Leiam este incrivel texto, retirado de:
http://www.areamilitar.net/opiniao/br_A ... &pa=Brasil[...]"Chegado ao fim dos anos 90, e o ano de 2001, já com 56 anos de idade, o Minas Gerais ainda viu no seu convés, aquilo que foi uma novidade para a marinha brasileira, a incorporação, pela primeira vez, de aeronaves de combate a jacto A-4 Skyhawk da Marinha do Brasil com capacidade para operar a partir da sua única catapulta. Porém, e embora o seu estado geral fosse ainda relativamente aceitável, a velocidade máxima do Minas Gerais (24 nós) não era adequada para um porta-aviões que pretendia passar a utilizar aeronaves como o Skyhawk.
Cerca de um ano antes, o Brasil e a França tinham chegado a acordo para transferir para o Brasil o porta-aviões Foch, da classe Clemanceau, que a França desactivou após a entrada ao serviço do seu novo porta-aviões nuclear "Charles De Gaulle". Esta transferência acabou "matando" o Minas Gerais e selando o seu destino.
O "novo" porta-aviões da marinha do Brasil
Em 15 de Novembro de 2000 foi efectuada a transferência para o Brasil do porta-aviões Foch.
O Foch, na marinha francesa, pode-se dizer que teve uma vida muito menos cansativa que o seu irmão mais velho, o Clemanceau. Na prática, com o objectivo de reduzir custos, a marinha francesa tinha aproveitado o Foch para utilização na maior parte do tempo como Porta-helicopteros, tendo por isso as suas duas catapultas Mitchel Brown, muito menos utilização que as do Clemanceau..
Convés de vôo do A-12 São Paulo
Também as exigências operacionais de um navio que opera essencialmente helicopteros são menores, por não ter a bordo (por não ser necessário) toda a tripulação e meios necessários para operar aeronaves de asa fixa. Todos estes factores acabam concorrendo para preservar o navio.
Assim, a aquisição do novo porta-aviões parece ser do ponto de vista da marinha brasileira, uma compra interessante, ainda mais porque o custo, que rondou na altura os 12 milhões de dolares, foi realmente extremamente convidativo, por um navio que ainda pode ter um muito consideravel valor militar.
Diferenças
O novo porta-aviões, registado com o numero A-12 e baptizado de São Paulo é um navio com características diferentes do anterior Minas Gerais.
A começar pelo tamanho, e pelo deslocamento, que é cerca de 50% maior, e pela capacidade de tansporte de aeronaves, que é igualmente superior. O São Paulo, conta com duas catapultas para o lançamento de aeronaves, contra uma apenas no Minas gerais. O "novo" porta-aviões, ao serviço da marinha francesa, poderia operar até quarenta aeronaves, contra oito aviões e oito helicópteros no porta-aviões anterior.
Uma análise tão distânciada quanto possível, diz que a marinha do Brasil, parece ter delineado planos, no fim dos anos 90, que incluindo ou não a aquisição do A-12 São Paulo, pareciam implicar alguma alteração na visão estratégica que o país tem para a sua marinha de guerra, e especialmente para a força que se constitui à volta do seu único porta-aviões.
A França, transferiu para o Brasil o FOCH, mas não transferiu, naturalmente nenhuma das aeronaves que utilizava, e cabe portanto ao Brasil, entrar na operação de orta-aviões de ataque convencionais, sem ter experiência anterior na operação deste tipo de navios.
De facto, a Argentina, que utilizou um porta-aviões do tamanho do antigo Minas Gerais, mas que o utilizou como porta-aviões de ataque, equipado com aeronaves de asa fixa (Skyhawk e Super Etendard) tinha mais experiência que o Brasil na utilização deste tipo de equipamento.
De entre as questões que se levantam, à marinha brasileira podemos destacar algumas:
Que tipo de aeronaves vai a marinha utilizar e qual a sua função?
Que sistemas de defesa devem estar presentes no São Paulo para o transformar num navio com valor militar e alguma capacidade de defesa?
Que sistemas electrónicos e de defesa deve o São Paulo dispor no futuro?
A primeira questão, parece estar já préviamente respondida, pois, antes mesmo de adquirir o São Paulo, a marinha brasileira tinha adquirido um lote de cerca de duas dezenas de aeronaves Skyhawk-II compradas ao Koweit, e as quais tinham um reduzido numero de horas de utilização e tinham sido utilizadas no clima seco do deserto, o que implica menor desgaste.
No entanto, os Skyhawk do Koweit, embora perfeitamente adaptáveis para a operação a partir de um porta-aviões, são aeronaves relativamente ultrapassadas. Trata-se de aviões de ataque, que dispõem de capacidade para atacar navios com bombas, mais ou menos como o fizeram há mais de 20 anos os argentinos contra as forças britânicas nas Falkland. Os Skyhawk não têm qualquer capacidade de utilizar armamento inteligente, e o seu radar é um simples radar de navegação.
O Brasil, parece ter adquirido os Skyhawk, unica e exclusivamente para criar a sua aviação naval de asa fixa, dado não ser credível que nos dias de hoje, uma marinha considere a possibilidade de operar numa situação real, uma aeronave relativamente desfasada, ainda que em muito bom estado de conservação.
Portanto, ou a marinha do Brasil, efectua uma modernização do Skyhawk, a qual deverá imploicar a adição de um radar que permita ao Skyhawk efectuar missões de patrulha e defesa, ou então será necessário utilizar outra aeronave.
Que aviões podem ser utilizados a partir do São Paulo?
Vought F-8E Crusader: O avião de superioridade aérea da marinha francesa, substituido pelo Rafale
Esta questão, é a mesma que a marinha da França começou por colocar e que levou essa marinha a retirar o Foch de serviço. Ou seja, o problema é bicudo. O principal avião de combate ar-ar que os franceses utilizavam no Foch, era o já vetusto F-8E Crusader. A aeronave tinha uma velocidade máxima de cerca de 1600 Km/h e um peso, que lhe permitia operar a partir das catapultas do Foch ou do Clemanceau, mas mesmo o F-8, precisou de uma versão especial, para poder aterrar nos porta-aviões franceses, exactamente por causa das dimensões destes. A França, efectuou testes com o F-18 em 1988 a partir do Foch (futuro São Paulo) mas o F-18 demonstrou também ser demasiado grande para operar a partir deste tipo de porta-aviões. A França, acabou por optar pelo Rafalle, mas mesmo essa aeronave, que chegou a efectuar testes no Foch, está ligeiramente acima da capacidade das catapultas do navio.[...]
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Os sistemas de defesa e as armas do São Paulo
A França vendeu ao Brasil o São Paulo com nenhum tipo de arma. Compete assim à marinha brasileira equipar o São Paulo de forma a transformar o porta-aviões num navio com o valor militar que decorre da operação de aeronaves armadas de combate (Skyhawk) mas também com armas que permitam a sua defesa, nomeadamente contra ataques aéreos.
O São Paulo, estava inicialmente equipado (aquando do seu lançamento) com oito canhões Creusot-Loire de 100mm, mas durante os anos 80, os navios foram alterados para receber misseis anti-aéreos Crotale.naval, juntamente com o pequeno sistema de misseis anti-aéreos Matra SADRAL (misseis Mistral). os misseis Crotale(EDIR), tinham emprego multiplo e capacidade para engajarem misseis anti-navio.Os sistemas SADRAL (lançadores sextuplos) tinham uma missão complementar e um alcance ligeiramente inferior.
Neste momento no entanto, para considerar a integração do São Paulo na esquadra brasileira, e para manter o São Paulo ao nível do que se espera venha a ser o padrão, já definido pelo programa ModFrag das fragatas da classe Niteroi, os sistemas de armas que fazem mais sentido no São Paulo parecem ser aqueles que já estão instalados nas Niteroi.
Logo, a solução mais lógica, sería a instalação de dois lançadores octuplos Albatros equipados com o missil ASPIDE-2000 (um em cada bordo do navio), bem assim como dois ou quatro canhões anti-aéreos Bofors Trinity, que têm na marinha do Brasil a função de Sistema de Armas de Defesa Aproximada ou (Close In Weapon System) CIWS.
Estes dois tipos de arma, permitiriam ao navio uma maior capacidade de defesa contra ataques aéreos, e contra ataques provenientes de mísseis anti-navio do tipo do Exocet ou do Harpoon.
Finalmente, e para que este tipo de armamento possa ser utilizado, será necessário substituir os directores de tiro DRBC-32B, por exemplo pelo mesmo equipamento que está utilizado a bordo das fragatas Niterói, o ALENIA RNT-30X.
Os restantes radares, de navegação e os radares 3D DRBI-10 de altimetria para controlo de trafego aéreo, continuam, pelo menos em principio a ter capacidade para fazer aquilo que foram pensados, ou seja, pesquisar a área em torno do São Paulo e gerir e apoiar a aproximação e gestão do trafego de aeronaves em volta do porta-aviões.
A integração destes sistemas onde for possivel, com o sistema de combate que já estava instalado a bordo do Minas Gerais, terá que ser feita de uma forma ou de outra. Ou com o recurso aos actuais radares de pesquisa aérea, ou se necessário, recorrendo a um novo radar de pesquisa aérea.
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A título de conclusão, o São Paulo ainda pode vir a ser um equipamento com elevado valor militar, nomeadamente no cenário da América Latina. A utilização deste navio, juntamente com fragatas da classe Niteroi, e submarinos, permite a constituição de um grupo de combate com capacidade acima do que quer que seja que qualquer país a sul do equador lhe pode opor. No entanto, essas alterações, modernizações e adições não podem esperar muito mais tempo, sob pena de o são Paulo se transformar num elefante branco, por razões politicas.
Também é necessário admitir, por óbvio, que o São Paulo, com a actual estrutura e sem alterações radicais, nunca estará à altura de marinhas do hemisfério norte, mesmo possuindo um navio almirante ocm o tamanho e capacidade do A-12, porque este está equipado com equipamentos que não são de primeira linha.
A possibilidade de alterações politicas a nivel governamental alterarem o posicionamento estratégico da marinha brasileira, pode no entanto ser mais debilitante para o São Paulo que qualquer falta de verbas.
Aguardemos portanto serenamente os desenvolvimentos que seguramente virão.
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