Durante quinze anos as crises relacionadas com programa nuclear norte coreano têm sido recorrentes. Às crises sucedem-se acordos e os novos acordos são quebrados precipitando novas crises.
Entre Agosto de 2003 e Setembro de 2004 realizaram-se 4 rondas negociais das Six Party-Talks (Coreia do Norte; Coreia do Sul; China; EUA; Japão e Rússia). Ao longo destes 25 meses de negociações os avanços e recuos foram contínuos e cíclicos. A uma crise provocada pela Coreia do Norte, a comunidade internacional respondia com ameaças diplomáticas e sanções económicas, a Coreia do Norte esticava a corda mas acabava por regressar à mesa das negociações. Negociava-se mais um acordo, aceite pela Coreia do Norte, e logo de imediato eles criavam uma crise. Após vinte e cinco meses de avanços e recuos, as Six Party Talks pareciam ter atingido um marco histórico com a Declaração Conjunta de 19 de Setembro de 2005. Contudo, mais uma vez, a Coreia do Norte boicotou as negociações e a prevista 5ª Ronda a realizar em Novembro de 2005 não se consumou. A justificação norte-coreana para mais um desmoronar das negociações foi o facto dos EUA terem adoptado sanções contra o banco de Macau que efectuava a lavagem de notas de 100 dólares contrafeitas na Coreia do Norte. Ora, tal como a Administração Bush referiu, esta é uma questão de contrafacção e não de contraproliferação nuclear, pelo que não deveria interferir nas Six Party Talks. O insucesso de mais uma ronda negocial, em que se pretendia chegar a progressos em aspectos importantes, significou o início de mais uma longa jornada de incertezas que culminou com o teste nuclear do passado dia 9 de Outubro de 2006.
O que se passa com o anúncio de hoje das autoridades de Pyongyang, declarando-se prontas a suspender o programa nuclear, é natural, faz parte do jogo da Coreia do Norte. A AIEA, a ONU, os EUA, a China…vão bater palminhas, vão conceder (como sempre) benefícios e auxílios à Coreia do Norte (o Partido e as Forças Armadas agradecem esses auxílios) em troca da suposta suspensão e do regresso ás negociações. Daqui a uns meses teremos mais um teste nuclear e, de novo, a crise agudizada.
Cumprimentos