Estudo português: Obama tem vitória praticamente garantidaSe as eleições presidenciais norte-americanas se realizassem hoje, a vitória iria para Barack Obama, indica um estudo efectuado por Carlos Santos, da Universidade Católica do Porto, a cujas conclusões a
Lusa teve hoje acesso.
Este é um dos resultados dos estudos que aquele professor de Economia e Econometria da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica do Porto, vem desenvolvendo ao longo dos últimos três meses, por iniciativa pessoal.
Autor do blogue «O Valor das Ideias» (
http://ovalordasideias.blogspot.com/ ), que se dedica quase em exclusivo à análise e ao acompanhamento das sondagens e do processo eleitoral norte-americano, Carlos Santos projecta também a probabilidade de vitória em cada um dos estados e as várias combinações necessárias a cada candidato para assegurar a vitória nacional.
O investigador disse à
Lusa que o acompanhamento que tem feito do processo eleitoral norte-americano inclui «a realização de estudos de projecção, combinando com procedimentos estatísticos inovadores a informação das múltiplas sondagens realizadas nos Estados Unidos».
Com base nesse apuramento, Carlos Santos conclui e demonstra «que se Obama ganhar» o estado de Virgínia, ou o da Carolina do Norte (probabilidades cada vez mais fortes neste tradicionais bastiões republicanos), McCain fica automaticamente impossibilitado de alcançar a presidência do país.
«A Virgínia não vota nos Democratas desde 1964, com o presidente Lyndon Johnson», sublinhou o investigador, comentando os resultados das semanas mais recentes que mostram sempre Obama à frente de McCain neste estado.
O professor considerou que esta viragem se pode dever a «uma mudança sociológica verificada neste estado e na vizinha Carolina do Norte onde indústrias de ponta junto às cidades mais importantes têm atraído gente mais qualificada».
O mesmo sucede, argumenta, se o candidato democrata ganhar o Estado de Ohio ou a Florida.
Como fundamento para essa conclusão, Carlos Santos adianta o facto de Obama ter correntemente maior probabilidade de vencer qualquer daqueles estados (no Ohio as hipóteses ascendem a 56%, por exemplo) e probabilidades muito altas de vencer noutros estados usualmente importantes, como o Michigan ou a Pensilvânia (onde tem 90% de hipóteses de vencer).
Carlos Santos sublinhou que «o Ohio tem o valor simbólico: é que nunca houve um candidato à presidência vencedor, de qualquer dos dois partidos, que não tivesse ganho este estado».
«Desde há semanas, começa a ser difícil encontrar uma sondagem no Ohio em que Obama não seja o vencedor, nem que seja só por um ponto», acrescentou.
Assente em metodologias de simulação do conjunto do resultado de todos os estados, reflectindo as últimas sondagens, o trabalho de Carlos Santos apenas tem semelhanças com o de Sam Weng, da Universidade de Princeton, e com o de Nate Silver - reputado especialista responsável pelo site de referência
http://www.fivethirtyeight.com/ - mas com diferenças substantivas do ponto de vista da metodologia utilizada.
Na introdução do estudo, Carlos Santos começa por advertir que a análise baseada em simulações do voto no Colégio Eleitoral «não é a forma mais popular de avaliar a probabilidade de vitória de um candidato, sobretudo pelas necessidades maciças de programação».
Apesar dos métodos incorrectos baseados em médias móveis serem mais comuns, os métodos baseados em simulações usam dados reais de sondagens recentes para calibrar o programa, e têm fundamentos sólidos na teoria das probabilidades.
O docente da Universidade Católica, que conduziu mais de 10 mil simulações calibradas com as sondagens disponíveis, estima que Barack Obama venha a obter 310 votos no Colégio Eleitoral, o que significa que, com base nos dados disponíveis (não contando ainda com a evolução decorrente do terceiro debate presidencial, que se realizou na noite de quarta-feira) se as eleições tivessem lugar hoje, Obama venceria com mais 40 votos do Colégio Eleitoral, além dos 270 necessários.
Do ponto de vista estatístico, Carlos Santos assegura que McCain tem diminutas possibilidades de vencer as eleições presidenciais de 4 de Novembro, e conclui que Barack Obama tem seguido uma «estratégia correcta».
Carlos Santos é doutorado em Econometria pela Universidade de Oxford, e tem publicado artigos de opinião na imprensa portuguesa, quer sobre as eleições americanas, quer sobre temas da economia em geral.
Lusa