Malvinas: guerra foi há 30 anos, mas diferendo continuaHá 30 anos, a 2 de abril de 1982, começou a guerra das Malvinas que opôs a Argentina e o Reino Unido, um diferendo que ainda não está resolvido, com Buenos Aires a reivindicar a soberania das ilhas. O conflito conduziria ao fim da ditadura argentina e levaria a um aumento de popularidade da primeira-ministra britânica de então, Margaret Thatcher.
O ditador argentino Leopoldo Galtieri, que enfrentava uma grave crise económica, enviou uma força anfíbia para ocupar as ilhas na madrugada de 2 de abril. As Malvinas estavam sob domínio britânico desde 1833.
O anúncio do desembarque no arquipélago situado no Atlântico Sul deixou o país eufórico. Estudantes manifestaram-se e uma multidão invadiu a praça central de Buenos Aires.
A junta militar no poder desde 1976, aliada dos Estados Unidos na luta contra a guerrilha na América Central em plena guerra fria, acreditava na neutralidade de Washington de forma a permitir que fosse encontrada uma saída diplomática para a crise com a intervenção da ONU.
Mas, Margaret Thatcher afastou qualquer hipótese de negociação e enviou uma frota para recuperar as ilhas, obrigando Washington a apoiar o seu aliado britânico.
O "relatório Rattenbach", nome do general argentino que conduziu o inquérito para a sua elaboração, considera o conflito "uma aventura militar" sem "preparação nem organização". A atual presidente argentina, Cristina Kirchner, desclassificou recentemente o documento.
"O plano era atacar as ilhas entre 25 de maio e 9 de julho de 1982, mas a agitação social crescente (na Argentina) precipitou as coisas", explicou à agência
France Press o historiador Felipe Pigna.
No Reino Unido, o apoio popular foi para as forças que partiam em defesa da população das ilhas, refém de uma ditadura.
Apanhada de surpresa pela reação britânica e sem "plano B", a junta militar teve de improvisar os preparativos de uma guerra que não previra.
As forças armadas argentinas, especializadas na repressão (o inimigo interno), não estavam preparadas para combater forças profissionais e bem equipadas.
Trinta anos depois, alguns dos soldados argentinos de então apresentaram queixa para que os seus superiores sejam julgados, acusando-os de maus-tratos.
O "General Belgrano", um cruzador argentino do tempo da Segunda Guerra Mundial, foi afundado por um submarino britânico e 323 membros da tripulação morreram.
Thatcher, que deu a ordem, pôs assim fim a qualquer tentativa diplomática encorajada pela junta. A resposta veio da aviação argentina que atacou vários navios britânicos. Mas, o desembarque britânico, na baía de San Carlos, não foi impedido.
Duros combates foram travados em Darwin, Mount Longdon e Tumbledown entre 29 de maio e 13 de junho. O general argentino Benjamin Menendez rendeu-se a 14 junho.
A guerra, que deixou 649 mortos argentinos e 255 britânicos, abriu caminho ao regresso da democracia na Argentina, no ano seguinte, e permitiu a Thatcher aumentar a sua popularidade, ficando como primeira-ministra até 1990.
Lusa