Essa história das 10 divisões está sempre a aparecer por aqui, mas penso que a analogia não é correcta:
1) os generais de então, como referem, parcece que não tinham noção dos efectivos necessários para equipar uma divisão, quanto mais 10. Deviam pensar que 1 divisão era igaul a um regimento
Outro aspecto é o das turbinas. Os Tico utilizam 4 turbinas GE LM2500, as VdG utilizam 2 do mesmo modelo. Ou seja, já existe know how para operá-las. Ao contrário, as LCF utilizam turbinas RR, o que implica mais formaçao e uma cadeia logística diferente.
Para mim os dois grandes entraves são o custo de upgrade e de aquisição de armas por um lado e por outro a vontade política.
Quanto ao facto de ser um elefante branco, não havendo pilotos e mecânicos suficientes e com os níveis de prontidão que o Ricardo refere, ter 2 esquadras de F-16 e uma de Alpha Jet é o quê? Como estamos a falar de objectos mais pequenos, talvez sejam rinocerontes brancos
Já que estamos numa de elefantes brancos, deixem-me contar uma história (verídica) de que tomei conhecimento, quando fazia parte do conselho directivo (CD) da minha faculdade em representação dos alunos: num dos átrios da faculdade havia um monstro a ocupar um espaço brutal e a associação de estudantes queria instalar em seu lugar uma mesa de snooker.
Lá fui eu falar com o prof. do CD responsável pelos espaços, apresentei-lhe o projecto e ele não pôs objecções, desde que nós tirássemos o monstro do sítio e nos víssemos livres dele. Aproveitei então para indagar da origem do mesmo e o prof. contou-me que se tratava de um forno eléctico para fundir rocha, destinado ao Departamento de Geologia.
Até aí tudo bem, mas ao contrário do que possam estar a pensar, não se tratava de material velho; estávamos em 94 e o 'bicho' tinha sido adquirido em 88, tinha portanto 6 anos. Então porque estava ali, perguntei eu, e o prof. contou-me que tinha sido adquirido com dinheiro do Estado português, do Banco Mundial e da então CEE (infelizmente ele não me quis dizer o valor do forno, mas calculo que não tenha sido barato). Perguntei-lhe, por fim, porque é que o forno não estava a ser utilizado, visto que era praticamente novo. Resposta: tinha havido e continuava a haver necessidade do forno, mas quando o adquiriram não se aperceberam que não havia nenhuma sala onde ele coubesse e então tinha ficado ali ao abandono.
Enfim, é este o funcionalismo público que temos. Não importa se são burocratas, militares, cientistas ou professores, mas a maioria tem um denominador comum: desrespeito pelos dinheiros públicos e incompetência. E as excepções — que as há bastantes, felizmente — raramente conseguem chegar a cargos com capacidade de decisão, ou então quando conseguem, já passou tanto tempo que estão mais a pensar na reforma que noutra coisa.