« Responder #1 em: Fevereiro 18, 2008, 02:58:50 am »
Na Folha de São Paulo de hoje, saiu esse artigo da Eliane Cantanhêde, uma repórter que acompanhou nossos gloriosos emissários governamentais na França e Rússia. Reparem no último parágrafo, o que vocês acham? Já sabemos que quando o grande irmão do norte entra numa disputa comercial é para ganhar. Independente de equipamento francês, russo ou norte-americano, creio que uma disputa envolvendo esses três países trará algum benefício para nossas forças armadas. Mas infelismente temos que lembrar que os lobistas de plantão em Brasília poderão levarão uma bolada numa disputa como essa.
O que vocês acham?
ELIANE CANTANHÊDE
O império contra-ataca
BRASÍLIA - É evidente que os EUA têm mais o que fazer do que prestar atenção ao Brasil. Como, por exemplo, cuidar da eleição presidencial, da ameaça de recessão, da queda do dólar e da enrascada do Iraque, um beco sem saída.
Mas é difícil simplesmente ignorar o Brasil, o gigante emergente da região e bem ao lado da Venezuela de Hugo Chávez. Especialmente quando Brasil e França anunciam uma "aliança estratégica", com a expectativa de quatro encontros Lula-Sarkozy num só ano. Não é trivial.
O alerta piscou em setores dos EUA, que são o maior produtor de equipamentos de defesa e estão vendo seus velhos compradores da América do Sul partindo rumo a outros fornecedores. Chávez aparelhou a Venezuela com o que há de melhor em aviões, rifles e tanques russos. Lula autorizou negociações para parcerias e compras de submarinos, aviões e helicópteros franceses. De quebra, o satélite.
O Brasil tem um programa de satélite de monitoramento aéreo e territorial que envolve somas bilionárias, seja em dólar, seja em euro. No passado, a França forneceu os Cindacta 1, 2 e 3, e os EUA, o Cindacta 4 e o Sivam (o sistema de vigilância da Amazônia). Ambos querem, é claro, pular no novo projeto.
A questão, além de meramente comercial ou militar, é estratégica.
Para os EUA, exportar seus aviões para o Brasil é mais do que ganhar uns trocados, é reforçar a aliança com líder do seu "quintal". Só que não há aliança se um país insiste em manter o controle, e o outro quer independência e tecnologia.
"Os entendimentos com a França aceleraram muito. Eles [os EUA] estão correndo atrás", diz Nélson Jobim (Defesa). Em março, Condoleezza Rice volta ao Brasil para almoçar com Lula, e Jobim vai a Washington, a convite do governo dos EUA, para discutir defesa, armamento, transferência de tecnologia -e respeito mútuo. Que é bom, e todo mundo gosta.
fonte: Folha de São Paulo