as mercadorias não vão ser transportadas a 300km/h nem nada que se pareça. Vão ser transportadas a 100-140km/h como em qualquer linha normal. Aliás, um dos problemas que aquele texto anterior referia era a dificuldade de misturar comboios de mercadorias a 100-140km/h com comboios de alta velocidade a 350km/h.
A outra razão é a questão da ligação à Europa. Não por causa do transporte de passageiros porque, como bem diz, ninguém vai fazer Lisboa - Paris de TGV quando pode apanhar um vôo directo.
Mas sim por causa do transporte de mercadorias: vai ser construída na mesma bitola que o resto da Europa usa e Lisboa - Madrid - Barcelona - Perpignan vai ser, para já, o único caminho possível para comboios de mercadorias entre Portugal e o resto da Europa.
Estimado AC, chegou onde eu queria chegar. Não é necessária uma linha de TGV para levar mercadorias a 140 km hora!
Quanto à quantidade de pessoas que precisam/querem viajar entre Lisboa e Madrid, os estudos da RAVE afirmam que 1,6M/ano de pessoas fazem viagens de longo curso nesse eixo em 2003. Com a opção do TGV, isto tenderá a aumentar.
Conheço relativamente bem o circuito comercial e empresarial entre Lisboa e Madrid e posso dizer que na minha opinião esse valor apontado é um absurdo. Para além de essa ligação vir a reforçar ainda mais a centralidade e importância de Madrid em relação à península e em detrimento de Lisboa.
Já o retorno do investimento que o Estado vai fazer nisto, é sempre díficil dar uma resposta. Além do lucro que o serviço possa dar, há os benefícios que trás para a economia (por exemplo, o turismo). Mas também é dinheiro que poderia ter sido investido noutra coisa.
Não tenho dúvidas que este será um investimento ruinoso para o país. Só irá beneficiar umas poucas empresas de construção civil, irá talvez diminuir umas décimas o desemprego de forma sazonal e pouco mais. A tecnologia é importada.
Estamos a falar de uma obra faraónica de muitos biliões de euros. 7, 8, enfim, há quem fale que os valores poderão chegar aos 15.000 milhões de euros :shock:
. Tendo em consideração como as obras em Portugal têm uma sacana de uma tendência para derraparem, não me admiraria nada.
Agora volto a perguntar: Faz sentido? Quando temos as vias-férreas com as deficiências que temos, e quando temos uma REFER com dívidas (buraco negro!) superior a 4.700 milhões de euros?