Bom dia caro amigo Vitor.
Será que o negócio da Embraer com a Boeing não se vai fazer?
Tem noção que este se concretizar a Industria Aeronautica Brasileira morre e não vão receber os Caças Saab Gripen mas os Boeing F-18? E que a independência militar Brasileira desaparece?
Gostava de ouvir os seus comentários sobre este assunto, pois a questão é verdadeiramente crítica.
Melhores cumprimentos,
Jean-Pierre.
Primeiramente, obrigado pela cordialidade e pela pergunta.
Não há menor possibilidade de a BOEING assumir o controle total da Embraer por causa da Golden Share do governo brasileiro. Ademais, o próprio presidente da República Federativa do Brasil, Michel Temer, já sinalizou que não permitirá tal ação. O ministro da Defesa também disso o mesmo em recente entrevista e, pelo que parece, os militares, em especial da FAB, estão pressionando o governo para que o controle total não seja da BOEING.
Ainda não há informações mais concretas acerca das negociações que se avançam.
O que espero é uma JOINT VENTURE ou uma parceria comercial para que a BOEING possa comercializar em sua cadeia de produção e venda, os E-JETS da EMBRAER em mercados que a EMBRAER ainda não tem tanta força - especialmente na Ásia. Na realidade, aparentemente, o que a BOEING quer da EMBRAER são os E-JETS para contrapor os C-SERIES da BOMBARDIER que, por sua vez, teve suas operações comerciais atreladas à da AIRBUS (que entrou de vez no mercado de jatos regionais cuja liderança é da EMBRAER).
Enquanto à Divisão de Defesa e Segurança da EMBRAER esta não vai deixar de existir e muito menos passará ao controle de uma empresa estrangeira.
Em relação ao KC-390, este é de propriedade da FAB (todo o financiamento veio dos cofres da Força Aérea Brasileira), ou seja, foi feito sob medida para atender aos militares brasileiros.
Já o SAAB GRIPEN E não será substituído pelo F-18 SUPER HORNET para equipar a FAB. Isso está fora de cogitação. Pelo simples fato de seu custo de operação ser exorbitantemente maior ao que se estima para o GRIPEN E. Além disso, não trata-se apenas de uma aquisição de ‘prateleira’, a FAB está adquirindo tecnologia e, a EMBRAER, a possibilidade de fabricá-los no Brasil para possíveis outros clientes. Lembre-se: O GRIPEN E da FAB terá sensores, painel e armas específicas para a FAB.
A SAAB e a BOEING são parceiras no projeto T-X da USAF. Contudo, não há nenhuma ligação fora disso que implique a parceria EMBRAER e SAAB para montar 15 caças em solo brasileiro (transferência de tecnologia), dos 36 GRIPEN E encomendados pelo Brasil, para dotar os esquadrões de caça da FAB.
Temos que aguardar novas informações para que possamos ter um veredicto mais substancial a respeito.
Particularmente queria que esta parceria fosse limitada a uma JOINT VENTURE. Espero que não haja a compra e tomada total do controle da EMBRAER pelos norte-americanos. Isso significaria o fim da EMBRAER como empresa estratégica brasileira e o sepultamento do maior orgulho nacional.
A EMBRAER significa ao Brasil o que a Volkswagen, BMW, Merecedes-Benz significam para a Alemanha, a RENAULT, Grupo PSA e a Dassault Aviation para a França, Grupo FIAT para a Itália, Navantia e Banco Santander para a Espanha, Samsung e Hyundai para a Coréia do Sul e a Honda, Mitsubishi, Nissan, Toyota e Sony ao Japão.
Acredito que nenhum dos respectivos governos desses países supra citados autorizaria a aquisição destas marcas por grupos estrangeiros.