Desculpe Miguel, mas você não viu o que estava escrito.
Oa alemães enviaram os canhões franceses para a Fábrica para os converterem para os modificarem.
Fabricaram munição perfurante adequada (e não explosiva como a que nós tinhamos) e colocaram a arma num suporte que permitia a sua utilização como arma anti-tanque.
Nós não tinhamos nada disso.
Não tinhamos capacidade para reforçar o canhão.
Não tinhamos capacidade para produzir um freio de boca
Não tinhamos capacidade para produzir a munição que seria necessária
Não tinhamos uma montagem/suporte que permitisse a utilização da arma na função anti-tanque.
Em suma, a peça de 75mm da Schneider, era uma arma de artilharia para tiro indirecto num suporte com rodas de madeira e pesava 1900kg. pelo que precisava ser rebocada por um tractor, o qual nós ADIVINHE:
Também não tinhamos !
Se tivessemos capacidade para fazer essas coisas todas, teriamos tido capacidade para defrontar carros de combate. Mas teria sido 100 vezes mais barato comprar armas de 37mm.
Ou seja: Se a minha avó não tivesse tido a infelicidade de falecer, ainda hoje seria viva...
Mas há mais:
Da revista de artilharia:
Em 1937, recolhendo ensinamentos do conflito interno na vizinha Espanha e adivinhando o grande conflito na Europa, procede-se a uma profunda reorganização do Exército, cujas linhas mestras ainda hoje perduram. Nessa nova organização o mais saliente é o relevo dado aos serviços gerais do Exército, com diferenciação dos serviços de instrução, das transmissões, dos transportes, da justiça e da manutenção, incluindo, entre outros, o serviço de material de guerra, o serviço de defesa terrestre contra aeronaves e o serviço de aeronáutica.
Na Artilharia eram suprimidas, como unidades independentes, um grupo de artilharia de montanha, dois grupos de artilharia montada e dois grupos de artilharia a cavalo. Um dos Regimentos de Artilharia Ligeira passava a ser automóvel e outro era apetrechado com material de montanha. Os grupos de artilharia pesada seriam transformados em Regimentos, um dos quais para o Norte do País (RAP Nº 2). Criava-se um Grupo de Defesa Móvel de Costa e elevava-se para três o número de Grupos de Artilharia Contra-Aeronaves. Na Guarda cria-se um Grupo Independente de Artilharia de Montanha e no Funchal e Faial são levantadas duas Baterias Independentes de Defesa de Costa, Adestrito ao Regimento de Artilharia de Costa é criado um Centro de Instrução de Artilharia de Costa e na Escola Prática de Artilharia é criado um Centro de Instrução de Artilharia Contra Aeronaves.
Veja, que não se fala no plano, na necessidade de qualquer artilharia anti-tanque. Fala-se na artilharia contra aeronaves, na artilharia de costa, na artilharia ligeira, mas não se refere a necessidade de qualquer artilharia para apoio das unidades de infantaria.
Se tal armamento existisse, provavelmente seria referido.
Uma coisa são os planos, outra coisa são as realidades.
A Finlandia teve na realidade entre 250 a 300 canhões anti-tanque e mais de 1800 espingardas anti-tanque. Nós não tivemos nada disso.
Nós não tivemos nada disso como não tivemos blindados, que durante os anos 30 foram apenas experimentais. E equipamento experimental e em pequeno numero não tem grande utilidade perante uma invasão em larga escala como aquela de que falamos aqui.