A Bélgica continuará?
António José da Silva
Vem isto a propósito de uma grande manifestação realizada em Bruxelas, neste fim de semana. Segundo os seus organizadores, a iniciativa teve um “enorme” êxito, porque terá juntado cerca de 35.000 pessoas unidas pela mesmo motivo: o da unidade da Bélgica. Certamente que, a corresponderem à verdade, este números podem ser considerados como um sucesso, face, nomeadamente, aos prognósticos de que não haveria flamengos entre os manifestantes, o que não se confirmou. De qualquer modo, reunir 35.000 pessoas numa manifestação a propósito de uma causa fundamental como é a da existência do seu próprio país, não se afigura muito convincente quanto ao futuro da Bélgica.
Normalmente, as crises decorrentes da existência de comunidades nacionais dentro do mesmo estado, tendem a expressar-se na reivindicação da autonomia e ou da independência. política. O caso da Bélgica é diferente. Aparentemente pelo menos, se chegar a haver uma separação definitiva entre valões e flamengos, eles terão de se juntar aos vizinhos que falam a mesma língua. Os primeiros à França, os segundos à Holanda..
Não acreditamos. Apesar de tudo, a Bélgica continuará a existir.
Não partilho a visão do autor acima...é certo que manifestação de domingo passado foi considerada um êxito pelos seus organizadores (e forças politicas francófonas) mas eles próprios temperaram de seguida esse entusiasmo.
parce que de succés on peut parler mais de maniére relative(...)car de Flammands il n'y en eut pas tant que cela.Certes il y en avait-difficile de dire combien-peut-etre 15% voire beaucoup moins.Ce n'est pas énorme.Un signal fort a été donné hier.Mais peut-etre pas aussi forque Marie Houard et ses compéres l'espéraient. -
diário de Bruxelas La D-Heure de 19/11/07
("pode-se falar de sucesso mas de maneira relativa(...) porque não haviam tantos flamengos como isso, é certo estariam lá, dificil de avaliar quantos, talvez 15% ou mesmo bastante menos (
?).Não foi grandioso.Ontem deu-se um sinal forte, mas talvez não tanto quanto Marie Claire Houard (
organizadora francofona de Liége) e os seus companheiros esperariam.")
O número de flamengos puros era quase desprezível (os neerlandófonos presentes eram básicamente provenientes da região de Bruxelas, onde existe alguma interpenetração cultural) e se a esmagadora maioria dos politicos francofonos estavam presentes (a titulo individual)...
nem um unico politico flamengo se associou a manifestação.
Acredito que vá haver governo até ao fim do ano, mas até lá e sobretudo depois (a menos de dois anos de eleições regionais em que, caso os actuais politicos flamengos não consigam obter avanços concretos para o seu lado, poderão vir a catapultar partidos e formações da extrema direita para uma posição de fiel da balança... e o que aconteceria depois não seria nada agradavel para o estado federal ) todo o processo relativo a consolidação da separação financeira, concretização e consolidação rigorosa da divisão administrativa...etc
Perante uma Valónia dominada hà décadas por um partido (PS) submerso em corrupção e clientelismo, com taxas de desemprego duplas das do Norte e que vive das transferencias provenientes da Flandres (dix milliard d'euros !!! - leram bem...
dez mil milhoes de euros !!!!) o encontro de consensos não será facil, tanto mais que a instituição real perdeu muito da sua aura e influência apaziguadora perante a Flandres.
"les flammands finiront d'eux-memes par faire sécession"-General De Gaulle