khimki.

TSF
 

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Re: Rússia
« Responder #170 em: Novembro 12, 2010, 05:45:56 pm »
Espiões russos têm de aprender com o caso de traição, diz Medvedev


O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, determinou que a antes poderosa agência de espionagem do país ponha a casa em ordem, depois de um agente em elevada posição hierárquica trair a organização, passando para o lado dos Estados Unidos.

O Serviço Externo de Inteligência (SVR) está às voltas com a traição do chefe das operações nos EUA, num dos mais graves fiascos do sector de inteligência da Rússia desde o fim da Guerra Fria.

«Deveria haver uma investigação interna e é preciso aprender com as lições», disse Medvedev a jornalistas numa entrevista depois da cimeira do G20, em Seul.

Quando lhe perguntaram sobre a reportagem no jornal russo Kommersant, o primeiro a revelar a história, Medvedev disse. «Para mim, a publicação do Kommersant não é novidade. Eu soube disso no dia em que aconteceu».

O diário russo identificou o homem como coronel Shcherbakov e disse que ele foi responsável pela descoberta da rede de espionagem russa nos Estados Unidos, em Junho. A prisão dos seus membros humilhou Moscovo apenas alguns dias depois de uma reunião em Washington entre Medvedev e o presidente norte-americano, Barack Obama.

Os agentes detidos foram trocados em Julho por russos suspeitos de espiar para o Ocidente, numa troca ao estilo da Guerra Fria.

Ao voltarem à Rússia, foram recebidos como heróis, cantaram canções patrióticas com o primeiro-ministro Vladimir Putin, que foi agente da extinta KGB, e receberam prémios de Medvedev numa cerimónia reservada no Kremlin.

Na época, Putin disse que tinham sido traídos, mas a gravidade da descoberta da rede de espionagem e o facto de Shcherbakov ter conseguido deixar a Rússia alimentam especulações de que o chefe do SVR, Mikhail Fradkov, possa ser demitido.

«O suposto espião era um alto funcionário russo e, portanto, alguém com grande acesso a informações altamente sensíveis, tais como identidades e acções dos operativos nos Estados unidos», disse Jay LeBeau, um ex-dirigente da CIA.

«Ele estava em posição de causar estragos enormes aos interesses da inteligência russa», salientou.

Lusa
 

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Re: Rússia
« Responder #171 em: Novembro 24, 2010, 11:55:48 pm »
Medvedev diz que a Rússia entrou em “estagnação política mortal”



O discurso a favor da diversidade política na Rússia não é novo na boca do Presidente russo, Dmitri Medvedev. Mas desta feita, o chefe de Estado falou em “estagnação” e nas consequências “mortais” do domínio do partido no poder, o Rússia Unida, liderado pelo primeiro-ministro e seu mentor, Vladimir Putin.

“Não é segredo nenhum que a vida política no nosso país começou a certa altura a dar sinais de estagnação. E esta estagnação é igualmente mortal para o partido no poder como o é para a oposição”, explica Medvedev numa entrada vídeo feita ontem à noite no seu blogue oficial. E apela à “necessidade urgente” de “aumentar o nível de rivalidade política” no país – materializando, sublinhou, as reformas que a Rússia fez no sistema político nos últimos dois anos, desde que tomou posse do Kremlin.

O Presidente russo – tido como mais liberal do que o predecessor – sustenta que quer “um sistema político mais justo, mais flexível, mais dinâmico e mais aberto às reformas e ao progresso”. “Um sistema político em que o eleitorado confie”, frisou.

“Se a oposição não tiver nenhuma hipótese de conquistar alguma vitória irá degradar-se e tornar-se marginal. E o partido no poder, se não houver a possibilidade de que perca seja no que for, paralisa e degrada-se também, como os organismos vivos que ficam imóveis”, insistiu, reiterando uma vez mais o discurso de modernização da Rússia que se tornou emblema da sua presidência.

Há exactamente um ano, Medvedev foi ao congresso anual do Rússia Unida, em São Petersburgo, dizer ao partido no poder que “os maus hábitos políticos” tinham que acabar: “temos que aprender a vencer – todos nós – temos que aprender a vencer em disputas abertas”, insistiu então num curto e apenas polidamente aplaudido discurso a abrir a reunião magna do omnipresente Rússia Unida.

Os media russos indicam que Medvedev vai repetir esta mesma mensagem hoje, em reuniões com os líderes dos principais partidos políticos do país – e os únicos que têm representação parlamentar desde as eleições legislativas de 2008: o Rússia Unida, o Partido Comunista, o Partido Liberal Democrata (nacionalista) e o Rússia Justa, considerado um “satélite” do Rússia Unida, que domina a paisagem política do país desde a sua criação em 2001.

Apenas dois anos mais tarde, nas legislativas de 2003, o Rússia Unida tornar-se-ia logo no partido com maioria na Duma (câmara baixa do Parlamento), posição que reforçou em 2008, conquistando 315 dos 450 assentos da câmara; além de controlar todas as assembleias regionais do país e a esmagadora maioria dos governos locais. Com excepção dos comunistas – em perda cadente de representação de sufrágio para sufrágio – nenhuma outra formação constitui real oposição nem ao Presidente nem ao Governo.

Em reacção às declarações de Medvedev, o chefe do comité executivo central do Rússia Unida veio expressar a sua “total compreensão” das intenções do Presidente. “A concorrência numa sociedade democrática moderna é uma pré-condição indispensável ao desenvolvimento. E a falta de concorrência é uma ameaça”, afirmou Andrei Vorobiov em concordância com Medvedev. “A oposição não é o inimigo, é uma opinião diferente”, avaliou.

Público
 

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Re: Rússia
« Responder #172 em: Novembro 25, 2010, 08:09:37 pm »
Rússia estuda instalação de novas bases navais no estrangeiro


A Rússia está a estudar a criação de novas bases de apoio naval no estrangeiro, admitiu hoje o presidente russo, Dmitri Medvedev, depois de as forças russas terem decidido sair, em 2001, de países como Cuba e o Vietnam.

"Não vou negar que temos algumas ideias sobre este assunto, mas não vou dizer onde, por razões óbvias", afirmou o chefe de Estado russo, durante um encontro com oficiais na região de Nijni-Novgorod, cerca de 500 quilómetros a leste de Moscovo.

"Infelizmente, alguns dos meios que o nosso país detinha no passado desapareceram", referiu Medvedev, em declarações transmitidas via televisão, salientando, entre outros aspectos, os elevados custos que implica o acompanhamento de navios por barcos de abastecimento.

Na mesma intervenção, o presidente russo realçou os meios e as condições de outros parceiros internacionais. "Os nossos actuais parceiros têm nesta área melhores condições, pois detêm bases em vários cantos do planeta e podem realizar escalas para reabastecer", referiu Medvedev, sem especificar países.

Moscovo anunciou em 2001 o abandono da base naval na baía de Cam Ranh, no sul do Vietname, utilizada pela marinha da antiga União Soviética ao abrigo de um acordo assinado em 1979 com as autoridades vietnamitas.

Posteriormente, as autoridades russas anunciaram o encerramento de uma base naval em Cuba. Na altura Moscovo justificou a retirada com a nova ordem mundial e com a necessidade de reorientar esforços, nomeadamente contra a ameaça terrorista.

Lusa
 

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Re: Rússia
« Responder #173 em: Novembro 25, 2010, 11:06:44 pm »
Cidadãos Russos formam guerrilha contra a polícia


Um grupo de jovens russos cansados dos abusos cometidos pelas autoridades decidiu pegar em armas e matar agentes. Uma sondagem indica que a maioria dos russos apoia a guerrilha.

O caso é relatado pela BBC. Seis jovens de uma aldeia remota do leste da Rússia, junto à fronteira com a China, foram recorrentemente raptados e torturados pela polícia local, que os obrigou a confessar crimes cometidos na zona. Este ano, e após novos episódios de espancamentos brutais por agentes que posteriormente os abandonaram num bosque sob temperaturas negativas, as vítimas optaram pela vingança.

Armaram-se e delinearam planos de precisão militar contra os polícias. Alvejaram agentes das brigadas de trânsito, tanto em zonas isoladas como no centro da capital regional, Vladivostok. No ataque mais ousado, tomaram de assalto uma esquadra de polícia e esfaquearam um agente até à morte.

«Isto não são actos espontâneos. Foram planeados e propositados. Queremos matar-vos, seus bandidos. Vocês são os verdadeiros criminosos. Encobrem o tráfico de droga, a prostituição e a destruição das nossas florestas», afirmou um membro do grupo de rebeldes num dos vários vídeos que publicaram na Internet.

Em Maio, a polícia respondeu em força, e numa operação que envolveu helicópteros e tanques de guerra, dois elementos da guerrilha, baptizada de «Guerreiros do Primorsky [Litoral]», foram abatidos.

Dois dos rebeldes, incluindo um jovem de apenas 17 anos, encontram-se agora detidos. Arriscam-se a penas de prisão perpétua.

No entanto, e segundo a BBC, a maioria dos russos está do lado dos guerrilheiros, contra as autoridades. «A vossa coragem não será esquecida», lê-se em vários graffitis nas principais cidades. «Eles fizeram o que estava certo, a polícia é um bando de criminosos legalizados», afirma um cidadão entrevistado.

Uma sondagem realizada pela rádio Ecos de Moscovo, uma das mais ouvidas a nível nacional, indica que 71% dos inquiridos apoia a acção da guerrilha juvenil. Outro estudo revela que dois em cada três russos temem a violência da polícia.

SOL
 

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Lusitano89

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Re: Rússia
« Responder #174 em: Dezembro 11, 2010, 12:05:01 am »
Medvedev não quer passar Presidência a Putin




O plano de Vladimir Putin era colocar Dmitry Medvedev na Presidência russa e regressar em 2012 para contornar o limite de mandatos. Mas a BBC avança que o actual chefe de Estado vai recandidatar-se
De acordo com um dos principais assessores do Presidente Medvedev, Arkady Dvorkovich, citado pela BBC, o chefe de Estado russo vai concorrer às eleições de 2012. «De outra forma não estaria tão empenhado nas iniciativas que tem anunciado», afirmou.

«Qualquer pessoa que siga o Presidente Medvedev percebe que ele quer prosseguir a sua agenda», acrescentou Dvorkovich. Medvedev tem defendido a independência do país face ao petróleo e ao gás, bem como a modernização da economia.

Dvorkovich afirma no entanto que qualquer decisão oficial, ainda por tomar, será acordada entre o chefe de Estado e o actual primeiro-ministro, Vladimir Putin. Os dois, afirma o assessor, não são rivais mas sim «amigos próximos».

Putin, que cumpriu dois mandatos de quatro anos na Presidência entre 2000 e 2008, lidera o Governo russo e é apontado nos meios internos e no circuíto diplomático como o 'patrão' não oficial de Medvedev.

A noção é confirmada pelas comunicações entre a embaixada norte-americana em Moscovo e o Departamento de Estado que foram recentemente reveladas pelo Wikileaks, onde Putin é apelidado de «Batman», e Medvedev de «Robin», o seu fiel ajudante.

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Jorge Pereira

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Re: Rússia
« Responder #175 em: Dezembro 11, 2010, 12:40:28 am »
Citação de: "Lusitano89"
Medvedev não quer passar Presidência a Putin




O plano de Vladimir Putin era colocar Dmitry Medvedev na Presidência russa e regressar em 2012 para contornar o limite de mandatos. Mas a BBC avança que o actual chefe de Estado vai recandidatar-se
De acordo com um dos principais assessores do Presidente Medvedev, Arkady Dvorkovich, citado pela BBC, o chefe de Estado russo vai concorrer às eleições de 2012. «De outra forma não estaria tão empenhado nas iniciativas que tem anunciado», afirmou.

«Qualquer pessoa que siga o Presidente Medvedev percebe que ele quer prosseguir a sua agenda», acrescentou Dvorkovich. Medvedev tem defendido a independência do país face ao petróleo e ao gás, bem como a modernização da economia.

Dvorkovich afirma no entanto que qualquer decisão oficial, ainda por tomar, será acordada entre o chefe de Estado e o actual primeiro-ministro, Vladimir Putin. Os dois, afirma o assessor, não são rivais mas sim «amigos próximos».

Putin, que cumpriu dois mandatos de quatro anos na Presidência entre 2000 e 2008, lidera o Governo russo e é apontado nos meios internos e no circuíto diplomático como o 'patrão' não oficial de Medvedev.

A noção é confirmada pelas comunicações entre a embaixada norte-americana em Moscovo e o Departamento de Estado que foram recentemente reveladas pelo Wikileaks, onde Putin é apelidado de «Batman», e Medvedev de «Robin», o seu fiel ajudante.

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UUUUuuuuuiiiiiiiii c34x
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Luso-Efe

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Re: Rússia
« Responder #176 em: Dezembro 11, 2010, 11:01:56 pm »
Isto é um jogo muito perigoso.

O senhor medvedev se não se põe fino, pode ter o mesmo destino dos irmãos do clã Yamadaev. :snipersmile:

Falta saber de que lado está o FSB?

Se do lado de Putin se do lado de Medvedev?

Será que o Medvedev em tão pouco tempo conseguiu minar o poder que Putin tinha no FSB e que vinha dos tempos em que ele era oficial do KGB?

Bem, isto levanta enormes questões, se o conseguiu pedalou bem em tão pouco tempo.

José Milhazes deve estar para publicar qualquer coisa sobre isto no sei darussia.blogspot.com

O GRU esse continua fiel a Putin, disso não há dúvidas.

Cumprimentos.
Chamar aos Portugueses ibéricos é 1 insulto enorme, é o mesmo que nos chamar Espanhóis.

A diferença entre as 2 designações, é que a 1ª é a design. Grega, a 2ª é a design. Romana da península.

Mas tanto 1 como outra são sinónimo do domínio da língua, economia e cultura castelhana.

Viva Portugal
 

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Re: Rússia
« Responder #177 em: Dezembro 16, 2010, 06:29:18 pm »
Putin defende acção policial contra «extremismo»


O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou hoje que é necessário uma dura repressão policial contra o extremismo, e alertou que as críticas «liberais» ao seu governo ameaçam a estabilidade.

«É necessário reprimir duramente as demonstrações de extremismo de todos os quadrantes», disse Putin numa sessão anual de perguntas e respostas, depois de incidentes violentos ocorridos nesta semana em Moscovo entre nacionalistas russos e minorias não-eslavas.

A polícia mobilizou reforços na capital e prendeu mais de mil pessoas, tentando evitar mais violência. O presidente Dmitry Medvedev classificou os incidentes da semana passada como «pogroms».

Putin também lançou farpas contra a oposição liberal, dizendo que as suas críticas são tão «inadmissíveis» quanto os distúrbios racistas.

«A sociedade, inclusivamente a sociedade liberal, precisa de entender que deve haver ordem e deve haver apoio ao governo actualmente no poder, a fim de apoiar os interesses da maioria», afirmou.

Putin, de 58 anos, ex-agente da KGB, é o político mais popular do país e pode ser candidato a presidente em 2012, voltando ao cargo que já ocupou de 2000 a 2008.

Muitos vêem-no como fiador da estabilidade russa depois da caótica década de 1990, mas críticos dizem que as suas políticas reverteram avanços democráticos do período pós-soviético - o que se reflecte, por exemplo, na repressão a qualquer manifestação pública de dissidência, como os como os comícios organizados por activistas liberais.

Lusa
 

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Re: Rússia
« Responder #178 em: Janeiro 24, 2011, 01:31:49 pm »
Russos querem Lenine fora da Praça Vermelha



Uma nova sondagem mostra que dois terços dos russos querem que Vladimir Lenine seja removido do seu mausoléu na Praça Vermelha, no centro de Moscovo, na Rússia.

A sondagem, organizada pelo partido de Vladimir Putin, acontece após um alto dignatário do partido ter gerado uma acessa discussão em torno do assunto, afirmando que terá chegado a hora de respeitar o último desejo de Lenine e enterrá-lo em São Petersburgo, juntamente com a sua mãe.

«Lenine era uma figura política extremamente controversa e a sua presença enquanto figura principal numa necrópole, no coração do nosso país, é absurdo», advogou Anatoly Medinsky, deputado e membro do comité do partido do governo.

Apenas dez por cento do corpo de Lenine permanece, defende, alegando que o resto terá sido «retirado e substituído há muito tempo». A presença do corpo num mausoléu propositadamente construido para o efeito na Praça Vermelha tornou a praça central do país num cemitério. Uma «blasfémia» segundo Medinsky.

O corpo em cera do governante russo tornou-se numa popular atracção turistica e é regularmente tratada com um cocktail de químicos especial para travar a sua degradação.

No entanto, com as eleições parlamentares no fim deste ano e as presidenciais no próximo, os analistas crêem que o partido de Putin, United Russia, poderá estar a considerar encerrar o mausoléu da Praça Vermelha como forma de mostrar ao mundo de que leva a sério a modernização do país.

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Re: Rússia
« Responder #179 em: Janeiro 31, 2011, 07:41:34 pm »
Ressurreição de uma potência
Apesar do ensejo separatista e da política de mão de ferro, a crescente economia russa dá sinal de futuro promissor

A terça-feira dos moscovitas foi dedicada ao luto pelas 35 vítimas de um atentado à bomba no começo da semana. Velas foram acesas e flores deixadas no aeroporto de Domodedovo, palco da explosão.

As reações do primeiro-ministro Vladimir Putin e do presidente Dmitrii Medvedev foram parecidas: caçar os culpados e puni-los. Putin logo descartou que o golpe tenha vindo da Chechênia e apontou o dedo para a região do norte do Cáucaso, berço de uma insurgência islâmica em ebulição. Como lhe é típico, falou grosso, clamou por "vingança" e "inevitável retaliação". Já Medvedev, "sócio de Putin no poder" - segundo definição do diretor do Comitê de Estudos da Rússia e Europa Oriental da Universidade de Oxford, Christopher Davis, - pôs em prática seu perfil de administrador. Mais moderado que o parceiro, procurou botar ordem no "estado anárquico" do sistema de segurança. Demitiu o chefe da polícia de transportes e pediu "reestruturação" do Ministério de Interior, encarregado da defesa interna.
Para Davis, americano de Massachusetts, formado em Harvard e professor de transições econômicas em Oxford desde 1991, apesar do ensejo separatista e do desejo da elite política de botar rédeas na democracia, tudo aponta para um futuro promissor no país. Ele explica: a Rússia se recupera bem da crise financeira, fez bom uso de suas reservas acumuladas nos últimos dez anos e já retomou o crescimento. Com Obama, foi aberta uma nova era para a estabilidade diplomática com o antigo inimigo da Guerra Fria. A qualidade de vida também melhorou. A classe média cresceu e Moscou foi invadida por carros e estilo. Sim, ainda há os nostálgicos dos velhos tempos, quando o emprego era garantido e o calendário recheado de feriados nacionais. Mas esses são minoria, garante Davis. Os jovens querem mais é consumir e a fuga de capitais não é mais problema. A elite está assegurada e disposta a investir pesado na pátria mãe.

Depois do atentado no aeroporto de Domodedovo, Putin falou de ‘retaliação’ e Medvedev procurou demitir os culpados, numa demonstração de força. A atitude desses políticos no momento pode influenciar as eleições da Duma (Assembleia Nacional Russa) em dezembro e a corrida presidencial do ano que vem?
Ambos querem mostrar força e garantir que não tolerarão chantagem e incompetência. Ao longo dos anos Putin fez declarações parecidas depois de ataques terroristas, dizendo que vai caçar os culpados e exterminá-los sem piedade. Esse é o Putin. Ele é o cara das respostas fortes. Medvedev, por outro lado, tenta ser mais diplomático. Eles têm históricos diferentes, um é militar, o outro é advogado. Mas passaram muito tempo juntos e hoje são sócios no poder. Só não está muito claro quem é o sócio majoritário e quem é o minoritário. Eles podem ter linguagens diferentes, mas todas as questões importantes são compartilhadas. Não há diferenças substanciais no modo como Putin e Medvedev negociam com o Ocidente e com empresas estrangeiras. Mas há quem aponte diferenças entre os dois e se pergunte: Medvedev se curvará a Putin e deixará que assuma um terceiro mandato presidencial? Não sei. Mas de modo geral a liderança política do país quer uma democracia gerenciada e impõe restrições aos processos políticos.

Em seu discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na quarta-feira, Medvedev anunciou que vai investir US$ 15 bilhões em resorts de esqui no norte do Cáucaso. Como o sr. avalia a política do Kremlin na região?
Desde o início da era Putin, ficou muito claro que a Rússia não iria tolerar que o ensejo separatista na fronteira criasse um abismo territorial. Essa atitude deu margem a duas guerras na Chechênia, assim como muitas operações de contrainsurgência no norte do Cáucaso. O governo tem grandes programas de infraestrutura na região e está tentando atrair investimentos privados para instalações esportivas voltadas para os Jogos de Inverno e a Copa do Mundo, a fim de conquistar algum poder ali. Essa região é difícil de controlar e os insurgentes fazem uso de uma estratégia de guerra assimétrica. Ou seja, como a Rússia é muito forte na esfera militar convencional, então a resposta é achar alvos em lugares como um grande aeroporto internacional. O que é muito difícil de prevenir.

Dirigindo-se aos americanos, Obama também discursou sobre economia nessa semana. Disse que o país vive um novo ‘momento Sputnik’. Heranças da Guerra Fria ainda pautam o diálogo entre Washington e Moscou
O momento Sputnik foi importante para os Estados Unidos reavaliarem sua visão sobre o status tecnológico da União Soviética. Até o final do anos 50, os EUA acharam que estavam na frente, mas foi então que a URSS lançou, inesperadamente, o satélite Sputnik. Hoje, os EUA veem que a Rússia é um país com setores de ponta, particularmente a indústria bélica, mas nada que ameace os americanos. A preocupação atual de Washington é com o avanço astronômico da tecnologia chinesa ou até mesmo do avanço indiano, mas os russos não são mais um problema. As relações avançaram desde o fim do regime soviético, apesar de alguns incidentes terem afetado o bom diálogo entre as nações nessa década. Não foi sensata a decisão de Bush filho de colocar radares antimísseis em países da Europa Oriental, supostamente para proteger a Europa Ocidental de ataques do Irã. O apoio dos EUA às intenções da Geórgia de integrar a Otan também criou rusga com a Rússia. Mas recentemente Obama quis apertar a tecla "reset" e abrir caminho para a estabilidade diplomática. O novo Start, que garantirá cortes substanciais dos arsenais nucleares, é exemplo disso. Outra prova é o incidente no ano passado, quando espiões russos foram encontrados nos EUA. Ninguém foi processado e os espiões puderam voltar para casa e mudar de profissão.

E como anda a relação entre a Rússia e a China?
No momento existe uma relação bem próxima entre os dois. Mas me lembro que nos anos 90, quando a situação política e econômica russa era pior, havia o pensamento de que a ascensão do poder chinês era uma ameaça. Há os que temiam pelo futuro da Rússia devido a esse desequilíbrio na região. Mas a economia russa se recuperou e tem crescido sistematicamente nos últimos dez anos. Existe mais confiança no país. Taticamente, ambos os países se assemelham na forma como se relacionam com os Estados Unidos. Existe um comércio importante entre os dois. Muitos planos entre Moscou e Pequim estão sendo traçados para o futuro.

Em Davos, Medvedev também falou sobre um plano bilionário de privatização. Como está a situação econômica do país?
O ano de 2009 foi ruim para Rússia, mas o governo usou o fundo de reserva que o país acumulou na última década com os impostos sobre o petróleo para suavizar os efeitos da crise. O aumento do preço do petróleo no mercado mundial também ajudou na recuperação econômica. A Rússia cresce agora a 4% ao ano. O governo sabe das fraquezas das instituições econômicas, entende que não pode mais depender das exportações de petróleo, gás, metais e madeira. Por isso, o slogan do Kremlin hoje é a modernização. A privatização ajudará a equilibrar as contas.

Que lições tirar da onda de privatização que ocorreu no início dos anos 90, no processo de abertura econômica e política do país?
A privatização sob o governo de Boris Yeltsin se deu num ambiente desprovido de um sistema bancário eficiente ou de mercado de ações e com muita corrupção. O programa de estabilização não funcionou. A inflação era da ordem de 9%. E não houve a modernização do parque industrial que era esperada com a privatização, que presume melhor administração das firmas. Em meio ao caos, havia uma nostalgia do passado e um sentimento de que a União Soviética teve um significado maior para o mundo, coisa que uma Rússia enrugada não tinha mais. Yeltsin fez acordos com as oligarquias e foi bem sucedido em se reeleger. Ele vendeu a propriedade do governo para as elites por preços baixíssimos, o que resultou numa entrada rápida dessas elites no sistema de mercado e possibilitou o enriquecimento rápido. O público estava vendo o que acontecia e ficou muito ressentido do governo.

O estilo de vida ocidental influenciou o esfacelamento do modelo soviético?
Quando Mikhail Gorbachev apareceu nos anos 80, ele encarnava uma onda mais jovem da política, que tinha contato com o mundo externo e estava consciente dos avanços de estilo de vida em outros países. Ele sabia que a URSS precisava de mais dinamismo na economia. Vieram então a série de reformas e uma tentativa de abrir o regime e introduzir eleições no Partido Comunista. Estava aberto o caminho para o desmantelamento da União Soviética. O Ocidente não teve participação direta nisso, mas representava um modelo alternativo e, por causa da corrida armamentista e da competição econômica, estava pondo pressão sobre o modelo soviético. Agora, no período de transição, a questão é outra. Os reformistas russos prestaram bastante atenção aos conselhos dos economistas ocidentais. Às vezes, esses conselhos tinham resultados bem sucedidos, como nos países da Europa Oriental, mas na Rússia ainda há um sentimento de que o Ocidente se meteu demais, sem entender o que estava acontecendo no país no começo dos anos 90, e tendo contribuído para os problemas da economia. De 1991 a 1999, o país não cresceu. As pessoas tiveram suas poupanças tomadas, a saúde piorou, a pobreza aumentou. O russo médio culpava o Ocidente pelos problemas.

Como é a pirâmide social russa hoje? Há uma classe média robusta?
Existe uma classe média mais vasta por causa do fortalecimento da economia nos últimos 20 anos. Por muito tempo as elites, que estavam fazendo fortuna com as privatização, temiam que os comunistas voltassem ao poder e usurpassem suas riquezas. Por um tempo, houve um problema sério de fuga de capitais no país. Com Putin, a economia estabilizou. As elites foram asseguradas e o dinheiro retornou. Hoje, tem muito mais dinheiro rodando pelo país. Se você for para Moscou, verá uma sociedade em que o consumo está em ascensão: booms de construção, carros por todo lado, mais importação, mais estilo. O turismo também aumentou, você vê russos passeando na Inglaterra e França. Para grande parte da população, a qualidade de vida é bastante razoável. O abismo maior se dá no campo, onde a renda das famílias é menor e as oportunidades de ascensão social são escassas.

Ainda há nostalgia do período soviético?
Sim, mas depende da classe social, da ocupação e da geração sobre a qual se está falando. Os jovens abaixo de 30 anos não têm memória nenhuma do colapso do regime e nada sabem sobre a vida nos "dias antigos". As pessoas em seus 50 anos viveram uma juventude complicada no final dos anos 80, mas podem ter conseguido se adaptar às condições de mercado e tocar a vida numa boa. Mas a nostalgia bate forte mesmo na geração dos sexagenários, pessoas que tinham uma boa carreira como funcionários públicos e que perderam seus empregos, seu prestígio, sua casa bem mobilada. Antes elas não tinham tanta pressão sobre seu desempenho no trabalho, prática que veio com o introdução da economia de mercado e a noção de competitividade. Com a queda do regime soviético, perderam os bons serviços de saúde, a previdência e os muitos feriados. Esses são os que dizem que as coisas eram melhores antes, mas são parcela limitada da população.

Christopher Davis é economista da Universidade Oxford e diretor do Comitê de Estudos de Rússia e Europa Oriental

Fonte: estadão